Eu, por acaso, ['por acaso', bem entendido, forma de expressão,
talvez apenas vincando que é assim como vai ser dito, mas poderia
ser de outro modo, se isso nos tivesse sido ensinado de outra maneira],
em matéria de mortos, funerais, enterros, faço questão de pôr luto, luto
que sinalize respeito, dor, pena, pelo falecido e sua família. Noto, porém,
que por cá, em Lisboa, os familiares 'fazem questão' de ir ao enterro e à missa,
vestidos tal qual como estão, sem nenhuma exibição de luto! O que eu sinto, acho,
e penso, é que é uma grande falta de cuidado, respeito, de dignidade inclusive por si
próprios, estar presente, publicamente, nesses actos sem exibição, no mínimo discreta,
de pesar pela morte lamentável daquele que partiu desta vida. Não sinto só apenas isso.
Sinto que sou superior, e que nós no Porto, e os que são como nós somos neste modo de
dizer a dor, somos superiores aos que não têm a maior das competências que é a de saberem
situar-se na condição em que estão. [De modo que este é o contraponto que devo enfatizar
acerca da 'relatividade' da expressão 'por acaso', pois que, não por acaso, acho mal, medíocre,
plebeu, não usar o luto em cerimónia fúnebre. Posso acrescentar que, quando o meu Pai morreu,
- tinha eu 29 anos -, andei de luto seis meses e de luto 'aliviado' cinzento, outros seis a perfazer um ano.]