A coligação não falhou completamente, pelo contrário. O que foi uma verdadeira desgraça foram os governos prévios, na maior parte do tempo socialistas.
A coligação entrou em governação num período extraordinariamente difícil.
Tiveram que ser eles a decretar quase toda a austeridade (o PS Socrático poderia ter ficado mais uns meses a torrar antes deles terem entrado).
Onde poderiam ter ido mais longe:
-na maior redução inicial dos custos do trabalho, permitindo uma menor subida do desemprego. Mas lembram-se da manifestações quando quiseram mexer na TSU?
-numa maior reorganização do estado (fecho de fundações e institutos, privatização de metro e carris mais precoce, mais forte renegociação de PPPs, mais precoce intervenção nalguns bancos).
-na reforma no sistema de pensões.
Apesar de tudo, houve uma enorme melhoria das contas externas e algum (insuficiente) controlo do défice público. O país está a crescer alguma coisa (a espiral recessiva não se confirmou).
E, ao contrário do que se afirma, a governação não se esqueceu dos mais vulneráveis. Nesse aspecto não se comparou à Grécia. O SNS foi preservado na sua quase totalidade (apesar de pequenas brechas e dos correspondentes casos mediáticos). As taxas de mortalidade não pioraram. As prestações mínimas foram relativamente mantidas. E, para uma crise da dimensão que tivemos, a subida da % de pobreza não foi muito acentuada e deveu-se principalmente ao aumento do desemprego.
Faltou alguma atenção aos desempregados (mas o ideal teria sido reduzir os custos do trabalho para que tivesse subido menos, isto é, dividir os custos por todos os trabalhadores em vez de muitos terem perdido tudo) e principalmente à pobreza infantil (mas as crianças não votam. O Costa também se preocupa mais com os reformados com boas pensões e com o IVA dos restaurantes...)