O abandono escolar é um primeiro passo para uma vida de marginalidade social. Quantos menos desistirem, mais educada será a sociedade, melhor poderá responder aos problemas gerados por uma economia em mudança.
É necessário deixar de olhar para a escola como antigamente, na altura pré-industrial, em que os miúdos são formatados a aprender tudo o mesmo e abandonar aqueles que pensam "fora da caixa".
Em 1850, 80% da população portuguesa era analfabeta, em 1950 quem tivesse um canudo era "rei", agora é necessário muito mais que um canudo.
Mas se, com este método, tivéssemos universidades de renome mundial ainda era alguma coisa. Agora, só a Católica é que aparece frequentemente nas listas de melhor universidades, qual é a desculpa para defender um sistema que exclui alunos e no fim não forma profissionais de top mundial?
É dificil. O sistema está todo avariado logo na origem, no ministério.
Por exemplo, vejamos o curso profissional de
Técnico de equipamentos informáticos.
Entre outras coisas tem a disciplina de
Português.
O que é que lá se encontra ?
Textos épicos e épico-líricos (Camões), Pessoa, Cesário Verde, semântica frásica, etc.
Alguém acredita que um tipo que vai para um curso profissional ligado a computadores vai estar motivado para aprender isto ?
Eu não estou a dizer que quem vai para um curso profissional de computadores tenha de ser um ignorante literário mas, caramba, muito provavelmente já foi para a vertente profissional porque quer é ir trabalhar, o mais rápido possível, e não tem interesse no resto. No entanto, chega lá e enfiam-lhe o memorial do convento pela goela abaixo. Isto é normal ?
E como este curso profissional há muitos outros. Eu acho que aqueles tipos que fazem os programas nunca foram a uma aula de cursos profissionais de electricidade ou culinária ver quem são e qual a motivação das pessoas lá andam. Facilmente percebiam que a última coisa que lhes interessa é o predicativo do sujeito.