Diplomata russo na ONU demite-se: “Nunca tive tanta vergonha do meu país como em 24 de Fevereiro”
Boris Bondarev critica na carta de demissão a “guerra agressiva desencadeada” na Ucrânia pelo Presidente russo. “Não posso simplesmente continuar a participar nesta ignomínia sangrenta, idiota e absolutamente inútil”.
“É inadmissível o que o meu Governo está a fazer”, afirmou Bondarev, acrescentando que, “como funcionário público” deveria “assumir uma parte da responsabilidade”. “Mas não o quero fazer”, alegou.
O diplomata disse à Reuters que manifestou várias vezes preocupação sobre a invasão. “Foi-me dito para manter a boca fechada a fim de evitar consequências”, afirmou. Bondarev referiu que ainda não recebeu reacção das autoridades russas, mas reconheceu estar preocupado e sublinhou que “nem todos os diplomatas russos são belicistas”. E sugeriu também que o seu caso se torne um exemplo, reconhecendo que não quer deixar Genebra.
Na carta que disse ter enviado para cerca de 40 diplomatas e outros funcionários da ONU em Genebra, afirma que aqueles que conceberam a guerra “querem apenas uma coisa: permanecer no poder para sempre, viver em palácios pomposos de mau gosto, navegar em iates comparáveis em capacidade e custo a toda a Marinha Russa e desfrutar de poder ilimitado e de total impunidade”.
O diplomata critica também o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, que diz ser “uma boa ilustração da degradação” do sistema: “Em 18 anos, passou de um intelectual educado e profissional, por quem muitos colegas tinham grande consideração, para uma pessoa que transmite constantemente declarações conflituosas e ameaça o mundo (Rússia incluída) com armas nucleares!”