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Autor Tópico: Subsídios ao cinema  (Lida 46006 vezes)

muze

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #20 em: 2012-12-31 00:34:27 »
Tatankov,
 
Dito de outra forma, eu não defendo um sistema que produza o resultado X ou Y. Eu defendo um sistema que respeite as opções das pessoas e as trate por igual, sendo certo que desde que a pertença a um qualquer outro sistema que funcione segundo outros princípios seja voluntária, não vejo qualquer problema nisso. Ou seja, não vejo qualquer problema em as pessoas pertencerem voluntariamente a uma qualquer associação cujo objectivo seja encher os bolsos do MO.
 
Tu, pelo contrário, defendes um sistema que produza apoios ao que achas que na tua opinião deve ser apoiado, que não apoie o que achas que não deve ser apoiado, e que faça esses apoios através da retirada coerciva de recursos à generalidade da população, inviabilizando que essa mesma população dirija esses recursos para as suas próprias opções.

Incognitus, eu não entendo o teu sistema alternativo.
Se passa simplesmente por ser um sistema "indexado" á bilheteira, alimentando "bolos&bolinhos" e "morangos com açúcar", mais vale deixares-te estar quieto.
A área da cultura, é uma area em que a intervenção do estado, não se pode reger por esses moldes que defendes. Se forem perguntar aos portugueses se querem de livre vontade dar 2€ todos os anos, para a preservação do Mosteiro da Batalha, achas que alguém vai contribuir?
e porque é que cada um devia pagar 2€ para preservar o mosteiro? quem quer ir lá que pague a entrada...e quem recebe esse dinheiro ou mantem o mosteiro ou deixa de o receber...

tatanka

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #21 em: 2012-12-31 00:51:37 »
Tatankov,
 
Dito de outra forma, eu não defendo um sistema que produza o resultado X ou Y. Eu defendo um sistema que respeite as opções das pessoas e as trate por igual, sendo certo que desde que a pertença a um qualquer outro sistema que funcione segundo outros princípios seja voluntária, não vejo qualquer problema nisso. Ou seja, não vejo qualquer problema em as pessoas pertencerem voluntariamente a uma qualquer associação cujo objectivo seja encher os bolsos do MO.
 
Tu, pelo contrário, defendes um sistema que produza apoios ao que achas que na tua opinião deve ser apoiado, que não apoie o que achas que não deve ser apoiado, e que faça esses apoios através da retirada coerciva de recursos à generalidade da população, inviabilizando que essa mesma população dirija esses recursos para as suas próprias opções.

Incognitus, eu não entendo o teu sistema alternativo.
Se passa simplesmente por ser um sistema "indexado" á bilheteira, alimentando "bolos&bolinhos" e "morangos com açúcar", mais vale deixares-te estar quieto.
A área da cultura, é uma area em que a intervenção do estado, não se pode reger por esses moldes que defendes. Se forem perguntar aos portugueses se querem de livre vontade dar 2€ todos os anos, para a preservação do Mosteiro da Batalha, achas que alguém vai contribuir?
e porque é que cada um devia pagar 2€ para preservar o mosteiro? quem quer ir lá que pague a entrada...e quem recebe esse dinheiro ou mantem o mosteiro ou deixa de o receber...

Hehehe, temos aqui mais um camarada, que não se importava de abolir o português das escolas, mudar o nome do país, queimar a bandeira, mandar abaixo mosteiros e castelos, etc, etc....
“I hate reality but it's still the best place to get a good steak.”
― Woody Allen

Incognitus

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #22 em: 2012-12-31 00:56:12 »
Tatankov,
 
Dito de outra forma, eu não defendo um sistema que produza o resultado X ou Y. Eu defendo um sistema que respeite as opções das pessoas e as trate por igual, sendo certo que desde que a pertença a um qualquer outro sistema que funcione segundo outros princípios seja voluntária, não vejo qualquer problema nisso. Ou seja, não vejo qualquer problema em as pessoas pertencerem voluntariamente a uma qualquer associação cujo objectivo seja encher os bolsos do MO.
 
Tu, pelo contrário, defendes um sistema que produza apoios ao que achas que na tua opinião deve ser apoiado, que não apoie o que achas que não deve ser apoiado, e que faça esses apoios através da retirada coerciva de recursos à generalidade da população, inviabilizando que essa mesma população dirija esses recursos para as suas próprias opções.

Incognitus, eu não entendo o teu sistema alternativo.
Se passa simplesmente por ser um sistema "indexado" á bilheteira, alimentando "bolos&bolinhos" e "morangos com açúcar", mais vale deixares-te estar quieto.
A área da cultura, é uma area em que a intervenção do estado, não se pode reger por esses moldes que defendes. Se forem perguntar aos portugueses se querem de livre vontade dar 2€ todos os anos, para a preservação do Mosteiro da Batalha, achas que alguém vai contribuir?
e porque é que cada um devia pagar 2€ para preservar o mosteiro? quem quer ir lá que pague a entrada...e quem recebe esse dinheiro ou mantem o mosteiro ou deixa de o receber...

Hehehe, temos aqui mais um camarada, que não se importava de abolir o português das escolas, mudar o nome do país, queimar a bandeira, mandar abaixo mosteiros e castelos, etc, etc....

É melhor que um camarada que não se importaria de manter a população e as crianças a viver pior do que o necessário para manter o Português, o nome do país, a bandeira, etc, não? Sim, porque fazer-se essas coisas só faria sentido no estrito caso em que tal levasse a um melhor nível de vida para a população ...
 
Além de, claro, tal só poder ocorrer em virtude de uma decisão democrática ...
« Última modificação: 2012-12-31 00:57:42 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Zenith

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #23 em: 2012-12-31 02:38:23 »
Tatankov,
 
Dito de outra forma, eu não defendo um sistema que produza o resultado X ou Y. Eu defendo um sistema que respeite as opções das pessoas e as trate por igual, sendo certo que desde que a pertença a um qualquer outro sistema que funcione segundo outros princípios seja voluntária, não vejo qualquer problema nisso. Ou seja, não vejo qualquer problema em as pessoas pertencerem voluntariamente a uma qualquer associação cujo objectivo seja encher os bolsos do MO.
 
Tu, pelo contrário, defendes um sistema que produza apoios ao que achas que na tua opinião deve ser apoiado, que não apoie o que achas que não deve ser apoiado, e que faça esses apoios através da retirada coerciva de recursos à generalidade da população, inviabilizando que essa mesma população dirija esses recursos para as suas próprias opções.

Incognitus, eu não entendo o teu sistema alternativo.
Se passa simplesmente por ser um sistema "indexado" á bilheteira, alimentando "bolos&bolinhos" e "morangos com açúcar", mais vale deixares-te estar quieto.
A área da cultura, é uma area em que a intervenção do estado, não se pode reger por esses moldes que defendes. Se forem perguntar aos portugueses se querem de livre vontade dar 2€ todos os anos, para a preservação do Mosteiro da Batalha, achas que alguém vai contribuir?
e porque é que cada um devia pagar 2€ para preservar o mosteiro? quem quer ir lá que pague a entrada...e quem recebe esse dinheiro ou mantem o mosteiro ou deixa de o receber...

Hehehe, temos aqui mais um camarada, que não se importava de abolir o português das escolas, mudar o nome do país, queimar a bandeira, mandar abaixo mosteiros e castelos, etc, etc....

É curioso que as pessoas que geralmente têm um discurso extremista pró-mercado se analizarmos mais em detalhe, tem na realidade (pelo menos no que toca á cultura) uma mentalidade muito próxima dos comunistas soviéticos, para os quais a cultura devia ter uma função ultilitária. Neste caso é exactamente o mesmo: a função utilitária não é mais do que a utilidade de um bem económico definida pela curva de oferta e procura.
Como se diz nos evangelhos "nem só de pão vive o homem".

A subsidiação do cinema é algo de mais complexo, já que um filme é simultaneamente um produto cultural e um protótipo industrial cujos custos são essencialmente fixos (e extremamente elevados comparativamente com um livro p. ex). Os custos fixos extremamente altos levam a uma concentração elevada em que os pequenos não poderão sobreviver se não forem apoiados. Por isso não me choca por principio que os paises europeus apoiem o cinema nacional se virem nisso um elemento de promoção de diversidade cultural ou asserção da identidade. Os tipos de apoios. a maneira como são dados e as consequencias que tem na manutenção de uma estrurura pletórica é que poderiam ser escrutinados.

PS Estou convencido que a esmagadora maioria dos portugueses aceitaria contribuir para o mosteiro da batalha se lhe fosse explicado com honestidade o que isso representa (se fosse um item de uma lista de 50 paginas aí é que poderia ser mais complicado :-)). No entanto 2€ parece-me excessivo já que com 5 milhões de contribuites daria 10M€ para preservação.
 
« Última modificação: 2012-12-31 03:04:56 por Zenith »

Incognitus

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #24 em: 2012-12-31 04:04:37 »
O cinema é uma coisa suficientemente barata que não se justifica obrigar todos quando seria facilmente financiado voluntariamente apenas por quem concorda com tal coisa. Para manter um MO em actividade bastariam 100000 Portugueses contribuirem com 7 euros cada um para o homem por ano. Se não se conseguem juntar 100000 voluntários capazes de entregar 7 euros/ano para aquilo, é porque o valor que as pessoas vêem na coisa é mesmo mínimo.
 
Nota, Zenith, que não existe tal coisa como um "discurso extremista pró-mercado". O que existe é um discurso extremista pró-o primado de as pessoas decidirem pela sua cabeça e vontade o que querem fazer com a sua vida. E mesmo chamar isso de "extremista" é um bocado sem sentido.
 
A única coisa que pode ser vista como "extrema" é achar-se que até em algo tão básico e opcional como o cinema, se deve decidir pelos outros com carácter de lei.
« Última modificação: 2012-12-31 04:06:55 por Incognitus »
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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #25 em: 2012-12-31 04:09:31 »
Para ser mais resumido: não existe nada de extremo em achar-se que as pessoas devem decidir por si. Extremo, é achar-se que até em coisas sem importância, deve ser o Estado a decidir coercivamente por elas (e menos extremo, será achar-se que em coisas de grande importância, deve ser o Estado a decidir).
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Zenith

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #26 em: 2012-12-31 10:54:09 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha. 


jeab

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #27 em: 2012-12-31 11:30:45 »
Porque é que há de haver sempre uns iluminados a deciderem o que é bom para mim ? Serei assim tão estúpido ?

 - Não gosto de bola e os iluminados tiraram-me dinheiro dos meus impostos para construir estádios em que nunca lá pus os pés.

- Não gosto de carridas de carros e os iluminados titram-me dinheiro dos meus impostos para pagar autodromos falidos, em que nunca pus lá os pés.

- Gosto de tumbling e nem um centimo dos meus impostos foram aplicados nesta modalidade e se quis que os meus filhos a praticassem tive que me cotizar com os outros pais para comprar tapetes.

É preciso realmente ser-se iluminado para decidir o que eu gosto e o que eu devo contribuir ou não ... este é que tinha razão ...   http://pt.wikipedia.org/wiki/Animal_Farm   

http://www.infopedia.pt/$o-triunfo-dos-porcos
« Última modificação: 2012-12-31 11:37:05 por jeab »
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!

Zenith

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #28 em: 2012-12-31 11:41:35 »
Porque é que há de haver sempre uns iluminados a deciderem o que é bom para mim ? Serei assim tão estúpido ?

 - Não gosto de bola e os iluminados tiraram-me dinheiro dos meus impostos para construir estádios em que nunca lá pus os pés.

- Não gosto de carridas de carros e os iluminados titram-me dinheiro dos meus impostos para pagar autodromos falidos, em que nunca pus lá os pés.

- Gosto de tumbling e nem um centimo dos meus impostos foram aplicados nesta modalidade e se quis que os meus filhos a praticassem tive que me cotizar com os outros pais para comprar tapetes.

É preciso realmente ser-se iluminado para decidir o que eu gosto e o que eu devo contribuir ou não ... este é que tinha razão ...   http://pt.wikipedia.org/wiki/Animal_Farm   

http://www.infopedia.pt/$o-triunfo-dos-porcos


Só por curiosidade. Também construiram ginásio, ou adaptaram instalações próprias para esse efeito?
« Última modificação: 2012-12-31 12:14:18 por Zenith »

Smog

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #29 em: 2012-12-31 12:17:55 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

os filmes  potugueses não são um produto de fast food. é por isso  que não podem depender do sucesso de bilheteira. os produtos culturais neste pais não vivem de bilheteira. é por isso que têm subsisdios. se os momeumentos, museus e fundações dependessem da bilheteira, desapareciam. e ficavamos votados ao fast food de consumo rápido e descartável. ficariamos inundados de lixo, de repente.
wild and free

tatanka

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #30 em: 2012-12-31 13:55:58 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

os filmes  potugueses não são um produto de fast food. é por isso  que não podem depender do sucesso de bilheteira. os produtos culturais neste pais não vivem de bilheteira. é por isso que têm subsisdios. se os momeumentos, museus e fundações dependessem da bilheteira, desapareciam. e ficavamos votados ao fast food de consumo rápido e descartável. ficariamos inundados de lixo, de repente.

Atenção, tudo o que não conseguir sobreviver sem meios-próprios é para desaparecer.
Identidade cultural, patrimonio histórico, não são mais que jargões inventados por meia-duzia de comunas que querem viver á conta do estado!
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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #31 em: 2012-12-31 14:03:33 »
sim, é por isso que há tanto monumento em ruinas. não fazem parte da nossa história e epor isso tendem a desaparecer.
wild and free

Incognitus

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #32 em: 2012-12-31 14:18:10 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

 
Se existem suficientes pessoas a pensar assim, então elas que financiem voluntariamente esse seu modelo preferencial de sociedade. Se NÂO existem suficientes pessoas a pensar assim, então não é democrático espetar-lhes com esse modelo. Em qualquer caso, não existe razão para um tal modelo não ser voluntário. As pessoas nascem, vivem e morrem, e não existe garantia nenhuma de que essa sociedade involuntária de alguma forma lhes traga maior felicidade nesta curta passagem pelo mundo. Pelo que não existe sequer uma razão muito forte para lhes retirar o livre arbítrio.
 
No fundo dizer o contrário é querer usar a vida dos outros para perseguir o nosso ideal de sociedade.
 
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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #33 em: 2012-12-31 14:20:34 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

os filmes  potugueses não são um produto de fast food. é por isso  que não podem depender do sucesso de bilheteira. os produtos culturais neste pais não vivem de bilheteira. é por isso que têm subsisdios. se os momeumentos, museus e fundações dependessem da bilheteira, desapareciam. e ficavamos votados ao fast food de consumo rápido e descartável. ficariamos inundados de lixo, de repente.

Atenção, tudo o que não conseguir sobreviver sem meios-próprios é para desaparecer.
Identidade cultural, patrimonio histórico, não são mais que jargões inventados por meia-duzia de comunas que querem viver á conta do estado!

Agora fiquei baralhado (há duas pessoas a usar o nick tatankov?).
E até tinha ideia que identidade cultural, património históricas eram coisas abominadas pela ideoologia comunista que na sua âsia de construir o homem novo livre de amarras históricas queria fazer tábua rasa do passado.

Incognitus

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #34 em: 2012-12-31 14:23:21 »
Porque é que há de haver sempre uns iluminados a deciderem o que é bom para mim ? Serei assim tão estúpido ?

 - Não gosto de bola e os iluminados tiraram-me dinheiro dos meus impostos para construir estádios em que nunca lá pus os pés.

- Não gosto de carridas de carros e os iluminados titram-me dinheiro dos meus impostos para pagar autodromos falidos, em que nunca pus lá os pés.

- Gosto de tumbling e nem um centimo dos meus impostos foram aplicados nesta modalidade e se quis que os meus filhos a praticassem tive que me cotizar com os outros pais para comprar tapetes.

É preciso realmente ser-se iluminado para decidir o que eu gosto e o que eu devo contribuir ou não ... este é que tinha razão ...   http://pt.wikipedia.org/wiki/Animal_Farm   

http://www.infopedia.pt/$o-triunfo-dos-porcos

 
Exactamente. A coberto de imensos "bons motivos" a razão verdadeira é que muitos querem usar os recursos dos outros para involuntariamente avançarem os seus próprios interesses. Não há mais razão nenhuma, é tudo um jogo para retirar o máximo possível aos outros para avançar interesses particulares sem ter que dar retorno a quem paga.
 
E depois as pessoas ainda se admiram quando os intesses avançados são aqueles que não queriam ver financiados - simplesmente porque não coincidem com os seus. Ora se defendem um modelo desenhado para fazer isso mesmo ... (avançar interesses particulares), como podem esperar um resultado diferente?
« Última modificação: 2012-12-31 14:23:55 por Incognitus »
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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #35 em: 2012-12-31 14:27:23 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

os filmes  potugueses não são um produto de fast food. é por isso  que não podem depender do sucesso de bilheteira. os produtos culturais neste pais não vivem de bilheteira. é por isso que têm subsisdios. se os momeumentos, museus e fundações dependessem da bilheteira, desapareciam. e ficavamos votados ao fast food de consumo rápido e descartável. ficariamos inundados de lixo, de repente.

Atenção, tudo o que não conseguir sobreviver sem meios-próprios é para desaparecer.
Identidade cultural, patrimonio histórico, não são mais que jargões inventados por meia-duzia de comunas que querem viver á conta do estado!

Agora fiquei baralhado (há duas pessoas a usar o nick tatankov?).
E até tinha ideia que identidade cultural, património históricas eram coisas abominadas pela ideoologia comunista que na sua âsia de construir o homem novo livre de amarras históricas queria fazer tábua rasa do passado.

Os bons motivos tanto podem ser como ser o contrário. O que importa é avançar algo que permita eliminar a capacidade dos outros de decidir para onde os seus recursos vão, e canalizá-los para onde NÓS queremos ver recursos aplicados.
 
O tatankov mostra bem isso, dizendo que o que o incomoda não é a justiça do processo e sim o resultado - especificamente, onde os recursos acabam.
 
As opções dos outros são para descartar, se não produzem o resultado que o tatankov acha correcto. Os outros, na concepção do mundo do tantankov, existem meramente para trabalhar para produzirem o que ELE acha correcto ... eheh.
 
Devo porém dizer que acho o tatankov um tipo correcto e que por isso não se dá conta das implicações do que defende.
« Última modificação: 2012-12-31 14:27:58 por Incognitus »
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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #36 em: 2012-12-31 14:29:21 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

 
Se existem suficientes pessoas a pensar assim, então elas que financiem voluntariamente esse seu modelo preferencial de sociedade. Se NÂO existem suficientes pessoas a pensar assim, então não é democrático espetar-lhes com esse modelo. Em qualquer caso, não existe razão para um tal modelo não ser voluntário. As pessoas nascem, vivem e morrem, e não existe garantia nenhuma de que essa sociedade involuntária de alguma forma lhes traga maior felicidade nesta curta passagem pelo mundo. Pelo que não existe sequer uma razão muito forte para lhes retirar o livre arbítrio.
 
No fundo dizer o contrário é querer usar a vida dos outros para perseguir o nosso ideal de sociedade.

Devia ter sido mais explicito. Quando disse "liberdade de escolha individual", estava a pensar na possibilidade de escolha individual até um nível muito ínfimo da organização da sociedade. Tenho sempre embebida a noção de democracia que tomo por axioma e por vezes esqueço de mencionar.

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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #37 em: 2012-12-31 14:30:13 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

os filmes  potugueses não são um produto de fast food. é por isso  que não podem depender do sucesso de bilheteira. os produtos culturais neste pais não vivem de bilheteira. é por isso que têm subsisdios. se os momeumentos, museus e fundações dependessem da bilheteira, desapareciam. e ficavamos votados ao fast food de consumo rápido e descartável. ficariamos inundados de lixo, de repente.

Os EUA não parecem ter falta de cultura apenas por estarem inundados de fast food de consumo rápido e descartável ... pelo contrário, é extraordinária a diversidade que floresce quando cada um dirige os seus recursos para aquilo que lhe interessa em vez de ser obrigado a dirigi-los para aquilo que um terceiro acha porreiro.
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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #38 em: 2012-12-31 14:32:30 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

 
Se existem suficientes pessoas a pensar assim, então elas que financiem voluntariamente esse seu modelo preferencial de sociedade. Se NÂO existem suficientes pessoas a pensar assim, então não é democrático espetar-lhes com esse modelo. Em qualquer caso, não existe razão para um tal modelo não ser voluntário. As pessoas nascem, vivem e morrem, e não existe garantia nenhuma de que essa sociedade involuntária de alguma forma lhes traga maior felicidade nesta curta passagem pelo mundo. Pelo que não existe sequer uma razão muito forte para lhes retirar o livre arbítrio.
 
No fundo dizer o contrário é querer usar a vida dos outros para perseguir o nosso ideal de sociedade.

Devia ter sido mais explicito. Quando disse "liberdade de escolha individual", estava a pensar na possibilidade de escolha individual até um nível muito ínfimo da organização da sociedade. Tenho sempre embebida a noção de democracia que tomo por axioma e por vezes esqueço de mencionar.

Termos uma democracia não pode ser carta branca para uns decidirem roubar aos outros onde tal é manifestamente desnecessário.
 
Por exemplo, um MO custa 700000 euros/ano. Não existe razão nenhuma para essa contribuição não ser feita apenas por quem com ela concorda, pois tal exige muito poucos recursos a quem o decidir fazer. A menos, claro, que as obras do homem tenham tão pouco valor que nem sequer 100000 pessoas estejam disponíveis a entrar com 7 euros cada uma para as tornar realidade.
 
Se assim for, ainda mais absurdo se torna o sistema presente, pois obriga todos a pagar para algo com um valor comprovadamente ínfimo.
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Re:Subsídios ao cinema
« Responder #39 em: 2012-12-31 14:45:33 »
Não sou perito em cinema, mas tenho ideia que fazer um bom filme não seja assim tão barato (imagino que se alguem quisesse fazer um filme acerca de V. da Gama não ficaria mais barato que o Colombo). O cinema tem ainda a particularidade de que é feito um único protótipo que absorve quase todos os custos. Também não sei o suf de cinema para colocar nºs mas não me espantaria que 80 ou 90% dos custos associados a um filme sejam gastos antes da estreia, e portanto é uma actividade de alto risco, já que a maior parte dos custos são independentes de o filme vir a ter 100 mil ou 100milhões de espectadores. Tal é totalmente diferente da edição livreira onde se pode começar por uma edição limitada e depois ir produzindo novas edições consoante o sucesso. Essa combinação de custos fixo e risco leva a uma elevada concentração da indústria com os players capazes de produzir um nº mínimo de filmes de modo a garantir o sucesso e ao mesmo tempo limitá-los de para evitar dispersão excessiva. A produção de um país como Portugal, Bélgica ou países escandinavos, não tem hipotese de enquadrar num modelo destes. Mesmo a nível de paises maiores o cinema espanhol está limitado a espanha e o alemão à alemanha (embora de vez em quando surjam grandes filmes), e nenhum cinema europeu tem qq impacto nos USA. Esse  último aspecto creio que tem aspectos culturais (aversão pelas legendas nos espectadores americanos e alguma negação do que não é USA) e condicionamentos da indústria, já que não incomum os americanos fazerem remakes de filmes franceses e a cópia ter um sucesso razoável, quando o filme francês nem sequer passou nos USA (ou mesmo em Portugal), e fornece algum argumento para se considerar que o sucesso de bilheteira não é a métrica infalível de qualidade.
Por isso não me choca que se considerarmos o cinema como uma produção cultural os países europeus subsidiem os cinemas respectivos.

Quanto á liberdade de escolha individual, é muito bonito em teoria e talvez possa funcionar numa sociedade muito simples, mas desde que a sociedade alcance algum nível de complexidade é completamente impraticável. Alguém poderia decidir que a investigação cientifica não lhe interessa, ou pq acabou de ver um filme com robots decidir financiar a investigação em robótica e não a biologia, ou porque leu um livro sobre templários decidir atribuir a sua contribuição na cultura para a preservação do convento de cristo (talvez na expectativa que lá se encontre o famoso tesouro) e não para o mosteiro da Batalha.

 
Se existem suficientes pessoas a pensar assim, então elas que financiem voluntariamente esse seu modelo preferencial de sociedade. Se NÂO existem suficientes pessoas a pensar assim, então não é democrático espetar-lhes com esse modelo. Em qualquer caso, não existe razão para um tal modelo não ser voluntário. As pessoas nascem, vivem e morrem, e não existe garantia nenhuma de que essa sociedade involuntária de alguma forma lhes traga maior felicidade nesta curta passagem pelo mundo. Pelo que não existe sequer uma razão muito forte para lhes retirar o livre arbítrio.
 
No fundo dizer o contrário é querer usar a vida dos outros para perseguir o nosso ideal de sociedade.

Devia ter sido mais explicito. Quando disse "liberdade de escolha individual", estava a pensar na possibilidade de escolha individual até um nível muito ínfimo da organização da sociedade. Tenho sempre embebida a noção de democracia que tomo por axioma e por vezes esqueço de mencionar.

Termos uma democracia não pode ser carta branca para uns decidirem roubar aos outros onde tal é manifestamente desnecessário.
 
Por exemplo, um MO custa 700000 euros/ano. Não existe razão nenhuma para essa contribuição não ser feita apenas por quem com ela concorda, pois tal exige muito poucos recursos a quem o decidir fazer. A menos, claro, que as obras do homem tenham tão pouco valor que nem sequer 100000 pessoas estejam disponíveis a entrar com 7 euros cada uma para as tornar realidade.
 
Se assim for, ainda mais absurdo se torna o sistema presente, pois obriga todos a pagar para algo com um valor comprovadamente ínfimo.

nem todos votaram no Pedro Passos Coelho mas todos levam com ele. Cham-se democracia. Tal como nos USA.
wild and free