A greve foi claramente contra:
* 40 horas de trabalho como os outros têm;
* A possibilidade de ser despedido como os outros.
Isto não nos diz nada sobre a escola pública. A escola pública bem se podia danar se o governo dissesse que se ficava nas 35 horas e não existiriam despedimentos. A greve é normal porque se trata de defender interesses particulares, simplesmente não vale a pena travesti-la de uma greve pela escola pública.
Com efeito toda a gente aqui já sabe bem contra o que é a luta dos professores.
Seria interessante que neste espaço de discussão, quem fosse a favor dessa greve contestasse com clareza e argumentação que fizesse sentido aos demais a validade da sua luta. E isso não foi até agora, na mho, feito por ninguém.
Como é hábito nos professores, "escondem-se" por detrás de dialéticas a meu ver completamente inúteis e sem sentido para o público em geral.
Essa dialética é algo muito próprio da classe e que frequentemente coloca quem está por fora dela sem saber do que verdadeiramente estão a falar quando se referem aqueles articulados e diplomas e coiso-e-tal que por vezes me leva a pensar se o farão para se evidenciar perante os demais ou se à força de a repetirem entre eles próprios já não conseguem formular um discurso claro que chama as coisas pelos nomes.
Seja como for, o que é certo é que para além dos motivos desta greve que toda a gente entende, não foram aqui capazes de apresentar argumentos que contrariem a visão dos demais e faça ver a situação por prismas que façam sentido.
E no final, após repetirem a ladainha vezes sem conta, ficam aborrecidos com o ppl achando os criticos terão algo contra os professores. Não estás comigo estás contra mim. Não conseguem ou não querem entender que o país vive numa realidade completamente diferente, optando por uma esquizofrenia coletiva e coletivista de quem acha que pelo facto de terem uma licenciatura que os levou ao ensino serão assim uma espécie de portugueses especiais que deverão ter direitos especiais.
É contra isso que afinal o ppl está contra, da mesma forma que está contra contra os politicos inúteis, ou os administradores de EP's, ou as PPP, ou a corrupção ou tudo o mais que o nosso dinheiro já não consegue pagar.
No meu trabalho, se não for produtivo tenho de ir procurar emprego para outro lado. A minha competência já é considerada secundária se não a consigo aplicar na obtenção dos resultados esperados. Se a minha empresa não conseguir resultados, todos os empregos ficam em questão.
Ora se eu ficar desempregado e não conseguir emprego na área onde tive a minha formação, terei de procurar outra atividade onde as minhas aptidões possam adequar-se. Em que é que eu sou diferente de um professor ou ele de mim? Porque razão haveremos de ter portugueses que entendem que o estado deve assegurar esse emprego até ao resto da sua vida, nem que seja ao custo de horário zero? Quem é o estado? Quem paga isso?
Eu, como muita gente que conheço, trabalho 12 horas e por vezes mais por dia. E não são passadas em casa ou a preparar o trabalho para o dia seguinte, porque ao estar contactável 24 horas por dia, com portátil da empresa e acesso aos emails então isso prolongar-se-ia mas já nem vou por ai. Não me queixo. Habituei-me como toda a gente a esse ritmo ao longo dos anos e já não consigo entender que alguém faça greve porque não quer trabalhar 40 horas semanais (letivo e não letivo!!!!).
São basicamente raciocínios como estes que não vi nenhum grevista debater. Como querem que nós entendamos se eles não são capazes de se exprimir clara e objetivamente, justificando a sua luta
no contexto do resto da sociedade?
Não serão letrados suficientes para conseguir ter essa reflexão ou não têm de facto argumentos? Num caso ou noutro o que vemos é ataques a tudo e todos ou o recurso ao insulto e um complexo de calimero.
Para que fique claro, faço de novo a distinção entre grevistas oportunistas e professores competentes que os há e conheço muitos. Mas esses estão calados, certamente tristes pela forma como os restantes têm denegrido uma profissão tão nobre como é a do educador.