Não vejo aqui, em 2008, nenhum filme do Manoel de Oliveira. Nem sequer consigo ver o dinheiro do apoio de cada filme, só diz, por exemplo, que 600 K são o apoio máximo por projecto, que 80% dos custos totais do projecto é o máximo da percentagem de apoio, e que têm 3600 K para apoios anuais totais a longas metragens. Gostava de saber onde foste buscar essa informação.
Nos muitos apoios ao cinema a secção "rainha" era, e continua a ser, a das longa metragens. O Manoel de Oliveira tinha lugar cativo naquilo.
O tema Manoel de Oliveira é muito antigo no forum por isso é que disse os valores de cor. Eram 500K, depois passou para 600K e mais tarde 700K.
Agora não sei quanto é mas será 600K ou 700K para cada um que seja aprovado para receber o subsídio.
Isso que estás a ver é o ano de produção. Tens de ver a estreia e tentar estimar quando foi a produção. Se foi estreado em 2008 é quase certo que não foi produzido em 2008.
Nós viamos os subsídios no antigo site do ICA (até tinha um nome diferente no governo anterior). Entretanto mudaram o site e parece que já só se conseguem ver os apoios de 2014 para cá.
Para o MO já não serve. Tens de ir lá pelas notícias de jornais.
Por exemplo o estranho caso de Angélica teve 700K de subsidio. Cá foi visto por 2921 espectadores. Cada bilhete custou aos contribuintes portugueses 239€.
Isto não é novidade para ninguém, pelo menos para os mais antigos no forum. Era sabido que o MO não fazia filmes para ter audiências, nem precisava porque tinha o subsídio. Uma vez alguém até meteu uma lista dos 30 ou 40 filmes portugueses mais vistos de sempre em Portugal e não havia nenhum filme dele.
O subsídio era uma espécie de renda anual.
Mas então tu achas que a arte, seja ela uma pintura, uma escultura, um filme, uma música ou um livro, deve ser feito para a percepção que o artista tem do gosto do maior púbico possível, em vez de transmitir a ideia que ele quer transmitir, em vez de representar o seu próprio gosto? Isso faz sentido para ti? Vamos por de parte agora questões de financiamento.
Quanto a esses valores, eu não encontrei em lado nenhum mas tudo bem. Admitamos esse filme, o Estranho Caso de Angélica, que foi orçamentado em 2,5 milhões de euros, ou seja, o apoio público representou 28% de quanto custou o filme. Acho tonto dizeres que ele fazia filmes pelo subsídio. Ainda para mais, com esse filme Portugal tinha um filme a representar o país no festival de Cannes, o principal da Europa. Eu acredito que tu desvalorizes isso totalmente, mas eu não, tal como muita gente sim e muita gente não. Concordo que as pessoas se deviam informar melhor sobre onde o dinheiro público é gasto, mas é tanta coisa que as pessoas apenas votam em "apoiar ou não a cultura", destrinçar todas as coisas em que o Estado gasta dinheiro é incomportável ao cidadão comum e por isso é que o voto é feito em ideias. E após toda esta discussão já percebemos que eu acho que os meus impostos, e os de todos, com a devida progressividade, devem apoiar a cultura nacional, e tu achas que não. A única coisa a fazer é votar em consonância, lamento. Vir dizer que o Manoel de Oliveira vivia dos subsídios seria verdade se os filmes fossem 70% ou 80% financiados pelo Estado, mas não é verdade e o público dele é global, e não apenas nacional, e isso é bom para a imagem do país, para além de dizer que teve 2000 e tal visualizares é uma não-verdade. Há muito dinheiro mal gasto no Estado, mas não considero que este seja um desses casos.