na minha opinião, resumindo: o problema fulcral é a produtividade.
diferenças de produtividade entre países com floating exchange rate equilibram-se naturalmente através da valorização de uma moeda contra a outra.
muito antes de alguma vez termos que o FMI, que o marco alemão subia vs o escudo e sem intervenção nenhuma do banco de portugal.
enquanto as floating rates se mantém o equilíbrio mantém-se pouco mais ou menos.
a economia portuguesa embora com floating exchange atravessou duas crises: a do 25 de abril e a de 83.
nessas alturas foi necessário acelerar o processo. mas a desvalorização vs as economias mais produtivas sempre existiu. sem nenhuma intervenção do BdP ou do governo.
é automático.
o problema surge quando se faz um peg a uma moeda de um país com maior produtividade. como a argentina fez como o peso/USD. rebentaram.
como nós fizemos adoptando o euro. rebentámos.
o processo de ajuste pode ser feito teoricamente por desvalorização interna ou externa.
claramente a desvalorização externa é vastamente superior à desvalorização interna devido aos efeitos da rigidez dos salários e dos preços.
mas a discussão entre desvalorização interna e externa é fútil. porque qualquer das coisas é para remediar uma situação que já rebentou.
e rebentou porque debaixo de fixed exchange, peg, ou moeda única, os países menos produtivos rebentam sem apelo nem agravo.
portanto o problema coloca-se na produtividade.
como aumentá-la estando ou não inserido no euro, ou ter um peg a uma moeda forte ou ter um fixed exchange.
a intervenção estatal tem importância para manter os mercados justos, para evitar situações de monopólio ou abusos de poder etc.
o reverso da medalha também existe, evidentemente. demasiada burocracia, taxação mal desenhada etc etc
digamos que se equilibram um ao outro.
as reais questões da produtividade não estão aí.
é essa a discussão que vale a pena ter.
a da austeridade vs desvalorização externa já passou à história, para mim.
sabe-se como as duas funcionam.
claramente é preferível a desvalorização externa do que a interna.
mas qualquer uma delas são remédios para uma doença pré-existente.
falta de produtividade dentro de uma zona de moeda única.
ou antes: falta de produtividade!
se houver interesse nesta discussão encantado da vida.
ideologização da questão não me interessa.
Z
Mas repara, a equalização da produtividade pela taxa de câmbio acontece não para promover a produtividade dos desgraçados que são forçados a desvalorizar, mas sim para:
* Derreter o seu poder de compra;
* Aumentar a competitividade da sua produção, por pouco produtiva que seja.
Ou seja, a moeda derreter-se não é uma coisa maravilhosa. É sim um sintoma de desgraça. A moeda derreter-se continuamente, é o apocalipse da desgraça.
Sobre a produtividade, já sabes o que a promove. São as pessoas a responder à pergunta que deixei atrás "como é que posso vender mais para me encher de dinheiro?". Os outros factores todos, inovação, skills, etc, são importantes mas só são explorados totalmente em função da resposta a essa pergunta. Por isso é que tens tantos licenciados a queixar-se e a emigrar em Portugal, de resto. Porque há poucas pessoas a contemplar, e a responder, àquela pergunta.
--------
Queres mais produtividade, mais emprego, melhores salários (tudo ligado):
* Facilita de todas as formas que conseguires achar, a obtenção de lucro pelo menos por parte de pequenas e médias empresas. E quando digo "médias" é até coisas a lucrar uma centena de milhões, se for preciso.