O que me disseram no banco é que esses resultados foram o registar das imparidades do credito à habitaçao e às empresas de construçao. Eu tou de facto preocupado com a AM. Mas tou mais preocupado que esta estoria crie panico nos depositantes da caixa economica
E disseram muito bem. Se o negócio do Montepio era quase exclusivamente relacionado com imobiliário (crédito à habitação e à construção), as "imparidades" (podemos chamar-lhes "perdas", que pode não ser tecnicamente correcto, mas na prática é isso que são) tinham que ser registadas sobre esses empréstimos concedidos.
"Imparidade" é uma designação técnica (e correcta), mas para quem não está familiarizado com o termo, pode simplificar e pensar em "perda". Faz-me lembrar outro nome que se tornou popular com o Ricardo Salgado: "liberalidade"! Consigo imaginar-me a dizer à minha mulher: "Está a chegar o aniversário do nosso filho. Que liberalidade lhe vamos oferecer?". Ou mesmo as cartas das crianças para o Pai Natal, repletas de liberalidades...
Ou ainda uma (hipotética) nota que o Salgado enviaria ao Guilherme a agradecer os 14 milhões de euros: "Amigo Zé, muito obrigado pela liberalidade. É muita generosidade da tua parte. Não era preciso, foram apenas conselhos de amigo."
Eu prefiro deixar "imparidades" (edit) e "liberalidades" para os advogados e contabilistas. Perdas ou prejuízos e prendas ou presentes, podem não ser tecnicamente correctas, mas toda a gente sabe o que significam...
Também disseram provavelmente que a Associação Mutualista "deu lucro" em 2014 e que pagou 3% na maior parte da modalidades mutualistas. E não estavam a mentir. Não era informação completa, mas não era falsa. Se a AM "deu lucro" numa
base individual (ou seja, ignorando os resultados do capital que aplicou no banco), em
termos consolidados (incluindo todos os negócios em que participa) os resultados terão de ser muito negativos. Mas ao contrário do que seria de esperar, publicou as contas individuais (com lucro), mas (creio que) não publicou ainda as contas consolidadas (que apresentarão(?) um prejuízo próximo de 180/200 milhões).
Pânico dos depositantes? O problema não é o pânico dos depositantes. O problema é o pânico dos mutualistas. Esses sim, têm o risco. Sem o saberem.