É um símbolo dos tempos do fascismo onde uma camponesa analfabeta vai em nome de todas as ceifeiras pedir uma aumento de uns tostoes por dia e imediatamente aparece o braço armado de um governo que escraviza parte da população e a mata.
Se o tenente era desiquilibrado isso não impediu de prosseguir a carreira na GNR, imune a qualquer julgamento (apenas foi transferido para outra vila).
Sim, não ser punido é uma coisa estranha, e muito provavelmente não terá sido punido precisamente devido a ser uma manif.
Mas é duvidoso que o poder central tenha tido algo a ver com o que se passou "à priori", então se nem o patrão parecia estar ciente. E pela descrição da wikipédia, o que parece mesmo é que foi o resultado de uma acção de um GNR desequilibrado.
Exceptuando a falta de punição, seria quase como dizer que o GNR que matou e decapitou o tipo seria um símbolo da democracia presente.
Estás a fazer tentativas de manipulação.
O GNR que decapitou o fulano foi condenado (penso que ainda deve estar a cumprir pena).
Não há nenhuma referência na wikipédia a algum possivel desequilibrio. Não se tratou de um simples guarda nem sequer de um cabo mas alguém já com categoria de tenente na hieraquia. A tua tentativa de deturpar os factos é que te leva a ver um desequilibrio onde nunca está referido e que se alguma vez tivsesse sido detectado teria levado à reforma. Além de que atribuir a morte a um desiquilibrado teria sido uma otima saida para o governo.
O facto é que se tratava de operações coordenadas pela PIDE que no tempo das ceifas reforçava o policiamento nessas zonas.
Sobre a punição eu já disse 2-3x que é a única excepção mas pode muito bem ter sido decidida à posterior e não resultado de uma consulta à priori ao Estado central. Aliás, a existir essa consulta seria muito improvável que dissessem ao homem que a sua missão era matar uma mulher (porque não seria do interesse do Estado central). E seria também mais improvável (embora não impossível) que o homem acatasse tais ordens não obstante a forma como se portou.
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Eu li a descrição. O tipo, como um polícia prepotente e armado, agrediu a senhora (o que já é algo desequilibrado mas perfeitamente dentro do expectável na situação). A senhora, perante essa agressão, confrontou-o. Uma coisa que se deve saber sobre relações de poder, principalmente sobre relações de poder contra agressores armados, é que NÃO se deve colocar em causa o seu poder. Isto porque uma parte da agressão inicial e da atitude do agressor já provêm da sua necessidade de estabelecer o seu poder. Ora, estando perante um tipo que já mostrou ser desequilibrado, não espanta que essa confrontação subsequente tivesse o resultado que teve.
Ou seja, não é necessária qualquer explicação adicional para esperar aquele resultado. Não é necessária uma conspiração. É o mesmo género de resultado que se obtém ao se confrontar um assaltante armado. Só parte da motivação para se ser um assaltante armado provém do obter recursos em si. Outra parte vem de geralmente essas pessoas procurarem poder sobre as suas vítimas. Daí que confrontar um assaltante armado, até por palavras, pode ter (e tem, frequentemente) consequências catastróficas. Podem-se achar dezenas ou centenas de exemplos disto na Internet, lembro-me de um caso na Amadora há um par de anos atrás.
Podes sempre desejar outra explicação. Mas perante uma mulher fraca no meio de uma manifestação de mulheres, a GNR não teria qualquer dificuldade em prender e dispersar a manifestação por outros meios. Não necessitaria, não seria útil, nem seria a favor da intenção do governo central, matar alguém nessas circunstâncias. A dinâmica descrita do que acontece aponta muito mais para o desequilíbrio do GNR. De resto, até se nota pela descrição da reacção do patrão.
O mais provável para mim, pelo que sei destas coisas, é simplesmente o GNR ser desequilibrado e não ter tolerância a que lhe colocassem o poder em causa.