Que portugueses eram esses? Algumas facções da nobreza?
Bom, há dois Filipes II: o imaginado e o real. O primeiro, esperam, vai trazer um governo estável, justiça, quase como se fosse um Filipe II messiânico, com uma aura sebastianista. O segundo, o verdadeiro, faz uma aliança com as elites territoriais e, digamos, “ressenhorializa” Portugal.
Como é que faz isso?
Com um pacto informal estruturado nas Cortes de Tomar – nele Filipe II diz que vai ser rei de Portugal mas que o governo do país vai depender dos nobres que o aceitarem. É um período dourado para a fidalguia portuguesa.
E em que é que se nota essa aparente autonomia que o rei concede à nobreza?
Nota-se, por exemplo, num importante órgão que funda para o aconselhar nas questões portuguesas – o Conselho de Portugal. Como o rei está ausente, compromete-se a que haja sempre um grupo de portugueses na sua corte para o assessorarem nos assuntos que dizem respeito a Portugal. Este conselho é a memória de Portugal, um país que, com Filipe, é o de um rei ausente. Esse conselho está dominado por fidalgos portugueses – a Casa de Bragança está muitíssimo presente.