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Autor Tópico: Greve dos professores  (Lida 138556 vezes)

Zel

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Re:Greve dos professores
« Responder #500 em: 2013-06-18 19:28:45 »
o que tem de especial concordar com o homem numas coisas e discordar noutras, parece-me natural e saudavel (pese embora desconheca o texto de que falas)

acho que tens uma visao infantil do que eh o debate de ideias mas se achas que descobriste alguma incoerencia fantastica abre ja o champagne, nao te quero impedir de comemorar

Na vida,todos os argumentos sao retorquiveis.......o problema e o UMBIGO!Todos nos andamos por aqui,com educacoes diferentes,com realidades sociais diferentes,com umbigos diferentes,e nas discussoes,vem acima o nosso UMBIGO,pouco importa o que os outros pensam,o que esta certo,somos nos,e de novo o umbigo,centro do corpo.

o sousa tavares diz imensas coisas com que discordo e imensas com que concordo, desta vez escreveu um artigo com que concordo, isto eh um problema porque ? onde esta a incoerencia? onde esta o meu ego inflado por explicar isto ?
« Última modificação: 2013-06-18 19:31:46 por Zel »

Luisa Fernandes

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Re:Greve dos professores
« Responder #501 em: 2013-06-18 20:48:24 »
Este post é para os meus amigos, sobretudo não professores, que dizem não concordar com a greve de ontem.

De referir que o Sr. Ministro teve todas as condições para que todos os alunos tivessem feito o exame na mesma data e à mesma hora. Não o quis fazer. Por birra, por teimosia ou por pensar que seriam poucos, aqueles que adeririam à greve. E não adianta virem ao final do dia apresentarem os números que mais lhe agradam. Para garantirem que as condições de vigilância fossem as que a constam nas normas de exame, para ontem, o ministério precisava de 8 mil professores para vigiarem os cerca de 60 mil alunos do ensino público que faziam exame a Português. Não os conseguiu. Nuno Crato não tem 8 mil professores do seu lado. Os exames que se realizaram, fizeram-se recorrendo a atropelos de regras descritas nas normas de exame, tão rigorosas em determinadas alturas e que pelos vistos ontem de nada valiam…

Mas porquê a greve de ontem?

A greve não foi aos exames, foi em defesa da escola pública, da qualidade de ensino, e dos postos de trabalho!
 O que esperavam as pessoas que criticam a greve de ontem? Que aguardássemos por setembro, quando milhares de contratados ficarem sem emprego e outros tantos professores do quadro para lá caminhem, passando algum tempo no purgatório da requalificação? O que fariam esses críticos se soubessem que ficariam desempregados daqui a dois meses? Não lutariam pelo seu posto de trabalho usando todas as armas possíveis? Criticam (e eu também) as medidas de austeridade, os impostos demasiado elevados, a elevada taxa de desemprego, e depois criticam que milhares de professores demonstrem o seu desagrado por essas medidas.

Nós professores e nós portugueses por todas as medidas de austeridade que a troika, com o aval dos nossos governantes, nos vão impondo, muito brandos temos sido nas formas de protesto. Vejam o que está a acontecer na Turquia, no Brasil, por discordarem do aumento dos transportes públicos, do enorme investimento nos estádios de futebol e as sucessivas derrapagens de orçamento e a corrupção e a vigarice implícita. Vejam a forma de protestar dos gregos contra as medidas de austeridade a que também têm sido sujeitos.

Talvez o protesto recorrendo ao direito à greve afinal não tenha sido tão imoral quanto (principalmente alguns comentadores) querem fazer crer. O protesto de ontem é sobretudo um grito de revolta contra todas as injustiças a que temos sido sujeitos.

A. Mendes
 (Mais um professor estranho, pois não sou sindicalizado, nem tenho qualquer filiação politica).
Quem não Offshora não mama...

Incognitus

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Re:Greve dos professores
« Responder #502 em: 2013-06-18 21:25:54 »
A greve foi claramente contra:
* 40 horas de trabalho como os outros têm;
* A possibilidade de ser despedido como os outros.

Isto não nos diz nada sobre a escola pública. A escola pública bem se podia danar se o governo dissesse que se ficava nas 35 horas e não existiriam despedimentos. A greve é normal porque se trata de defender interesses particulares, simplesmente não vale a pena travesti-la de uma greve pela escola pública.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Zel

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Re:Greve dos professores
« Responder #503 em: 2013-06-18 21:44:44 »
qd os professores dizem que estao a lutar pela defesa da escola publica mas o que esta em cima da mesa sao questoes totalmente diferentes a minha interpretacao eh que estao a ameacar publicamente a escola publica de represalias (eufemisticamente chamam a coisa de falta de motivacao), estao a lutar por defender a escola publica de si proprios
« Última modificação: 2013-06-18 21:49:20 por Zel »

Happy_TheOne

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Re:Greve dos professores
« Responder #504 em: 2013-06-18 21:53:18 »
Citar
Vejam a forma de protestar dos gregos contra as medidas de austeridade a que também têm sido sujeitos.

O que ganharam ou ganham com isso ...mais austeridade ..., se o governo tiver mesmo de despedir acham que a greve é que vai impedir .....eu acho que ha uma parte que os professores se dizem inteligentes nao perceberam .....estamos falidos, nao ha dinheiro, nao impostos que sustem este estado, nao ha alunos nem jovens empregados que sustentem as vossas regalias, nao somos nos que produzimos o dinheiro ....

Se o motivo a greve é esse relatado vão fazer protestos aos credores, a Bruxelas, etc ....eles é que estão a exigir tudo porque senão nem este governo cortava nada ainda e ainda vos dava era mais uns aumentos e mais uns dias de ferias .....
« Última modificação: 2013-06-18 21:55:51 por Happy_one »

pereira

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Re:Greve dos professores
« Responder #505 em: 2013-06-18 22:12:53 »
A greve foi claramente contra:
* 40 horas de trabalho como os outros têm;
* A possibilidade de ser despedido como os outros.

Isto não nos diz nada sobre a escola pública. A escola pública bem se podia danar se o governo dissesse que se ficava nas 35 horas e não existiriam despedimentos. A greve é normal porque se trata de defender interesses particulares, simplesmente não vale a pena travesti-la de uma greve pela escola pública.

Com efeito toda a gente aqui já sabe bem contra o que é a luta dos professores.
Seria interessante que neste espaço de discussão, quem fosse a favor dessa greve contestasse com clareza e argumentação que fizesse sentido aos demais a validade da sua luta. E isso não foi até agora, na mho, feito por ninguém.
Como é hábito nos professores, "escondem-se" por detrás de dialéticas a meu ver completamente inúteis e sem sentido para o público em geral.
Essa dialética é algo muito próprio da classe e que frequentemente coloca quem está por fora dela sem saber do que verdadeiramente estão a falar quando se referem aqueles articulados e diplomas e coiso-e-tal que por vezes me leva a pensar se o farão para se evidenciar perante os demais ou se à força de a repetirem entre eles próprios já não conseguem formular um discurso claro que chama as coisas pelos nomes.
Seja como for, o que é certo é que para além dos motivos desta greve que toda a gente entende, não foram aqui capazes de apresentar argumentos que contrariem a visão dos demais e faça ver a situação por prismas que façam sentido.
E no final, após repetirem a ladainha vezes sem conta, ficam aborrecidos com o ppl achando os criticos terão algo contra os professores. Não estás comigo estás contra mim. Não conseguem ou não querem entender que o país vive numa realidade completamente diferente, optando por uma esquizofrenia coletiva e coletivista de quem acha que pelo facto de terem uma licenciatura que os levou ao ensino serão assim uma espécie de portugueses especiais que deverão ter direitos especiais.
É contra isso que afinal o ppl está contra, da mesma forma que está contra contra os politicos inúteis, ou os administradores de EP's, ou as PPP, ou a corrupção ou tudo o mais que o nosso dinheiro já não consegue pagar.
No meu trabalho, se não for produtivo tenho de ir procurar emprego para outro lado. A minha competência já é considerada secundária se não a consigo aplicar na obtenção dos resultados esperados. Se a minha empresa não conseguir resultados, todos os empregos ficam em questão.
Ora se eu ficar desempregado e não conseguir emprego na área onde tive a minha formação, terei de procurar outra atividade onde as minhas aptidões possam adequar-se. Em que é que eu sou diferente de um professor ou ele de mim? Porque razão haveremos de ter portugueses que entendem que o estado deve assegurar esse emprego até ao resto da sua vida, nem que seja ao custo de horário zero? Quem é o estado? Quem paga isso?
Eu, como muita gente que conheço, trabalho 12 horas e por vezes mais por dia. E não são passadas em casa ou a preparar o trabalho para o dia seguinte, porque ao estar contactável 24 horas por dia, com portátil da empresa e acesso aos emails então isso prolongar-se-ia mas já nem vou por ai. Não me queixo. Habituei-me como toda a gente a esse ritmo ao longo dos anos e já não consigo entender que alguém faça greve porque não quer trabalhar 40 horas semanais (letivo e não letivo!!!!).
São basicamente raciocínios como estes que não vi nenhum grevista debater. Como querem que nós entendamos se eles não são capazes de se exprimir clara e objetivamente, justificando a sua luta no contexto do resto da sociedade?
Não serão letrados suficientes para conseguir ter essa reflexão ou não têm de facto argumentos? Num caso ou noutro o que vemos é ataques a tudo e todos ou o recurso ao insulto e um complexo de calimero.
Para que fique claro, faço de novo a distinção entre grevistas oportunistas e professores competentes que os há e conheço muitos. Mas esses estão calados, certamente tristes pela forma como os restantes têm denegrido uma profissão tão nobre como é a do educador.

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Re:Greve dos professores
« Responder #506 em: 2013-06-18 22:26:23 »
A greve foi claramente contra:
* 40 horas de trabalho como os outros têm;
* A possibilidade de ser despedido como os outros.

Isto não nos diz nada sobre a escola pública. A escola pública bem se podia danar se o governo dissesse que se ficava nas 35 horas e não existiriam despedimentos. A greve é normal porque se trata de defender interesses particulares, simplesmente não vale a pena travesti-la de uma greve pela escola pública.

Com efeito toda a gente aqui já sabe bem contra o que é a luta dos professores.
Seria interessante que neste espaço de discussão, quem fosse a favor dessa greve contestasse com clareza e argumentação que fizesse sentido aos demais a validade da sua luta. E isso não foi até agora, na mho, feito por ninguém.
Como é hábito nos professores, "escondem-se" por detrás de dialéticas a meu ver completamente inúteis e sem sentido para o público em geral.
Essa dialética é algo muito próprio da classe e que frequentemente coloca quem está por fora dela sem saber do que verdadeiramente estão a falar quando se referem aqueles articulados e diplomas e coiso-e-tal que por vezes me leva a pensar se o farão para se evidenciar perante os demais ou se à força de a repetirem entre eles próprios já não conseguem formular um discurso claro que chama as coisas pelos nomes.
Seja como for, o que é certo é que para além dos motivos desta greve que toda a gente entende, não foram aqui capazes de apresentar argumentos que contrariem a visão dos demais e faça ver a situação por prismas que façam sentido.
E no final, após repetirem a ladainha vezes sem conta, ficam aborrecidos com o ppl achando os criticos terão algo contra os professores. Não estás comigo estás contra mim. Não conseguem ou não querem entender que o país vive numa realidade completamente diferente, optando por uma esquizofrenia coletiva e coletivista de quem acha que pelo facto de terem uma licenciatura que os levou ao ensino serão assim uma espécie de portugueses especiais que deverão ter direitos especiais.
É contra isso que afinal o ppl está contra, da mesma forma que está contra contra os politicos inúteis, ou os administradores de EP's, ou as PPP, ou a corrupção ou tudo o mais que o nosso dinheiro já não consegue pagar.
No meu trabalho, se não for produtivo tenho de ir procurar emprego para outro lado. A minha competência já é considerada secundária se não a consigo aplicar na obtenção dos resultados esperados. Se a minha empresa não conseguir resultados, todos os empregos ficam em questão.
Ora se eu ficar desempregado e não conseguir emprego na área onde tive a minha formação, terei de procurar outra atividade onde as minhas aptidões possam adequar-se. Em que é que eu sou diferente de um professor ou ele de mim? Porque razão haveremos de ter portugueses que entendem que o estado deve assegurar esse emprego até ao resto da sua vida, nem que seja ao custo de horário zero? Quem é o estado? Quem paga isso?
Eu, como muita gente que conheço, trabalho 12 horas e por vezes mais por dia. E não são passadas em casa ou a preparar o trabalho para o dia seguinte, porque ao estar contactável 24 horas por dia, com portátil da empresa e acesso aos emails então isso prolongar-se-ia mas já nem vou por ai. Não me queixo. Habituei-me como toda a gente a esse ritmo ao longo dos anos e já não consigo entender que alguém faça greve porque não quer trabalhar 40 horas semanais (letivo e não letivo!!!!).
São basicamente raciocínios como estes que não vi nenhum grevista debater. Como querem que nós entendamos se eles não são capazes de se exprimir clara e objetivamente, justificando a sua luta no contexto do resto da sociedade?
Não serão letrados suficientes para conseguir ter essa reflexão ou não têm de facto argumentos? Num caso ou noutro o que vemos é ataques a tudo e todos ou o recurso ao insulto e um complexo de calimero.Para que fique claro, faço de novo a distinção entre grevistas oportunistas e professores competentes que os há e conheço muitos. Mas esses estão calados, certamente tristes pela forma como os restantes têm denegrido uma profissão tão nobre como é a do educador.
Terás de fazer melhor.
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Re:Greve dos professores
« Responder #507 em: 2013-06-18 22:29:24 »
Não se vê porquê - o pereira foi bastante claro. E os verdadeiros motivos da greve também são claros - não querem ser iguais aos outros. Qual a dúvida? Não vale é a pena travestir isso de uma defesa da escola pública. É sim uma defesa dos interesses particulares, nada mais.
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Re:Greve dos professores
« Responder #508 em: 2013-06-18 22:29:40 »
Citar
Reflexões sobre a greve dos professores… para memória futura
 

                A greve dos professores aos exames do dia 17 de junho acabou, infelizmente, por acontecer. Para a sua história ficam três reflexões fundamentadas em factos e uma conclusão que merecem ser partilhados.

            Primeira. Na semana que antecedeu esta greve, vários foram os comentadores que, nos media, pretenderam desinformar e manipular a opinião pública. Nada há de novo nesta atitude, pois há muito tempo que todos percebemos que o propósito destes corifeus profissionais — que pouco sabem (nem pretendem saber) sobre os meandros da educação, bem como a propósito de outros temas sobre os quais debitam todas as semanas demasiados impropérios — é conquistar audiências e condicionar a agenda política e jornalística. Decididamente, os factos e as razões não lhes interessam. Pressentiram logo que seria politicamente incorreto para eles subscrever esta impopular greve dos professores. E, por isso, preferiram ignorar olimpicamente as seguintes evidências factuais: o ministério da Educação pretende, através de diversas artimanhas, impor mais horas letivas aos professores dos agrupamentos babilónicos entretanto decretados e aumentar ainda mais o número de alunos por turma (para 26, no mínimo), com vista a reduzir drasticamente o número de horários dos docentes; ora, a eventual concretização destas e de outras medidas obrigaria os professores que permanecem na escola pública a trabalhar até à exaustão, prestando com isso um pior serviço público aos alunos e aos pais, e, lançariam milhares de professores, muitos deles com 15 ou 20 anos de serviço, para o chamado regime de mobilização especial, leia-se desemprego a curto ou médio prazo. Como se tudo isto não bastasse, estes opulentos corifeus vislumbraram ainda que os professores que se encontram perante estas dramáticas evidências de trabalhar até estoirar ou de acabarem desempregados são desprovidos de vontade própria e, por isso, manietados por todos os sindicatos (da CGTP à UGT), que representam as várias tendências político-ideológicas nacionais.

            Segunda. Evidentemente, a greve aos exames teve uma adesão esmagadora por parte dos professores. Em várias escolas, os exames não se realizaram, mas é verdade que noutras realizaram-se em algumas ou mesmo em todas as salas. Tal facto tem, porém, uma explicação simples: como o acórdão do Colégio Arbitral decidiu não decretar serviços mínimos para a greve, o ministério da Educação impôs aos agrupamentos uma intimidatória convocatória geral de professores para a manhã do dia da greve. Eis um exemplo concreto e bem esclarecedor do que aconteceu por todo o país nesse dia 17 de junho: o agrupamento babilónico de Oliveira do Hospital tem 321 professores provenientes de cinco escolas; destes, não fizeram greve apenas 17 docentes, que, assim, asseguraram a realização dos exames em 6 das 12 salas existentes, no secretariado de exames e na qualidade de coadjuvantes das provas. A esta informação importa adicionar que houve escolas onde os exames decorreram em ginásios ou refeitórios, portanto nessas escolas os alunos fizeram as suas provas em condições adversas e ilegais. Houve muitas escolas onde os exames foram vigiados por professores ou formadores impreparados para cumprir os rígidos procedimentos e normas previstos para esta função. Houve ainda escolas onde os estudantes que não puderam fazer exames, alegaram, legitimamente, falta de equidade, e invadiram as salas onde as provas estavam a realizar-se. E houve ainda escolas onde os exames começaram depois da hora marcada, ou realizaram-se em salas à porta fechada, ou os professores vigilantes usaram os seus telemóveis.

            Terceira: Uma última palavra para registar o comportamento dos professores neste dia fatídico. Mais uma vez, evoco o exemplo da escola de Oliveira do Hospital, que, decerto, pode aplicar-se, com uma ou outra gradação, a todo o país. Como já percebemos, a maioria esmagadora dos docentes mantiveram posições coerentes ao longo desta luta — a sua decidida opção por fazer greve corroborou os atos e palavras assumidas nos dias e semanas anteriores. Houve pelo menos uma colega grevista, cujo filho fazia exame nesse dia. E houve ainda casais de professores que fizeram greve, privando, com esse ato, o seu agregado familiar de dois dias de salário nestes tempos tão difíceis marcados pela austeridade cega e a espoliação dos cidadãos contribuintes pelo governo em funções. Pelo contrário, houve uma ínfima minoria — talvez movida por fidelidades ou compromissos político-partidários — que parece subscrever todas as medidas tomadas por este ministério de Educação e que, por isso, entendeu que esta greve não teria qualquer sentido. E houve depois professores que assumiram atitudes… «heterodoxas»: contribuíram, durante a semana anterior, com dinheiro para ressarcir os colegas que com as suas greves cirúrgicas inviabilizaram a realização de reuniões de conselhos de turma de avaliação, esconjuraram, nas salas de professores, as políticas do ministério da Educação, mas resolveram furar a greve escusando-se no untuoso argumento de que, ao contrário dos professores grevistas, se «preocupam com os alunos».

            Conclusão. É nestas situações limite que é possível aquilatar com maior precisão as virtudes e os defeitos do espírito humano. A maioria dos professores não devem, porém, perder a esperança e desistir de continuar a combater por uma melhor escola pública — ainda que o êxito da sua luta venha a beneficiar também os (pouquíssimos) colegas que preferiram assobiar para o lado, autoexcluírem-se deste combate cívico e reivindicar para si o «dever» de velarem pelos «interesses dos alunos».

Luís Filipe Torgal

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Re:Greve dos professores
« Responder #509 em: 2013-06-18 22:31:33 »
Por acaso é mesmo a falta de argumentos porque ainda nao vi nenhum e quando nao os teem noutros sítios passam ao insulto .... :o :D

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Re:Greve dos professores
« Responder #510 em: 2013-06-18 22:38:24 »
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O que está em causa para o Governo na greve dos professores é mostrar ao conjunto dos funcionários públicos, e por extensão a todos os portugueses que ainda têm trabalho, que não vale a pena resistir às medidas de corte de salários, aumentos de horários e despedimentos colectivos, sem direitos nem justificações, a aplicar a esses trabalhadores. É um conflito de poder, que nada tem a ver com a preocupação pelos alunos ou as suas famílias.


Há mesmo em curso uma tentação de cópia do thatcherismo, à portuguesa, numa altura em que uma parte do Governo pende para uma espécie de gotterdammerung revanchista e vingativo, de que as medidas ilegais como a recusa do pagamento do subsídio de férias pela lei em vigor são um exemplo. Não é porque não tenha dinheiro, é porque quer mostrar que é o Governo que decide as regras do jogo e não os tribunais e as leis. Qualquer consideração pelas pessoas envolvidas, não conta.


O Governo sabe que a sua legitimidade é contestada sem hesitações por muita gente, e pretende ultrapassar com um exercício de autoridade essa enorme fragilidade. Por isso, a greve dos professores é muito mais relevante do que o seu significado como conflito profissional, e é também por isso que o Governo, aproveitando o deslaçamento que tem acentuado na sociedade com o seu discurso de divisão, usa pais e alunos para a combater. Não é líquido que não possa ter resultados, até porque os sindicatos não têm conseguido ter um discurso límpido e claro, e os professores que se mobilizaram quase a 100% contra Maria de Lurdes Rodrigues, por causa da avaliação, estão hoje muito mais encostados à parede e enfraquecidos.


O medo dos despedimentos é muito perturbador no actual contexto de crise social, em que quem perde o trabalho nunca mais o vai recuperar. Por isso, a greve dos professores, como a greve dos funcionários públicos, é pelo emprego, em primeiro lugar, em segundo lugar e em último lugar. É também contra a imposição unilateral de condições de trabalho e horários no limite do aceitável. Mas o emprego é hoje o bem mais precioso e mais ameaçado. Aliás, o aumento do horário de trabalho é também uma medida para facilitar o desemprego.


Os sindicatos são um instrumento vital de resistência social em tempos como os de hoje, e é ridículo e masoquista ver alguns professores a "esnobarem" dos sindicatos quando mais precisam deles. No entanto, isto não pode fazer esconder que os sindicatos estão longe de estarem à altura do momento que o mundo laboral está a atravessar. É aliás aqui que os efeitos mais perniciosos da dependência partidária do movimento sindical português mais se manifesta, quer para a CGTP, quer para a UGT.


Num momento em que existe uma ofensiva em primeiro lugar contra os funcionários públicos e, depois, contra qualquer forma de resistência organizada dos trabalhadores, ou seja, também contra os sindicatos e os direitos laborais, substituir uma acção próxima dos mais atingidos por uma tentativa de lhe dar cobertura com slogans políticos é um erro que se paga caro.


Não adianta virem usar slogans, como seja a "defesa da escola pública", apresentando-os como a principal razão de luta dos professores. Em casa em que não há pão, ninguém se mobiliza por abstracções, mobiliza-se pelo pão. É verdade que o Governo é contra a "escola pública", mas o seu objectivo fundamental nestes dias é despedir funcionários públicos, incluindo os professores, para garantir os cortes permanentes da despesa pública a que se comprometeu, em grande parte porque, ao ter deprimido a economia no limite do aceitável, não tem outro modo de controlar o défice. Se o escolhe fazer nos mais fracos e dependentes da sua vontade, como sejam os funcionários públicos, é relevante, mas até por isso é a balança de poder que está em causa nas próximas greves.


A utilização de uma linguagem estereotipada pode ser muito confortável do ponto de vista ideológico, mas funciona como entrave quer à mobilização profissional, quer à mais que necessária mobilização da sociedade. Não é pela "defesa da escola pública", nem por qualquer objectivo assim definido programaticamente, que a greve pode ter sucesso, em particular face à ofensiva governamental que conta com muito mais apoio na comunicação social do que se pensa. É pela condição do trabalho, pelo emprego, que, no actual contexto, são muito menos egoístas do que podem parecer. É, aliás, também nesse terreno que os funcionários públicos e os professores podem e devem "falar" com todos os outros trabalhadores do sector privado, porque aí os seus objectivos são comuns.


O que parece que os sindicatos têm vergonha de enunciar é o seu papel de defesa de um grupo profissional, como se os objectivos laborais não fossem objectivos nobres de per si, ainda mais na actual tentativa de criar uma sociedade "empreendedora", assente na força de poucos contra o valor e a dignidade do trabalho de muitos. A incapacidade que tem a esquerda de enunciar objectivos firmes no âmbito destes valores, substituindo-os por uma retórica abstracta, acaba por resultar numa falsa politização que se torna num instrumento espelhar do mesmo discurso de divisão que o Governo faz. Ainda estou à espera que alguém me explique por que razão não se diz preto no branco, sem bullshit, que a greve é justificada pela simples motivo que nenhum grupo profissional numa sociedade democrática, seja empregado de uma empresa, ou do Estado, pode aceitar que se lhe torne o despedimento trivial, por decisões que são de proximidade (os chefes imediatos), e que não têm que ser justificadas a não ser por uma retórica vaga de "reestruturação", um outro nome para cortes cegos e pela linha da fraqueza dos "cortados".


E também não se diz, sem bullshit, que não é fácil manter a calma e a civilidade quando se tem que defrontar do lado das negociações pessoas que mentem quanto for preciso, e que estão apenas a ver se meia dúzia de mentiras ou ambiguidades servem para passar a tempestade e voltar à acalmia que precisam para fazerem tudo aquilo que hoje dizem que não vão fazer. Os mesmos que, nos últimos dois anos, tudo prometeram e nada cumpriram e que ainda há poucos meses juravam em público que nada disto iria acontecer. Ou seja, gente não fiável, de quem se pode esperar tudo e cujo discurso nas suas ambiguidades deliberadas está a ser feito para que tudo seja possível. Em Agosto ou em Setembro, passada a vaga de conflitualidade social, vão ver como milhares de pessoas vão para a "requalificação", como o aumento dos horários de trabalho vai servir para tornar excedentária muita gente e como, sejam professores ou contínuos, todos vão estar no mesmo barco do olho da rua.


Eu continuo a achar que a decência mobiliza muito mais do que a "escola pública" e que tem a enorme vantagem de toda a gente perceber quase de imediato o que é. E tem ainda a vantagem de ser fácil explicar, e de ser fácil de compreender por toda a gente, que é indecente o que se está a fazer aos funcionários públicos e aos professores. E assim socializar o mesmo tipo de revolta que muitos dos actuais alvos do Governo sentem, porque ela não é diferente da que tem muitos milhões de portugueses. Digo bem, milhões. Não é coisa de somenos.


NOTA: à data em que escrevo (14 de Junho)), não sei ainda quais vão ser os resultados dos encontros entre o ministério e os professores, mas, sejam quais forem, o contexto é este. No actual momento da sociedade portuguesa, ou se ganha ou se perde. Não há meio termo.

JPP Via Abrupto
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Re:Greve dos professores
« Responder #511 em: 2013-06-18 22:41:29 »
a smog tem uma enorme falta de argumentos pois sabe que se comecar a pensar tera de concordar connosco, assim sendo prefere tudo difuso tal como foi explicado tao bem pelo pereira

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Re:Greve dos professores
« Responder #512 em: 2013-06-18 22:51:11 »
a smog tem uma enorme falta de argumentos pois sabe que se comecar a pensar tera de concordar connosco, assim sendo prefere tudo difuso tal como foi explicado tao bem pelo pereira
estou cansada porque estou a trabalhar. não fico aqui todo o dia de papo para o ar.
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Re:Greve dos professores
« Responder #513 em: 2013-06-18 22:54:09 »
Smog, tu leste esse do JPP? Porque ele basicamente diz o mesmo que eu: que estão a fazer greve porque não querem despedimentos, não devido a uma defesa da escola pública.

E claro que ninguém quer despedimentos ou ser despedido - mas por outro lado é apenas justo que qualquer um tenha o risco de o ser. Não devem uns ser filhos e outros enteados.
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Re:Greve dos professores
« Responder #514 em: 2013-06-18 22:59:38 »
Bem este tópico para mim esta encerrado, ja tudo foi dito e nada foi dito :-\
Argumentos sao, serem uma classe aristocrática que se esconde atras da defesa da escola publica mas no final de tudo o que interessa é nao perder o statuto de ser diferente dos outros ou entao textos do ressabiado PP com tiques de comunista onde ja pertenceu ....a quem deve estar a doer os cortes porque sempre viveu do estado desde de deputado, passando a professor  :D, embaixador , etc....
Ou seja depois
Destas 15 páginas já nos estamos a repetir porque quem pertence a classe nunca conseguiu contrariar os argumentos de quem trabalha no privado simplesmente porque não os ha e não perceberam que as greves hoje em dia já não mudam nada e apenas prejudicam quem paga tudo mas isso eles estão se lixando ....

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Re:Greve dos professores
« Responder #515 em: 2013-06-18 23:02:24 »
Smog, tu leste esse do JPP? Porque ele basicamente diz o mesmo que eu: que estão a fazer greve porque não querem despedimentos, não devido a uma defesa da escola pública.

E claro que ninguém quer despedimentos ou ser despedido - mas por outro lado é apenas justo que qualquer um tenha o risco de o ser. Não devem uns ser filhos e outros enteados.
quando me contraram garantiram-me emprego para o resto da vida: o meu contrato diz "nomeação definitiva".
é defesa de escola publica porque se eu não tiver condições de trabalho a qualidade da minha prestação desce (eu mais 100mil).
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Re:Greve dos professores
« Responder #516 em: 2013-06-18 23:05:19 »
Bem este tópico para mim esta encerrado, ja tudo foi dito e nada foi dito :-\
Argumentos sao, serem uma classe aristocrática que se esconde atras da defesa da escola publica mas no final de tudo o que interessa é nao perder o statuto de ser diferente dos outros ou entao textos do ressabiado PP com tiques de comunista onde ja pertenceu ....a quem deve estar a doer os cortes porque sempre viveu do estado desde de deputado, passando a professor  :D, embaixador , etc....
Ou seja depois
Destas 15 páginas já nos estamos a repetir porque quem pertence a classe nunca conseguiu contrariar os argumentos de quem trabalha no privado simplesmente porque não os ha e não perceberam que as greves hoje em dia já não mudam nada e apenas prejudicam quem paga tudo mas isso eles estão se lixando ....
o tópico está encerrdado para ti porque já tinhas a tua ideia feita e continuaste com ela.
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Re:Greve dos professores
« Responder #517 em: 2013-06-18 23:06:11 »
Smog, tu leste esse do JPP? Porque ele basicamente diz o mesmo que eu: que estão a fazer greve porque não querem despedimentos, não devido a uma defesa da escola pública.

E claro que ninguém quer despedimentos ou ser despedido - mas por outro lado é apenas justo que qualquer um tenha o risco de o ser. Não devem uns ser filhos e outros enteados.
quando me contraram garantiram-me emprego para o resto da vida: o meu contrato diz "nomeação definitiva".
é defesa de escola publica porque se eu não tiver condições de trabalho a qualidade da minha prestação desce (eu mais 100mil).

Smog, portanto o teu contrato diz que aconteça o que acontecer, os restantes Portugueses estão obrigados a manter-te empregada mesmo que não existam putos? eheh Isso não faz qq sentido.
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Re:Greve dos professores
« Responder #518 em: 2013-06-18 23:07:36 »
Existem sempre putos.
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Re:Greve dos professores
« Responder #519 em: 2013-06-18 23:24:21 »
Existem sempre putos.

Suficientes, não necessariamente. O país, as outras pessoas, não existem para garantir um emprego a professores. Existem sim para viverem a sua vida e obterem dos professores a educação necessária pelo mínimo de recursos possível, não outro nível qualquer.
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