Eu disse que depois de 1990 a evolução foi sólida.
Coloquei o gráfico at+e 1990 porque era o periodo do Pinochet, e no Chile democrático alternaram vários quadrantes políticos.
O Pinochet inverteu a deriva colectivista do Allende mas as medidas liberais à la Friedman foram um fracasso. As reformas iniciais tiveram de ser invertidas e o monetarismo levou à crise de 82.
Provavelmente os presidentes democratas cristãos socialistas (e os outros possivelmente também) sentir-se-iam insultados se lhes dissesem que eram os herdeiros económicos do Pinochet.
Depois das coisas terem recuperado da crise 82-84 e Pinochet rejeitado no plebiscito de 88, o ultimo governo de Pinochet na ânsia de eleger o candidato do regime nas eleições de 90 enveredou por uma politica de despesismo distribuindo benesses. O governo do 1º presidente pos ditadura (Alwyn democrata cristão) herdou uma economia com 30% de inflação e importações a aumentar 30% / ano. O novo governo cujo lema acho que era "crescimento e igualdade", teve um desempenho notável criando programas de apoio social, aumentando despesas na educação e saúde na ordem dos 30-40% e mesmo assim conseguindo taxas de crescimento superiores ás da era Pinochet, conseguindo superavit orçamenta e reduzindo dívida de 47 para 29% do PIB. Assacar esse mérito ao Pinochet é de bradar ao céus.
Possivelmente onde se pode encontrar algum mérito no Pinochet, é na Constituição do Chile ( e ter aceite resultado do plebiscito) que apesar de concebida sob um regime ditatorial não é extremista e é compatível com a democracia. Na parte económica o mérito vai para os regimes democráticos pos-Pinochet (e já passaram pelo governo democratas cristão (sociais democratas) conservadores liberais e socialistas).
Em primeiro lugar, se é para ser rigoroso, os tais boys de chicago chegaram em 1975. Portanto começa a ver as coisas em 1975 e facilmente vês no meu gráfico que o Chile bateu, por larga margem, a america latina nesse período.
(e também achar que em 1991 já nada tem a ver com Pinochet é o mesmo que dizer que a partir de 2015 é tudo obra do Costa ou que em 2010 é tudo obra do passos coelho, esquecendo as fundações que vieram detrás).
Em segundo lugar, o Pinochet herdou uma inflação tremenda, agravada com o golpe de estado (como era de esperar quando uma economia colapsa), tendo sido este o primeiro ponto a ser resolvido. Se foi por obra dos chicago boys, não sei, mas ou é para tudo ou não é para nada.
Em terceiro lugar, uma economia liberal funciona de baixo para cima. Começa na pessoa, no conjunto de milhares, milhões de pessoas e das suas interações, sendo a economia o resultado dessa soma. É absurdo pensar que um regime militar, cujo funcionamento obedece a uma cadeia de comando, de cima para baixo, é compatível com uma economia liberal.
Em quarto lugar não consigo perceber como é que se associa Pinochet a liberalismo quando foi um indivíduo que proibiu o associativismo sindical, manteve a Codelco pública e, o pior de todos, salvou bancos, três coisas das mais mais anti liberais que se podem imaginar (para não falar da parte política com um regime ditatorial). Continuar a dizer,
ad nauseam, que o Chile foi um laboratório do liberalismo é absurdo. Eventualmente até podem dizer que foi uma experiência do monetarismo e, mesmo isso, é questionável porque na primeira crise nacionalizaram bancos, coisa que jamais seria possível.
Finalmente, e para concluir, se alguém quiser falar do Pinochet do ponto de vista meramente económico, então só há uma via possível, de forma a manter alguma isenção: é comparar o período da ditadura pinochet com outras ditaduras idênticas, sejam elas de esquerda ou de direita.
É bastante incómodo anda a falar-se em liberdade (económica) e surgir, constantemente, um exemplo de uma ditadura, como se isso fosse, remotamente, parecido. Se querem analisar o liberalismo basta irem ao índice de liberdade económica e verem, preto no branco, quem são esses países. Constata-se facilmente que quanto menos socialista/colectivista for um país, maior o seu desenvolvimento.