............................A MENINA GABRIELA...........................................
Ha pouco sai de casa,tomei consciencia,que este ano,ainda nao tinha cortado o cabelo nem a barba.Atravessei a rua,entrei num cabeleireiro de senhoras,sentei-me numa cadeira,e pedi a uma Venezuelana,que me desbastasse os pelos.Quando ela me lavava a cabeca,e me fazia massagens na cabeca,de olhos fechados,o passado voltou!
Tinha uns vinte anos,e costumava cortar o cabelo numa barbearia no Rossio,onde cinco homens cortavam os cabelos,e duas raparigas,novas e boas,para alem de fazerem parte da decoracao,uma lavava as cabecas,a outra tratava das unhas.
Gostava de la ir
,era o unico lugar onde uma mulher lavava a minha cabeca,metia os dedos nos meus cabelos,e fazia-me festas no coiro.
Costumava la encontrar o senhor Armindo,um amigo do meu pai,que todas as semanas,pintava os pelos brancos de preto e pintava de verniz as unhas.
Ja estava aviado,uma moeda de dez escudos na mao,a gorgeta,vinte e cinco tostoes na outra,quando o senhor Armindo,se voltou para mim,e disse;
Ja viste as tuas unhas,estao enormes,a menina Marlene,vai te cortar as unhas!
Sentado numa mesa,coberta com uma toalha,com as maos estendidas,ela la foi cortando as unhas,por debaixo da mesa,as pernas dela
implicavam nas minhas,sentia o calor que vinha do corpo dela,sentia as caricias nas maos,unhas cortadas,peles arrancadas,e ao meu lado,o senhor Armindo,ja com o cabelo pintado,nao tirava os olhos de mim.
James,agora tens de as pintar,ves as minhas?
Nunca pintei as unhas senhor Armindo,isso e coisa de mulheres!
Estas a chamar-me maricas,vou falar com o teu pai!
Quando dei por mim,tinha as unhas pintadas de verniz.Sai para a rua,com as maos nos bolsos,temendo que alguem conhecido,me visse as maos.
Fui para a Faculdade,para a cantina Universitaria,sempre com as maos nos bolsos,e tive logo que vir para casa,tal era o meu terror.
Vivia nesse tempo com a minha avo Julia,uma senhora que sempre adorei,e que tinha um grande humor;
Avo,olhe para as minhas maos,pintei-as de verniz!
Oh meu rico neto,as tuas maos parecem as maos da menina Gabriela!
Fechei-me na casa de banho,agua a ferver no lavatorio,e as maos meia hora de molho.O verniz nao saia,e eu ja estava desesperado,e tive que recorrer a minha avo,que com um pedaco de algodao,e um frasco de acetona,me livrou do pesadelo.
Nessa noite,sai com uma miuda,avancada no tempo.Fomos ao cinema Imperio,ver uma comedia italiana.O raio da miuda,parecia que estava louca,e nao parava de me beijar o pescoco.
Chegado a casa,ao despir a camisa,vi os labios dela por todo o lado,os colarinhos e ate no peito,estavam com baton vermelho,A preocupacao voltou,tinha que esconder a camisa da minha avo.
De manha,quando a Adosinda chegou,fui logo a correr para junto dela:
Adozinda,tens que me ajudar,lava-me ja esta camisa,esta cheia de marcas de baton,e nao quero que a minha avo,veja.
Oh menino,nao me diga,que anda metido com a menina GABRIELA!
James