Já tinha dado um exemplo parecido acho que ainda no forum antigo, mas como no off-topic se falou de peneus e sobreviragem vai aqui.
Não é preciso ser um piloto automóvel para saber que quando numa curva um carro começa a derrapar de traseira uma travagem não é a melhor solução. Travar vai simplesmente fazer deslocar peso para o eixo dianteiro reforçando a falata de aderência das rodas traseiras e acentuando a derrapagem. Uma travagem excessivamente forte resulta em pião com quase toda a certeza.
Nesta crise económica a troika dá-me a impressão de ser o pendura que vê nas plcas que a volcidade para fazer uma curva com segurança é 60km/h e exige ao condutor que vai a 100 que trave imediatamente porque 60km/h para fazer aquela curva é o que está no book.
Não se deu pião, mas sim uma destruição da economia que quer em Portugal quer na Grécia vai hipotecar uma ou dias gerações.
Mas há inumeros exemplos, em medicina uma situação de dependência não creio que se trate com um tratamento de stress induzindo privação, em qq sistema mecãnico e electronico também não se controlam situações de oscilação ou resonância cortando as entradas, mas paradoxalmente em economia o tartamento pr stress induzido parece ter sempre muita atracção.
Não importa por várias razões:
* Porque não é uma entidade central que inicialmente constitui os credores. São muitos credores diferentes, e quando "acordam" deixa de fazer sentido para qualquer um deles atribuir mais dívida;
* De resto, nesse ponto a dívida antiga passa a negociar com tal taxa de juro, que nem o país quereria dívida a esse preço, nem um credor a atribuiria a um preço mais baixo se tinha disponível em secundário um preço mais elevado;
* Restam entidades oficiais para emprestar. Mas essas respondem primeiro aos seus povos e em segundo ao intervenccionado. Se ninguém quer emprestar e mesmo que o fizesse seria a taxas altíssimas, a única forma de expor esses povos a serem eles a emprestar é mesmo emprestar com condições que aumentem a probabilidade de receber de volta (a tal austeridade);
* Fugir desta lógica, seja qual for o motivo, é estar a dar um actor como sendo idiota e actuando não no seu próprio interesse mas no interesse logo da entidade que maior culpa tem em tudo isto - quem se endividou excessivamente;
* Atribuir mais dívida num processo em que o problema é já se ter atribuído dívida a mais, para "suavizar o ajustamento" não nos dá razão para crer que esse ajustamento tenha por isso uma probabilidade de sucesso maior (pelo contrário, pelo caminho acumula-se AINDA mais dívida, pelo que tudo parece indicar uma probabilidade de sucesso menor;
* Derreter a economia não é um bug, é uma feature - a ideia é mesmo que exista uma contracção grande do rendimento de forma a repor rapidamente o equilíbrio externo. E empobrecer o povo internamente não só repõe esse equilíbrio como torna mais provável uma recuperação posterior devido a maior competitividade pelos custos. A economia ficar destruída é ilusório - a parte da economia que dependia de existir um desequilíbrio externo já estava destruída à partida pois dependia de uma expansão da dívida (externa e de um actor qualquer interno para manter o seu nível de consumo).
(Nada disto significa que exista uma atracção por este género de solução - significa apenas que é a solução que faz sentido para os actores envolvidos. Outra solução exige sempre a existência de um pato involuntário)
(Obviamente podendo-se imprimir dinheiro todas estas dinâmicas podem sair alteradas)