ONG Movimento Europeu diz que Suíça entrou numa "era de regressão"
O desfecho do referendo de domingo na Suíça sobre imigração desrespeita os valores fundamentais do humanismo, liberdade e solidariedade, levando aquele país a "entrar numa era de regressão", considerou hoje a ONG Movimento Europeu Internacional.
O Movimento Europeu, uma organização internacional não-governamental, que visa a promoção da integração europeia, e que tem como secretário-geral o português Diogo Pinto, manifestou hoje a sua "tristeza e preocupação" com a aprovação da "iniciativa populista de reintroduzir cotas de imigração" a cidadãos da União Europeia na Suíça.
"Esta mudança não só prejudica todo o acordo bilateral UE-Suíça, resultado de 20 anos de negociações, mas também a prosperidade económica e social do país como um todo. Brevemente, os cidadãos suíços irão descobrir que foram iludidos por falsas promessas de uma política xenófoba e isolacionista", considerou o movimento.
A organização sublinhou que "a Suíça não pode esperar que os seus bens continuem a fluir livremente para o enorme mercado europeu, ao mesmo tempo que fecha as suas fronteiras aos cidadãos da UE".
No domingo, 50,3 por cento dos suíços aprovaram em referendo uma iniciativa denominada "Contra a Imigração em Massa", proposta pela União Democrática do Centro (UDC), que também restabelece o princípio da preferência pelo trabalhador nacional face ao estrangeiro, que se encontrava abolida para todos os trabalhadores oriundos de algum dos países da União Europeia.
A partir de agora, o número de autorizações emitidas para uma estada de estrangeiros na Suíça é limitado por quotas anuais, com limitações ao reagrupamento familiar, novas regras para benefícios sociais, autorizações de residência.
A iniciativa agora aprovada prevê a revisão nos próximos três anos dos tratados internacionais contrários a estas disposições, uma decisão que afeta, entre outros países, as relações com a União Europeia.
Na Suíça, residem cerca de 250 mil portugueses e lusodescendentes, um número que tem aumentado nos últimos anos devido à crise em Portugal e na União Europeia.