O que a obra académica e literária (premiada com Nobel) de Stigiltz diz é que, no geral, a globalização é uma força propulsora de desenvolvimento e da redução das desigualdades internacionais, a tal que o Incognitus falava, no entanto, está a ser corrompida por uma ordem hipócrita, pois, os políticos norte-americanos e europeus que administram o FMI e outros cargos relevantes nos EUA e internacionais, tem promovido uma peculiar divisão do mundo, recomendando para os países em desenvolvimento, políticas económicas rejeitadas nos países desenvolvidos. Para os países avançados, aplicam-se os princípios básicos da macroeconomia keynesiana. Para os países em desenvolvimento, recomendam-se a redução das barreiras tarifárias e o corte de subsídios; para os países desenvolvidos, aceita-se proteccionismo em produtos industriais, como têxteis, e subsídios para a agricultura.
Diz também que, as políticas defendidas pelo FMI para os países em desenvolvimento, quando em crise, não surgem de uma observação e análise das condições económicas, mas de ideologia, isto é, de um sentimento de compromisso com o livre mercado e uma antipatia à acção governamental. Portanto, minimizam o efeito das falhas de mercado e exageram as consequências das falhas de Governo. Para ele, a crença na superioridade do mercado surge em muitos casos como uma forma de religião, válida mesmo nas condições das mais fortes evidências em contrário. A meu ver, é o que temos assistido, ao BCE, à FED, FMI, etc., etc., a atenuar as falhas do mercado, e aplicação do remédio austeridade, com programas tirados a papel químico uns dos outros, independentemente das variações e particularidades das economias "Triocadas", esquecendo-se do objecto inicial que o originou, promover a continuada redução das desigualdades entre as economias e promover o pleno emprego.
Peluto, antes de se ter esse tipo de opiniões ajudaria incrivelmente muito compreender o que é o mercado.
O mercado não é uma entidade abstracta e com existência própria, o mercado são os outros. Coisas como a negação da "crença na superioridade do mercado" significam o mesmo que a negação "crença na superioridade da liberdade dos outros escolherem".
São coisas sem sentido. É dizer-se que cada um poder escolher não é superior à alternativa. É intrinsecamente absurdo. É dizer que alguns escolherem pelos outros é superior aos outros escolherem por si próprios. Se existem falhas na escolha, e elas existem certamente, existirão tanto em cada um poder escolher por si, como em outros escolherem por eles. E serão agravadas porque cada um sabe da sua situação própria, ao passo que um decisor externo tem que decidir sobre circunstâncias que não conhece.
Compreendes isto? Aglomerar tudo em "o mercado" faz com que as pessoas se esqueçam desta realidade básica.
Incognitus, não é a minha opinião, é a opinião de Stigiltz, que, de forma rápida e muitíssimo sintética, coloquei aqui
, agora, que eu, modéstia à parte, assinaria por de baixo, na sua maioria, assinaria. Não se trata de contestar, na integra, a globalização, antes, os comportamentos desviantes da origem e fim dela, que as grandes instituições internacionais, têm promovido (não obrigaram, mas têm promovido, preferencialmente, fora de portas), e é aqui que, estou a 100% de acordo quando dizes que
"Aglomerar tudo em "o mercado" faz com que as pessoas se esqueçam desta realidade básica". .
A tua abordagem e resposta ao meu comentário, sintetiza também, as críticas (negativas) que o trabalho académico de Stigiltz tem sofrido.
Ainda assim, o trabalho dele premiado com um Nobel. Lá está, a globalização pelas bandas da Europa do norte, tem sido aplicada muito mais de acordo com as ideias originais, que noutros sítios.