Por exemplo, na cultura a existirem apoios, eles poderiam simplesmente ser proporcionais à bilheiteira
Isso faz com que o material "cultural" desça ao nível da novela da TVI, revista Maria e Malucos do Riso.
Vemos por exemplo nos filmes Canadianos, Brasileiros e Franceses um apoio institucional, público e privado, que faz com que obras sejam lançadas sem terem sido reféns da popularidade e onde uma percentagem grande tem sucesso.
Julgo que a tua ideia criaria um fosso cultural grande, onde de um lado estaria a produção "pimba", apoiada pelo estado e pelo outro lado, uma cultura erudita, criada por quem pode investir em projectos pessoais (historicamente por intelectuais de famílias abastadas) sejam filmes, música ou literatura.
De certa forma seria voltar atrás no tempo... não precisamos de andar muito para trás para ver que nomes da cultura em Portugal vinham do seio de famílias abastadas e podiam-se dar ao luxo de não fazer nada na vida, muitos deles passando por longos momentos de melancolia, como é típico dos artistas.
E mesmo isto em Portugal se pode aplicar a investigadores, estou-me a lembrar agora do caso do Francisco Sarmento, arqueólogo Português, que dedicou a vida à sua paixão com a fortuna dos pais. Comprou os terrenos do castro de Citânia de Briteiros e escavou-os. Este homem tem uma história interessante, era poeta também, cruza-se com Camilo Castelo Branco... foi um dinamizador da cultura Portuguesa.
Não podemos voltar atrás no tempo, tem que haver rigor na distribuição dos apoios. Como não existe, vão-se dando os subsídios aos amigos, e ora agora sou eu júri ora agora és tu. Claro que isto dá numa espécie de incesto de onde a descendência degenera, criando-se autenticas aberrações culturais, como aquela do palhaço do João César Monteiro e "quero que o público Português se foda".