Pantani
Em 2003, apesar de todas as "provas" apresentadas contra o Iraque eu tinha a certeza que a informação não era verdadeira, que o Iraque não tinha verdadeiras armas de destruição em massa, muito menos de atingir Londres em 45 minutos com base num simples raciocínio; se os EUA acreditassem nisso simplesmente não se atreveriam a atacar o Iraque. E no entanto o Collin Powell atreveu-se a ir à ONU, com transmissão para todo o mundo, apresentar provas de armas que nunca se vieram a encontrar. Com tantos peritos, civis e militares, a comentarem o assunto e ninguém foi capaz de fazer um raciocínio tão básico. Atualmente quem mais se mantiver atualizado sobre o que se passa no mundo através da comunicação social de referência menos conhecerá a realidade pois estará simplesmente a consumir desinformação.
Claro que os russos também são alimentados pela sua própria desinformação, aos habitantes das zonas controladas pelo Estado Islâmico acontece-lhes a mesma coisa e no Ocidente não é diferente apesar de existir mais liberdade e possibilidades de se informar.
Eu ultimamente nem costumo participar muito no fórum, mas já estou farto de ver gente que só deve ver os canais de propaganda do Putin (aquela do armazém de químicos denunciou-o) andar por aí a espalhar mentiras, como é o caso deste excerto. Faço questão de intervir para esclarecer quem era novo nesta altura ou já não se lembra bem.
Sendo um facto que a guerra avançou com base em premissas falsas e que as provas não o eram, é uma mentira completa que os políticos e imprensa ocidental a aceitaram acriticamente. Aliás nem a ONU, que não sancionou a ofensiva. A Europa em peso opôs-se, com excepção de alguns governos de direita (Barroso, Aznar) e do Reino Unido. Eu próprio participei cá em marchas de proteste, pelo mesmo raciocínio que o amsf alega ter sido único a fazer (!). Mesmo nos EUA e no RU houveram imensos protestos, é só googlar:
https://www.youtube.com/watch?v=0-DFkJdsqr8https://www.youtube.com/watch?v=16BtpSCufU0https://www.youtube.com/watch?v=U18LbQAyQe0Aliás muitos dos nacionalistas americanos que agora apoiam Trump e apelidam a Clinton de belicista na altura eram provavelmente críticos da Europa, e gozavam com os franceses por serem uns "surrender monkeys". Quem não se lembra das freedom fries?
Mais provas? Discurso do Dominique de Villepin contra a guerra no Iraque
https://www.youtube.com/watch?v=zb_D1FCmDTgÉ que, ao contrário do que os apaniguados do Putin querem fazer crer, uma ditadura não é igual a uma democracia. Na Europa e nos EUA felizmente ainda há democracia, e as pessoas tinham opiniões diferentes. De um modo geral a malta mais à direita era mais pró-guerra, a malta mais à esquerda era contra. E tanto o Labour britânico como os Republicanos estiveram afastados do poder durante bastante tempo, no seguimento da guerra, quando a dimensão das asneira se tornou óbvia.
Outro mito que gente da laia do amsf quer difundir: que a imprensa dita mainstream é toda igual, e portanto mais vale ouvir só os sites de propaganda. Os jornalistas podem ser + ou- competentes, ter os seus enviesamentos (em Portugal a maioria está muito à esquerda, como se costuma referir aqui no fórum), mas felizmente há uma multiplicidades de fontes que exprimem diversos pontos de vista, e quem quiser informar-se a sério pode cruzar a informação de várias fontes, no contexto da política editorial de cada uma, para ter uma ideia mais aproximada da realidade.
Ao passo que numa Russia ou Venezuela, eles dizem o que homem-forte lá do sítio manda dizer, caso contrário são despedidos (ou pior).
Era como se eu dissesse: os jornalistas desportivas não são 100% isentos, portanto a partir de agora só vou ler o jornal do Benfica! See the problem?
Em resumo, caro "amsf": não andamos todos puxados pela trela do dono como tu, a repetir o que nos mandam repetir. Portanto vai tentar reescrever a história para outro lado, e leva a tua propaganda contigo.