tão responsáveis como qualquer outro
Há muitos portugueses que acreditam que a desvalorização da moeda (no contexto do escudo) não é austeridade e que tudo seria melhor com uma moeda que não valesse um caracol.
E a história refere que os governos portugueses optam quase sempre pela desvalorização da moeda e não na realização de reformas estruturais. Mesmo com o FMI não fizeram as reformas devidas, imaginem com moeda própria.
o que se pretende é a desvalorização no contexto da passagem do euro para o escudo.
a parti daí o escudo tenderá a valorizar-se quanto mais o investimento e por consequência (espera-se em boa fé) a produtividade aumentarem.
repara nisto. neste momento já somos mais competitivos.
mas somos mais produtivos?
o aumento da competitividade passou apenas pelo despedimento de 10 a 15 % da força de trabalho, cortes brutais nas pensões e cortes salariais.
viste reformas estruturais? eu também não.
para ter feito isto mais valia ter saído do euro e ter deixado a moeda ajustar-se naturalmente.
nem seria necessária desvalorização que presume um papel activo do banco central, aumentando a massa monetária e vendendo-a activamento no mercado.
prefiro chamar-lhe ajuste através da normal flutuação das exchanges rates.
os resultados seriam exactamente os mesmos, só que seriam atingido em dois anos, não haveria despedimentos nem cortes (nominais) de pensões e salários.
ficaríamos com os mesmo salários e pensões nominais, e estes sofreriam de uma desvalorização real em relação ao euro. mas não teria havido despedimentos e miséria.
a balança comercial melhoraria extraordinariamente.
a partir daí só contaríamos com nós próprios para progredir.
investimento não ia faltar, com os custos baixo com que o país ficaria.
por consequência a produtividade aumentaria (espera-se) com a introdução da produção de bens e serviços mais actuais e com maior margem, e pela melhoria dos métodos e organização das empresas e do trabalho.
neste ciclo virtuoso o valor do escudo aumentaria, não diminuiria. E não haveria nenhuma razão objectiva para desvalorizar.
quem disser o contrário está apenas a inventar, por razões ideológicas e de baixa auto-estima - não percebo o ódio que alguns portugueses parecem ter aos portugueses.
Lark
Vamos imaginar uma desvalorização de 50% do escudo. Automaticamente o poder de compra reduziria-se a metade. Ordenados de 1000€ passam a comprar o equivalente a 500€.
No entanto as dívidas também desvalorizam na mesma proporção. Engraçado como uma medida dessas iria ajudar os mais endividados e não os mais pobres, como erradamente gostam de referir.
tenho dúvidas que exista um aumento do investimento (pelo menos imediato) com a passagem para o escudo, pois as empresas estão extremamente endividadas, bem mais que o estado.
A diminuição da taxa de desemprego levará a um aumento da produtividade, mas tenho dúvidas quanto ao valor gerado. Ao apostar no baixo salário passaremos a competir com os países emergentes e nesse aspecto nunca iremos ficar a ganhar. E antigamente ainda existiam pautas aduaneiras para proteger a produção nacional, agora nem isso existe.
Vi algumas reformas estruturais, mas não as suficientes. Segurança Social e Saúde ainda há muito a fazer.
Podem não existir cortes nominais nos salários, mas o poder de compra vai cair brutalmente. Teremos temporariamente falta de bens essenciais que não somos autónomos, como leite ou carne. Dizer que isto não é austeridade acho que é enganar o povo. Ver-se-ía muita gente a trabalhar e sem capacidade de fazer as compras do dia-a-dia.
A inexistência de moeda única também diminuiria as transacções "internas" da UE, sendo necessário encontrar novos mercados, que não se consegue de um dia para o outro.
Tendo em conta o histórico nacional, o clico virtuoso que referes deverá ser interrompido por aumento das despesas do estado e consequente desvalorização da moeda. O que poderia ser um ciclo virtuoso passa a ser vicioso e os portugueses cada vez vivem pior.
Nota que o ciclo virtuoso também poderia acontecer com o Euro, mas devido a opções políticas e erros na concepção do Euro, tornaram-se num ciclo vicioso.
Pelo menos eu vejo desta forma.