Eu gostava de saber quem é que te disse a ti que eu considero que devo impor a minha opinião coercivamente ao todo da sociedade? Eu não o digo, nunca o disse. Há pequenas curvaturas do caminhar de ideias que abstrais e desconsideras. Eu lembro: - a única coisa que defendo é que um governante que discorde de uma medida política no sistema, deve opor-se à sua adopção e se a medida for mesmo adoptada, deve demitir-se, proclamando à opinião pública a razão da sua demissão, envergonhando o mais possível o governo que continue em funções e alinhar com a oposição ao governo numa aliança com a qual possa minimamente entender-se para implementar as suas ideias. Se for eleito por tal nova coligação partidária, deve exercer a governação dentro do sistema sufragado e embora discordando e destituindo a oposição que lhe movam, deve respeitar-lhe a liberdade de existência e expressão das minorias oposicionistas. O ponto fulcral do meu pensamento político é dizer não, quando se discorda, e dizê-lo com a maior divulgação possível. Onde está aqui a imposição? Não a vejo. Vejo, sim, verticalidade e civismo. Posso te dar exemplos de políticos que se comportaram como eu defendo: Mário Soares, Eanes, Sousa Franco, Medina Carreira, Miguel Cadilhe, João Salgueiro, Jorge Sampaio, António Vitorino, António Guterres, Marcelo Rebelo de Sousa, António Barreto. Mas há mais. Importaria conseguir inseri-los nalguma força social motivada a derrubar o nihilismo reinante.