Há que refletir bem se muitas das acções que andam a ser tomadas, mais tarde ou mais cedo não se viram contra nós próprios.
Veículos militares a torto e a direito em Bruxelas, pedido à imprensa para não dar notícias, estados de Emergência prolongados, mudanças legislativas, violação de privacidade dos cidadãos, pedir a cidadãos que indiquem situações suspeitas.
Parece tudo tirado dum guião do "Ditadura for Dummies".
É verdade, mas não podes retirar o contexto nem os objectivos para fora da equação assim sem mais. Estas medidas todas estão a ser levadas a cabo em regimes democráticos, com o intuito de manter a segurança e a liberdade. Este sempre foi um paradoxo da democracia (a necessidade da força para combater a força, quando o diálogo é infrutífero), a não há grande volta a dar. Uma abordagem tipo Gandhi não funciona nestas casos---tal como não teria funcionado contra o Hitler (para aproveitar a comparação).
No caso de Bruxelas, talvez pudessem ter feito a coisa com menos aparato, mas a demonstração de força pode ter sido deliberada, para mostrar que "não estamos a dormir".
Penso que a questão de poder haver consequências futuras como represália não se coloca de todo---nós já estamos numa situação em que há represálias. Trata-se agora de as suprimir.
Sebastião, eu não defendo uma abordagem tipo Gandhi.
E os estados muito menos.
Os estados não actuam com base na "não violência". Se não "nos pomos finos" actuam é cada vez com mais violência e truculência.
A questão que eu coloco é se queremos dar mais poder ao estado em troca duma maior sensação de segurança. E é isso que Franklin, James Madison entre outros sempre alertaram.
Os estados querem sempre ampliar os seus poderes, e depois de adquirirem esses mesmos poderes, não os largam sem dar luta.
É preciso ter bastante cuidado com aquilo que vamos permitir que seja feito em troca de maior segurança.
Os governos ocidentais são duma hipocrisia e desonestidade incríveis. Nas minhas balizas isso é um bocado incompatível com valores democráticos.
Estão há décadas a cozinhar este caos, dadas as políticas completamente estúpidas e mentecaptas que (principalmente) US/UK/França aplicaram (e continuam actualmente) no Médio Oriente (e não só) desde a WWI.
Agora para resolver este imbróglio é preciso que a privacidade dos cidadãos seja devassada, que haja carros de combate nas ruas, que a imprensa tenha cuidadinho com o que reporta?
É um caminho bem perigoso esse em que nos vamos meter ...
Eu quando falo dos perigos, não falo do perigo dos terroristas do ISIS contra nós. Falo do perigo do que os "governos democráticos" podem fazer contra os próprios cidadãos.
Deixar um aparelho legislativo que permita opressão cair nas mãos duma maluca como a Le Pen e o resultado pode não ser lá muito agradável.
Reforço; interpretaste mal o que queria transmitir. O meu medo não é a represália dos terroristas, e a alteração do nosso próprio sistema (através do seu próprio interior). Por isso citei os cartoons que o Lark colocou.
Eu não quero abdicar da minha privacidade, ter um maluco qualquer a impor regras à imprensa, ter prisões apenas por suspeitas e sem suporte judicial, quando há medidas que podem ser tomadas e não o são.
E não são tomadas porque não convém mexer em águas turvas. É capaz de vir muita m#rda à tona ... e isso é que não convém.
Anda-se a brincar com isto tudo e pelo meio pagamos nós, pagam os cidadãos dos locais afectados por estas guerras completamente loucas.
Pagam seres humanos.
Ninguém tentou cortar as linhas de venda de crude do ISIS ou investigar quem são os intermediário e receptadores?
Continua-se a vender armas para zonas de conflito? Quer para facções rebeldes insanas, quer governos completamente anti-democráticos?
Continua-se a fechar os olhos para um estado que é um lixo como a Arábia a Saudita, e que para além de todo o tipo de práticas nojentas que têm dentro de portas, ainda andam a bancar todo o tipo de Islão Insano que exista pelo mundo fora. Madrassas no Paquistão, lunáticos no Sudão e em tantos outros lugares.
Mas nem todos são perdedores.
Há ganhadores no meio desta miséria humana.
E os ganhadores têm think tanks, fundações, entram forte e feio em Mega PACs; parece claro, que moldam a geopolítica que gera os seus lucros, não com base no interesse da população banal, mas no seu próprio interesse.
Para mim isto é uma definição de plutocracia e não de democracia.
Por isso há que ter cuidado com os poderes que cedemos.
Pois estamos a cede-los à favor de algo que não é um poder completamente democrático ...