Maria João Avillez, hoje. Vale a pena reflectir.
"Há cada vez a percepção de que, na sociedade atual, se vai “implantando” uma linguagem que reflete — e pior, transmite e incessantemente retransmite — o crescimento de uma quase demencial agressividade. Vê-se à vista desarmada, nos écrans, na rua, em comícios, nos liceus, em reuniões comunitárias e claro, na montra da media. Que a cultiva, promove e amplia. Protagonistas, produtores, agentes, obreiros da nova era surgem-nos cada vez mais contaminados pelo ressentimento, deixando gangrenar divisões e praticando a acusação torpe e passando o seu imediato certificado de culpa com a espantosa desenvoltura de quem respira. E praticando ainda, com cada vez maior frequência, o insulto ofensivo, a humilhação, o desprezo, a condenação, o ódio. Brandindo as palavras como armas remetidas pela mais letal das rejeições.
É a guerra. E por isso, é assustador."