A minha mãe vive em Agualva, em frente a um supermercado, e uma vez por semana vou lá a casa para levar mercearia e produtos farmacêuticos. De há duas semanas para cá, noto um acréscimo de movimento na rua, de carros e pessoas. Hoje parecia um dia perfeitamente normal, pré-estado de emergência. Estas são pessoas idosas, jovens desocupados e trabalhadores qu usam o comboio (vão e vêm para o comboio a pé). Vêm-se grupos à conversa, alguns idosos, alguns de máscara.Se não houver um surto valente por aqui...
As próximas duas semanas vão ser muito importantes para avaliar a disseminação do vírus no pós-confinamento. O meu palpite é que não vai haver aumento do nº de casos. A curva de propagação estará a seguir uma gaussiana com um pico aplanado. Para a forma da curva terá contribuido o facto de o vírus ter chegado a Portugal mais tarde do que noutros países europeus (comunidade chinesa menor, ao contrário do norte de Itália, que transbordou para os países vizinhos e Espanha) e, por essa via, as medidas de lock-down,adoptadas em simultâneo com outros países europeus, terão sido mais efectivas por cá. Por outro lado, poderá haver evidências de que a entrada na Primavera poderá contribuir para que não haja um rebound do número de casos nas próximas semanas, mesmo com o levantamento do lock-down. No hemisfério sul estão no outono, o que são más notícias. No hemisfério norte, a haver 2ª vaga (penso que será o mais provável) ela deverá começar lá para setembro/outubro, coincidindo com a época da gripe. esperemos que até lá a comunidade não se esqueça das regras de higiene e distanciamento social que fomos obrigados a adoptar nestas últimas semanas.