Não, estás basicamente a não entender ou a mentir.
Imagina que estás um ano a comprar um carro a crédito. Esse carro custa 10000 EUR e tu ganhas 10000 EUR por ano. As taxas de juro estão a 20%. Pagas 2000 EUR por ano de juros e tens que gastar 20% do teu orçamento a pagá-lo. Só podes gastar 80% do orçamento noutras coisas.
Agora, anos mais tarde, estás novamente a comprar um carro a crédito. Esticas-te e compras um carro por 50000 EUR quando continuas a ganhar 10000 EUR por ano. As taxas de juro que te são cobradas, porém, são 1%. Pagas 500 EUR de juros por ano e tens de gastar 5% do teu orgamento a pagá-lo. Podes gastar 95% do teu orçamento noutras coisas.
SE quisesses, poderias fazer o mesmo esforço do passado (gastar apenas 20% do orçamento noutras coisas), e poderias dedicar 1500 EUR a abater dívida.
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É o que se passa aqui, com a Grécia. Nunca nos últimos 29 anos a Grécia gastou tão pouco a servir a sua dívida! Basicamente, o que a Grécia não quer hoje, é gastar "tão pouco" do seu PIB "em outras coisas" como gastava nos últimos 29 anos.
O pagamento de capital é irrelevante desde que exista a capacidade de refinanciar, que existia no plano da UE -- desde que a Grécia se comprometesse a gastar um pouco menos "em outras coisas", mas ainda assim, MUITO MAIS do que gastava ... nos últimos 29 anos.
Inc, parece-me improvável que a Grécia não esteja a pagar também *amortizações* do principal. Bem, tu sabes isso melhor, mas eu esperaria que a Grécia esteja a pagar amortizações também e não apenas juros. Dizes que é re-financiada, mas isso, em princípio, não deve evitar que esteja, em termos líquidos, a pagar amortizações de volta. Pois, se assim não fosse, como é que tenderiam, ao longo do tempo, a pagar o capital de volta?
Se concordares com o que eu escrevo acima, então uma dívida de um grande montante principal, gera grandes pagamentos de principal, mesmo que os juros sejam só 4% ao ano, e assim já se compreende a afirmação do Lark.