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Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3507563 vezes)

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #18320 em: 2019-04-05 08:34:25 »
« Última modificação: 2019-04-05 08:34:45 por Automek »

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Re: Portugal falido
« Responder #18321 em: 2019-04-05 09:03:49 »
Isto é inacreditável. É tudo tão complexo que até temos de ter uma DGAEP - Direção-Geral da Administração e do Emprego Público.

Citar
Pelo menos 18 funcionários do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estão a ser obrigados a devolver os salários que receberam, uma vez que a Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) considera que houve um erro na posição salarial e que, por isso, os trabalhadores foram pagos indevidamente, noticia o jornal Público.

A situação diz respeito a salários que foram pagos entre 2013 e 2018, onde persistiu um erro na posição remuneratória, no âmbito da mobilidade intercarreiras para lugares de técnicos superiores. Segundo o mesmo jornal, os trabalhadores receberam 1201,48 euros mensais, ao invés de 999,95 euros. Alguns funcionários terão de devolver 17.301 euros, um valor que corresponde a salários recebidos durante seis anos. Há também um caso de uma psicóloga do INEM que terá de devolver cerca de 40 mil euros.

A situação foi detetada em abril, quando a direção dos recursos humanos do INEM solicitou um parecer à DGAEP sobre os pedidos de consolidação das carreiras. A direção-geral acabou por detetar o erro e definiu que os funcionários teriam de devolver o valor que receberam a mais.
https://observador.pt/2019/04/05/funcionarios-do-inem-obrigados-a-devolver-salarios-devido-a-erro-na-posicao-remuneratoria/
Isto quer dizer que esses funcionários têm o antigo bacharelato e estavam a receber como se tivessem licenciatura.
Só é incrível como demoram tanto tempo a verificar esta situação e os próprios serviços do INEM não saberem isso.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #18322 em: 2019-04-05 09:08:57 »
6 anos para detectar, segundo a notícia..... se for verdade, devia levar ao despedimento de alguém.
Estou a imaginar o que é uma pessoa ter de devolver, de repente, mais de um ano de salário por erro de processamento dos serviços.

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Re: Portugal falido
« Responder #18323 em: 2019-04-05 09:10:15 »
Concordo. Eu não sou de recursos humanos e sei esta regra básica.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

JohnyRobaz

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Re: Portugal falido
« Responder #18324 em: 2019-04-05 09:26:02 »
Somos todos privados

Está um bom texto, por acaso gostei de ler. É uma visão que fazia falta em Portugal e poderá ajudar a equilibrar o espectro, e isso só de si é positivo. Mas há aí coisas ditas que não sei se são verdade:

"...Tanto num caso como noutro, se os rendimentos dependerem do número de beneficiários do serviço (alunos, pacientes…) a possibilidade de os perder dá um forte incentivo a aumentar a qualidade do serviço. Por isso é que uma consulta que num hospital público demora meses a obter, se pode marcar num hospital privado no espaço de dias."

Não será antes porque a quantidade de pessoas que vai ao público é muito maior?

Quanto aos privados terem apenas lá a trabalhar as pessoas mais eficientes, também sabemos que não é bem assim, e que a "cunha" é o que manda mais em Portugal, e não o mérito, mesmo nos privados.

Dito isto, mil vezes as Iniciativas Liberais que Andrés Venturas.

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #18325 em: 2019-04-05 09:39:25 »
"...Tanto num caso como noutro, se os rendimentos dependerem do número de beneficiários do serviço (alunos, pacientes…) a possibilidade de os perder dá um forte incentivo a aumentar a qualidade do serviço. Por isso é que uma consulta que num hospital público demora meses a obter, se pode marcar num hospital privado no espaço de dias."

Não será antes porque a quantidade de pessoas que vai ao público é muito maior?
Bem, qualquer estrutura deve adaptar-se ao número de clientes. Se o hospital da Luz tivesse uma duplicação do afluxo teria um incentivo para duplicar a oferta (o que equivale a mais lucro) e não para acumular esse fluxo em listas de espera (ainda que tal pudesse acontecer no curto prazo, obviamente).

Quanto aos privados terem apenas lá a trabalhar as pessoas mais eficientes, também sabemos que não é bem assim, e que a "cunha" é o que manda mais em Portugal, e não o mérito, mesmo nos privados.
Posso estar enganado mas não acho que ele esteja a dizer que são mais eficientes por selecção natural (publico maus, privados bons), mas sim devido aos estímulos (melhor gestão, melhores processos, chefias mais competentes, melhor reconhecimento do trabalho, poder ser despedido, etc.). Aliás, há muita gente no privado que trabalha no público. São as mesmas pessoas.

vbm

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Re: Portugal falido
« Responder #18326 em: 2019-04-05 10:22:39 »
Bem, qualquer estrutura deve adaptar-se ao número de clientes. [ ]

Os monopolistas não o fazem.
Vedam a entrada no sector.
Impõe preço bem acima
do custo. São rentistas
impunes.

O Estado aparenta o mesmo
ao cobrar impostos. Cumpre
à população eleger quem
os aplique com utilidade
ou, desobedecer
e revoltar-se.

Quanto aos monopólios,
é fazer o mesmo!

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #18327 em: 2019-04-05 10:27:26 »
Sobre a nomeação da mulher, o Medina diz isto:
Citar
“Em 26 de novembro de 2009, há quase dez anos, nomeei para o meu gabinete Stéphanie Sá Silva, advogada especialista em matéria de concorrência numa reputada sociedade de advogados, não tendo com a mesma qualquer relação ou conhecimento pessoal prévio”, escreveu o presidente da autarquia de Lisboa.

Fernando Medina garante ainda que “em 31 de janeiro de 2011, por pretendermos ter uma relação pessoal, Stéphanie Sá Silva pediu a exoneração”. Nessa altura a atual mulher do autarca regressou ao seu lugar de origem, na mesmíssima sociedade de advogados que integrava antes de ter sido nomeada”.

Eu que não percebo nada disto diria que não é normal nomear alguém para um cargo de confiança política sem ter "qualquer relação ou conhecimento pessoal prévio".

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #18328 em: 2019-04-05 10:28:41 »
E para que não se pense que é só no governo...

mulheres e filhas de coronéis entraram diretamente para quadros da GNR

Citar
Há casos de mulheres e filhas de coronéis que entraram diretamente para os quadros da GNR, passando à frente de militares de carreira, altamente qualificados.

Há também casos de contratações externas, através de avenças, quando a Guarda tinha militares disponíveis para desempenharem as mesmas funções.

Tixa

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Re: Portugal falido
« Responder #18329 em: 2019-04-05 10:36:56 »

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #18330 em: 2019-04-05 10:52:16 »
Este tipo que se demitiu por ter nomeado o primo, já em tempos tinha dado uma morada falsa para receber um subsídio.
https://expresso.pt/politica/2019-04-03-Governante-que-contratou-primo-ja-tinha-dado-morada-falsa-para-receber-subsidio

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #18331 em: 2019-04-05 12:19:53 »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Ugly bull

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Re: Portugal falido
« Responder #18332 em: 2019-04-05 13:38:36 »
E para que não se pense que é só no governo...

mulheres e filhas de coronéis entraram diretamente para quadros da GNR

Citar
Há casos de mulheres e filhas de coronéis que entraram diretamente para os quadros da GNR, passando à frente de militares de carreira, altamente qualificados.

Há também casos de contratações externas, através de avenças, quando a Guarda tinha militares disponíveis para desempenharem as mesmas funções.

É uma tendência tribal o que revela bem que Portugal, apesar de integrado no continente Europeu, tem muito do subdesenvolvimento das latitudes solarengas mais próximas do equador. Ou seja, o foco não é o bem comum, conceito que é abstracto, mas o bem do grupo com que me identifico. O que agora está a ser evidenciado neste governo é transversal a toda a sociedade portuguesa, não fossem os governos uma amostra dessa mesma sociedade. A maior parte dos portugueses, se tivesse a mesma oportunidade que tem o Costa e respectivos lacaios, de colocar o conjugue, o filho, o cunhado, o tio, o primo, o cão da tia e por aí fora, num cargo bem posto, não tenho duvidas que também o faria. Lembro-me de, em tempos, um amigo referir-se aos sucessivos governos guineenses nestes termos, ou seja, o propósito dos governantes depois de estarem no governo seria o de alimentar primeiramente as bocas dos familiares mais próximos e ir alargando o alcance em círculos concêntricos até chegar aos primos mais afastados. Como é óbvio, as bocas que ficam fora dos círculos vão sentindo secura até que estala a bomboca e retorna o ciclo. É uma tendência absolutamente marcada nos genes dos mamíferos e é difícil fugir dela. Contra isto não há legislação que valha. É a latitude!!

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #18333 em: 2019-04-05 13:46:27 »
É uma tendência absolutamente marcada nos genes dos mamíferos e é difícil fugir dela. Contra isto não há legislação que valha. É a latitude!!

Ainda hoje alguém escreveu isto (a propósito do Marcelo ter dito que era preciso legislação - legislação é panaceia para tudo em Portugal)

Citar
É impressionante a mentalidade estatista de usar a legislação para tentar enquadrar a moral e a ética, não vá a sociedade de forma espontânea, cultural e com base na integridade e valores individuais saber distinguir de forma autónoma e consciente aquilo que é bem ou mal.

A oligarquia pretende lobotomizar as grandes massas. O povo não se deve ocupar de questões morais pois o estado tudo sabe e de tudo se ocupa.
https://blasfemias.net/2019/04/05/a-legislacao-tudo-resolve/
« Última modificação: 2019-04-05 13:46:52 por Automek »

Reg

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Re: Portugal falido
« Responder #18334 em: 2019-04-05 14:04:24 »
E para que não se pense que é só no governo...

mulheres e filhas de coronéis entraram diretamente para quadros da GNR

Citar
Há casos de mulheres e filhas de coronéis que entraram diretamente para os quadros da GNR, passando à frente de militares de carreira, altamente qualificados.

Há também casos de contratações externas, através de avenças, quando a Guarda tinha militares disponíveis para desempenharem as mesmas funções.

É uma tendência tribal o que revela bem que Portugal, apesar de integrado no continente Europeu, tem muito do subdesenvolvimento das latitudes solarengas mais próximas do equador. Ou seja, o foco não é o bem comum, conceito que é abstracto, mas o bem do grupo com que me identifico. O que agora está a ser evidenciado neste governo é transversal a toda a sociedade portuguesa, não fossem os governos uma amostra dessa mesma sociedade. A maior parte dos portugueses, se tivesse a mesma oportunidade que tem o Costa e respectivos lacaios, de colocar o conjugue, o filho, o cunhado, o tio, o primo, o cão da tia e por aí fora, num cargo bem posto, não tenho duvidas que também o faria. Lembro-me de, em tempos, um amigo referir-se aos sucessivos governos guineenses nestes termos, ou seja, o propósito dos governantes depois de estarem no governo seria o de alimentar primeiramente as bocas dos familiares mais próximos e ir alargando o alcance em círculos concêntricos até chegar aos primos mais afastados. Como é óbvio, as bocas que ficam fora dos círculos vão sentindo secura até que estala a bomboca e retorna o ciclo. É uma tendência absolutamente marcada nos genes dos mamíferos e é difícil fugir dela. Contra isto não há legislação que valha. É a latitude!!

o comunismo e mesmo so querem ocupar 99% dos cargos, quem fica fora morre fome
« Última modificação: 2019-04-05 14:05:11 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.

Reg

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Re: Portugal falido
« Responder #18335 em: 2019-04-05 14:07:19 »
É uma tendência absolutamente marcada nos genes dos mamíferos e é difícil fugir dela. Contra isto não há legislação que valha. É a latitude!!

Ainda hoje alguém escreveu isto (a propósito do Marcelo ter dito que era preciso legislação - legislação é panaceia para tudo em Portugal)

Citar
É impressionante a mentalidade estatista de usar a legislação para tentar enquadrar a moral e a ética, não vá a sociedade de forma espontânea, cultural e com base na integridade e valores individuais saber distinguir de forma autónoma e consciente aquilo que é bem ou mal.

A oligarquia pretende lobotomizar as grandes massas. O povo não se deve ocupar de questões morais pois o estado tudo sabe e de tudo se ocupa.
https://blasfemias.net/2019/04/05/a-legislacao-tudo-resolve/

o que vale metade legislação e para esquecer ( primeiros são politicos ignorar)ou aplicar excepecão noutra lei

senão tinham pais parado a espera do decreto para mudar decreto anterior e meter outra  excepeção  ???


e como mudar constituição...não resulta os gaijos vieram dizer podem roubar com base igualdade  para dar banqueiros e ao regime quem mama mamadeira  :o



« Última modificação: 2019-04-05 14:26:49 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.

Tixa

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Re: Portugal falido
« Responder #18336 em: 2019-04-06 08:30:47 »
Fabuloso  ;D

Talvez por falta de patriotismo, oportunidade ou decência, prefiro viajar para dentro lá fora do que para fora cá dentro, pelo que não sou íntimo de boa parte do “país real”. Principalmente a sul. Por isso, não sabia que, antes da passada segunda-feira, 1 de abril, “era difícil viajar na Área Metropolitana de Lisboa”, para citar uma autarca dali. E não sei exactamente o que aconteceu desde então. Sei que o governo lançou um cartão milagroso para os transportes públicos. Sei que o cartão poupa aos “utentes” (desculpem) dezenas de euros mensais. Sei que metade do governo se enfiou nos ditos transportes para demonstrar essa revolução na “mobilidade” (termo técnico). E sei que o dr. Costa estava às 7.30 da manhã em Mafra e às 10.41 penetrou Setúbal, fresco como uma alface e luzidio como uma azeitona. Em meras três horas e pouco o primeiro-ministro percorreu 73 quilómetros, proeza notável nos idos de 1850. Ou, nos centros urbanos portugueses, em 31 de Março de 2019.

Sinceramente, não fazia ideia do atraso em que viviam as nossas gentes. E continuo sem fazer. Quanto tempo se demorava até agora, duas semanas? Não havia estradas para Setúbal? As pessoas iam a pé, a desviar-se de lezírias e salteadores? E hoje, inaugurou-se de repente a locomotiva a vapor ou, por insondáveis leis da física, o desconto no “passe” acelera a viagem por carroça? E o assalariado que dorme em Mafra, levanta-se a meio da noite e desagua no Sado quase ao almoço, não é despedido porquê? As questões acumulam-se.

Outra questão prende-se com o alargamento dos descontos, ainda que em dose minguada, à região do Porto. Para quê? Nos meus percursos por aqui, na vasta maioria prévios ao recente dia das mentiras, os mesmos 73 km percorrem-se numa hora, hora e meia com trânsito, duas horas com o eventual acidente. Só se demora três horas e dez se um camião-cisterna explodir na VCI e dois camiões-cisterna explodirem na Circunvalação. Ainda no último fim-de-semana cheguei a Guimarães (50 km) em meia hora, numa sexta à tardinha. E regularmente chego a Bragança em 90 minutos.

Sucede que eu uso carro. É claro que os carros, inventados e popularizados há já algum tempo, são caros de comprar e caríssimos de alimentar, devido aos impostos que o Estado cobra para financiar – com vasta generosidade, note-se – os descontos nos “passes”, sobretudo lisboetas. Porém, rodam com relativa velocidade e desembaraço. São tão úteis que aconselho aos governantes a respectiva utilização.

Suspeito, porém, que os governantes não me ligarão nenhuma. Vi-os, com estes que a terra há-de comer, assaz contentinhos a mostrar os novos “passes” às câmaras dos repórteres que por acaso se encontravam nas exactas carruagens do dr. Costa, dos amigos do dr. Costa e dos familiares dos amigos do dr. Costa. Não acredito que o contentamento fosse simulado para propaganda: seria uma rematada pulhice em políticos de cuja honestidade ninguém duvida e uma imensa trafulhice em jornalistas cuja ética ninguém belisca. Estou convicto de que o séquito do dr. Costa abusará dos “passes” a ponto de estes se transformarem em pergaminho.

A alegria dos estadistas era com certeza sincera, e a de quem levou a vida a procurar mover-se nas imediações da capital em cima de burro, trotinete ou monociclo. E era a alegria de quem, doravante, pode erguer com o orgulho o “passe”, e “ir a Sintra comer queijadas, gelados a Cascais, marisco a Mafra, choco a Setúbal”, e “escolher as praias onde lhe apeteça ir, os ventos do Guincho, as da costa oeste, da costa azul”, além de “ir ao Parque Natural Sintra-Cascais, a exposições a Lisboa, ao teatro a Almada.”, nas bonitas palavras do dr. Costa.

Ignoro o que leva o ser humano médio a desejar ardentemente apanhar com os ventos do Guincho ou com o teatro de Almada, para cúmulo na companhia do conselho de ministros em peso. De qualquer maneira, é óptimo percebermos que, com os 20 ou 30 euros que economizam no “passe”, os trabalhadores sem capacidade de sustentar um automóvel poderão perder-se em folias gastronómicas e culturais a escassas horas de distância. É igualmente verdade que, caso não tivessem os rendimentos delapidados pelo Estado, inclusive para o patrocínio dos transportes públicos, alguns trabalhadores conseguiriam visitar ocasionalmente os restaurantes de Madrid e os museus de Londres – de resto mais rápidos de alcançar. E muitos conseguiriam, imagine-se a loucura, ter carro. Assim os deixassem escolher.

O que vale é que não deixam. Largados sozinhos e sem a devida orientação fiscal, os cidadãos tenderiam a tomar decisões temerárias e fatalmente irresponsáveis. No limite, não me surpreenderia que houvesse gente a gastar o seu dinheiro em benefício próprio, com previsíveis, e desastrosas, consequências. À semelhança do que calha ser público, os transportes são um excelente exemplo da importância de existirem uns poucos a subtrair em nome de todos o que é de cada um. De seguida, atafulham-se com tudo e devolvem um nada sob forma de esmola a uns tantos. É aconselhável celebrarmos o exercício com entusiasmo, quiçá com uma queijada de Sintra ou um choco não sei de onde. Também é aconselhável sermos terminalmente imbecis. Com ou sem “mobilidade”, não vamos longe.

https://observador.pt/opiniao/os-dias-das-mentiras/

vbm

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Re: Portugal falido
« Responder #18337 em: 2019-04-06 12:55:13 »
Ridículos!

É o que faz,
arvorarem presidentes
da câmara em governantes!

JohnyRobaz

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Re: Portugal falido
« Responder #18338 em: 2019-04-06 12:55:59 »
Fabuloso  ;D

Talvez por falta de patriotismo, oportunidade ou decência, prefiro viajar para dentro lá fora do que para fora cá dentro, pelo que não sou íntimo de boa parte do “país real”. Principalmente a sul. Por isso, não sabia que, antes da passada segunda-feira, 1 de abril, “era difícil viajar na Área Metropolitana de Lisboa”, para citar uma autarca dali. E não sei exactamente o que aconteceu desde então. Sei que o governo lançou um cartão milagroso para os transportes públicos. Sei que o cartão poupa aos “utentes” (desculpem) dezenas de euros mensais. Sei que metade do governo se enfiou nos ditos transportes para demonstrar essa revolução na “mobilidade” (termo técnico). E sei que o dr. Costa estava às 7.30 da manhã em Mafra e às 10.41 penetrou Setúbal, fresco como uma alface e luzidio como uma azeitona. Em meras três horas e pouco o primeiro-ministro percorreu 73 quilómetros, proeza notável nos idos de 1850. Ou, nos centros urbanos portugueses, em 31 de Março de 2019.

Sinceramente, não fazia ideia do atraso em que viviam as nossas gentes. E continuo sem fazer. Quanto tempo se demorava até agora, duas semanas? Não havia estradas para Setúbal? As pessoas iam a pé, a desviar-se de lezírias e salteadores? E hoje, inaugurou-se de repente a locomotiva a vapor ou, por insondáveis leis da física, o desconto no “passe” acelera a viagem por carroça? E o assalariado que dorme em Mafra, levanta-se a meio da noite e desagua no Sado quase ao almoço, não é despedido porquê? As questões acumulam-se.

Outra questão prende-se com o alargamento dos descontos, ainda que em dose minguada, à região do Porto. Para quê? Nos meus percursos por aqui, na vasta maioria prévios ao recente dia das mentiras, os mesmos 73 km percorrem-se numa hora, hora e meia com trânsito, duas horas com o eventual acidente. Só se demora três horas e dez se um camião-cisterna explodir na VCI e dois camiões-cisterna explodirem na Circunvalação. Ainda no último fim-de-semana cheguei a Guimarães (50 km) em meia hora, numa sexta à tardinha. E regularmente chego a Bragança em 90 minutos.

Sucede que eu uso carro. É claro que os carros, inventados e popularizados há já algum tempo, são caros de comprar e caríssimos de alimentar, devido aos impostos que o Estado cobra para financiar – com vasta generosidade, note-se – os descontos nos “passes”, sobretudo lisboetas. Porém, rodam com relativa velocidade e desembaraço. São tão úteis que aconselho aos governantes a respectiva utilização.

Suspeito, porém, que os governantes não me ligarão nenhuma. Vi-os, com estes que a terra há-de comer, assaz contentinhos a mostrar os novos “passes” às câmaras dos repórteres que por acaso se encontravam nas exactas carruagens do dr. Costa, dos amigos do dr. Costa e dos familiares dos amigos do dr. Costa. Não acredito que o contentamento fosse simulado para propaganda: seria uma rematada pulhice em políticos de cuja honestidade ninguém duvida e uma imensa trafulhice em jornalistas cuja ética ninguém belisca. Estou convicto de que o séquito do dr. Costa abusará dos “passes” a ponto de estes se transformarem em pergaminho.

A alegria dos estadistas era com certeza sincera, e a de quem levou a vida a procurar mover-se nas imediações da capital em cima de burro, trotinete ou monociclo. E era a alegria de quem, doravante, pode erguer com o orgulho o “passe”, e “ir a Sintra comer queijadas, gelados a Cascais, marisco a Mafra, choco a Setúbal”, e “escolher as praias onde lhe apeteça ir, os ventos do Guincho, as da costa oeste, da costa azul”, além de “ir ao Parque Natural Sintra-Cascais, a exposições a Lisboa, ao teatro a Almada.”, nas bonitas palavras do dr. Costa.

Ignoro o que leva o ser humano médio a desejar ardentemente apanhar com os ventos do Guincho ou com o teatro de Almada, para cúmulo na companhia do conselho de ministros em peso. De qualquer maneira, é óptimo percebermos que, com os 20 ou 30 euros que economizam no “passe”, os trabalhadores sem capacidade de sustentar um automóvel poderão perder-se em folias gastronómicas e culturais a escassas horas de distância. É igualmente verdade que, caso não tivessem os rendimentos delapidados pelo Estado, inclusive para o patrocínio dos transportes públicos, alguns trabalhadores conseguiriam visitar ocasionalmente os restaurantes de Madrid e os museus de Londres – de resto mais rápidos de alcançar. E muitos conseguiriam, imagine-se a loucura, ter carro. Assim os deixassem escolher.

O que vale é que não deixam. Largados sozinhos e sem a devida orientação fiscal, os cidadãos tenderiam a tomar decisões temerárias e fatalmente irresponsáveis. No limite, não me surpreenderia que houvesse gente a gastar o seu dinheiro em benefício próprio, com previsíveis, e desastrosas, consequências. À semelhança do que calha ser público, os transportes são um excelente exemplo da importância de existirem uns poucos a subtrair em nome de todos o que é de cada um. De seguida, atafulham-se com tudo e devolvem um nada sob forma de esmola a uns tantos. É aconselhável celebrarmos o exercício com entusiasmo, quiçá com uma queijada de Sintra ou um choco não sei de onde. Também é aconselhável sermos terminalmente imbecis. Com ou sem “mobilidade”, não vamos longe.

https://observador.pt/opiniao/os-dias-das-mentiras/

E o ambiente, senhores, e o ambiente??

Ou, se é assunto assim tão desprezável aos neo-liberais que só veem o próprio bolso e não o que pode acontecer ao planeta se continuarmos a viver como vivemos, que grande metrópole querem imitar, sem transportes públicos e com toda a gente a pegar no seu carro para ir a qualquer lado? Tóquio, Berlim, Londres? Ou Jakarta, Cairo ou Lima?

Não acompanhei a propaganda dos passes, e possivelmente foram uma vergonha (mais do mesmo). Mas um mau anúncio não torna uma boa medida numa má medida.

Reg

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Re: Portugal falido
« Responder #18339 em: 2019-04-06 13:06:36 »
nem todos paises são iguais

por exemplo portugal   tem gosto fazer greve metro todos anos

noutros paises e cada 10 anos
https://www.sabado.pt/mundo/europa/detalhe/greve-do-metro-provoca-caos-em-londres
É a primeira greve em 13 anos e está a causar um pandemónio de filas pelos mais de 3 milhões de utentes que usam diariamente o metro da capital britânica levando o primeiro-ministro britânico, David Cameron, a classificar a greve como "inaceitável"


gostos diferentes!( cultura)
« Última modificação: 2019-04-06 13:14:59 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.