Se há tanto dinheiro assim, qual é o problema?
O problema é que não há tanto dinheiro assim.
O Governo transmitiu essa ideia porque tem de a transmitir para que as pessoas pensem que
fez melhor trabalho do que outro Governo e assim obter mais votos nas próximas eleições.
O trabalho que o Governo fez foi diferente de outro Governo.
Se foi (ou é) melhor ou pior depende do juízo de cada um.
Quanto ao dinheiro em si, interessa umas contas muito simples:
1.) O Estado continua com défice nas contas?
- Sim, continua com défice. Com menos défice do que estava mas ainda com défice.
2.) Com défice nas contas a dívida do Estado aumenta?
- Sim, a dívida do Estado aumenta, mas a uma velocidade menor porque o défice desceu...
3.) Quando é que a dívida do Estado deixa de aumentar?
- Quando o Estado tiver superavit nas contas e iniciar a amortização da dívida.
4.) Quando é que se considera que "haverá mais dinheiro para deixar de haver problema"?
- Quando a dívida atingir os 60% do PIB e o Estado continuar com superavit nas contas.
5.) Quando é que o ponto 4.) ocorrerá?
- Nenhum governo consegue responder à questão. São muitas as variáveis, internas e externas. Estimam-se em várias décadas...
6.) Então porquê a pressa dos funcionários públicos?
- Os funcionários públicos como os trabalhadores privados olham para o seu umbigo e marimbam-se para o estado das contas do Estado e da Nação.
7.) Quem deve zelar então para o estado das contas do Estado e da Nação?
- Devem ser os Governos com toda a impopularidade que isso significa para as eleições...
8.) O que acontece se os Governos não zelarem pelo estado das contas do Estado e da Nação?
- Na pior das hipóteses os países e instituições deixam de 'emprestar' a Portugal (leilões de dívida pública nos 'mercados').
9.) E então, qual o problema do ponto 8.) ?
- O Estado ficava em insolvência prática e o Orçamento caia para os valores da receita fiscal.
10.) E então, qual o problema do ponto 9.) ?
- Os funcionários públicos teriam de se contentar com vencimentos e reformas substancialmente mais baixos do que a actualidade...
11.) E então, qual o problema do ponto 10.) ?
- É perguntar aos funcionários públicos... Os privados que vendem para o Estado também sofriam com eventual quebra de vendas...
O desemprego também aumentava nos privados...
12.) E então, qual o problema do ponto 11.) ?
- No cenário mais catastrófico haveria uma guerra civil entre funcionários públicos e trabalhadores privados...
13.) E então, qual o problema do ponto 12.) ?
- Além de morrerem pessoas, os funcionários públicos e familiares, porque em vantagem numérica, venciam a guerra civil
e liquidavam os trabalhadores privados...
14.) E então, qual o problema do ponto 13.) ?
- Portugal ficaria uma Nação só de funcionários públicos...
15.) E então qual o problema do ponto 14.) ?
- Os funcionários públicos liquidavam-se a sí próprios porque não tinham trabalhadores do privado para colectar impostos
e pagar os seus vencimentos e as suas reformas, as suas contas...
16.) E então qual o problema do ponto 15.) ?
- Os funcionários públicos não querem liquidar-se a si próprios...
Eu também pensava assim como tu, infelizmente há vários problemas nessa lógica.
1º Os privados pura e simplesmente não fazem nada para contrariar os sucessivos aumentos de impostos dos últimos 40 anos. Então é porque ainda não chega bem a dentro. Vejo menos manifestações hoje contra o preço da gasolina do que quando o petróleo estava a 100$.
Então os impostos não são um problema.
2º O que estás a dizer é que um dia no futuro não sabe bem quando, iremos outra vez à falência. Entretanto desde Abril de 2011, já passaram quase 8 anos, e muitos "grupos" e "sectores" da função pública já recuperaram tudo e um par de botas do que perderam.
Outros perderam quase nada com a falência do seu patrão. Por isso a questão é:
Porque raio estão a pedir aos enfermeiros para continuar a receber menos do que os outros (como receberam durante decadas, quando tiraram um curso superior igual aos professores..) ?
Se já acabou a austeridade e o país/estado é para as pessoas e não para os números, porque não aumentar e dar tudo o que os enfermeiros pedem?
Porque não serem eles até à próxima falência receberem mais que professores/médicos/militares, etc. ? Como no passado era o contrário, já chega de "serem sempre os mesmos".
Acho muito bem que paralisem tudo e todos em busca de serem favorecidos. Sacrificarem-se pelo país como no passado não lhes deu rigorosamente nada.
E se estamos tão bem financeiramente como diz o governo e temos o ronaldo das finanças, QUAL É O PROBLEMA??