Isso que referes das comunidades nórdicas nos EUA é interessante, parece indicar que a questão das desigualdades tem uma grande componente cultural. Sendo assim é necessário introduzir a educação para a cidadania nas escolas, onde esteja incluída a sensibilização para as desigualdades. No fundo educar as pessoas desde crianças a não tolerar as desigualdades. Julgo que é consensual que as desigualdades nas sociedades são nefastas.
Quanto às transferências directas, elas terão de ser usadas enquanto a sociedade não estiver sensibilizada, durante o tempo que demora a educar uma geração, pois uma vez estando serão as próprias pessoas, de forma voluntária, a querer eliminar as desigualdades que vêm à volta. Sentir-se-ão melhor numa sociedade mais igual, hoje é um bocado ao contrário, os desventurados, os que ficam para trás por uma qualquer razão, são olhados como preguiçosos.
Na Holanda o nível de transferências directas é de tal ordem, que uma empregada doméstica tem um rendimento equivalente ao de um juiz. O juiz tem um vencimento superior mas depois a empregada tem um conjunto de benefícios do estado que somados ao salário iguala o vencimento do juiz. O juiz tem de pagar por aquilo que a empregada recebe gratuitamente. E isso tem uma grande vantagem, faz com que não haja vassalagem, são todos considerados iguais, a empregada, querendo, pode adquirir um automóvel igual ao do juiz e viver numa casa igual à do juiz.