Lark, tu defendes que o Estado imponha aquilo a todos via uma opção democrática, sim. É o mesmo que defenderes directamente impor aquilo a todos.
e?
A lei por definição é para todos. Não há opting outs da lei de um país.
Queres um país sem lei? ou só as que te convêm pessoalmente ou ideologicamente?
L
Não, não se trata de querer um país sem lei. E sim de querer um país sem uma lei cujo objectivo seja beneficiar grupos específicos de pessoas e prejudicar outros. Lei essa que não tem nada de necessário ou ético.
Sobre ser ou não possível o opting out -- depende perfeitamente do que se está a falar e do desenho da lei. Não existe qualquer problema em qualquer sistema, materializado em leis, ter opting out para muito daquilo que regula. A tua ideia é centrada de tal forma em obrigar os outros a algo que pensas desejável, que pareces não ver isso. Por exemplo, é perfeitamente possível ter um sistema de segurança social com opting out. O opting out tem porém que ser muito bem desenhado para evitar a selecção adversa. Idem para um sistema de saúde.
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Já agora, isso de "só as que te convêm pessoalmente ou ideologicamente" também é absurdo
e geralmente só se aplica à tua forma de pensar. Para muitas coisas, especialmente as que tendem a ser discutidas aqui, é perfeitamente possível ter várias alternativas em concorrência e a opção por cada uma delas ser do indivíduo, logo os que têm uma ideologia mais colectivista podem perfeitamente todos optar pela sua solução mais colectivista.
O que isso expõe é um problema interessante -- para os colectivistas, é impensável partilhar uma nação com opções individualistas. Ou seja, o centro da sua ideologia não é ter pessoas que partilham as suas opções a optarem da mesma forma.
O centro da sua ideologia está TODO em obrigar precisamente quem NÃO partilha da sua ideologia a ser obrigado a partilhá-la.
Sem esse pormenor, não existiriam estes debates. A questão de um colectivista não é entre escola pública e privada, ou hospitais públicos e privados, ou mais ou menos solidariedade -- porque isso uma visão liberal dar-lhe-ia a possibilidade de escolher os compromissos que mais desejassem, para si e para quem pensa de igual forma. A questão de um colectivista é IMPEDIR que os outros possam escolher de forma diferente.
Pensa nisso.
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Dito de outra forma, quando pensas "a lei é para todos", nem sequer pensas em desenhá-la de forma a que seja mesmo para todos. Pensas em algo que achas desejável (e que seria partilhado por quem pensasse igual de qualquer forma) e queres uma lei que imponha isso a todos, em vez de pensares na possibilidade de uma lei que implemente isso entre quem partilha essa opinião, e implemente outra coisa qualquer para quem não a partilhar.
Uma salvaguarda, regra geral para tudo isto tem que existir muito pensamento quanto à possibilidade de selecção adversa. Ou seja, não podes ter alguém DEPOIS DE RICO a optar por menos impostos. Ou alguém DEPOIS DE POBRE a optar por maior redistribuição.