O meu balanço destes 15 dias de campanha:
PAF:
Fizeram uma campanha madura e profissional, nota-se que a máquina de propaganda está oleada. O primeiro debate com o Costa correu mal, Passos Coelho optou pelo atalho Sócrates e o seu legado de desgoverno nacional para atacar o adversário e coisa correu mal, porque transmitiu um discurso enrolado e recalcado que um Costa preparado para esta situação consegui desmontar e usar contra o adversário. A partir do primeiro debate a estratégia foi afinada e passou por aproveitar os tiros que o Costa começou a dar nos pés. Como já seria de esperar, houve pouca discussão de ideias, exceção feita à segurança social e mesmo neste campo foram apenas aflorados conceitos e intensões sem grande debate de fundo. Fizeram bem em assumirem os seus 4 anos de governação (para o bem e para o mal) e sobretudo não caíram na tentação de atacarem os adversários de forma agressiva e barata. Conseguiram passar para o eleitorado a ideia de que o pior já passou e que os cidadãos podem contar com eles para 4 anos de navegação em águas que prometem ser menos agitadas em termos económicos.
PS:
O António Costa nesta campanha fez-me lembrar o Francesco Schettino comandante do Costa Concórdia. Tal como este deslumbrado e inábil comandante, Costa maravilhou-se com o poder e correu em direção a ele sem avaliar os obstáculos e perigos que existiam entre a sua ambição e o poder… Afundou-se completamente. A campanha começou mal com o caso dos cartazes (passou logo uma imagem tão característica dos tempos de Sócrates com este episódio: a vigarice), No primeiro debate soube-se defender de um Passos hesitante e num ou noutro momento demonstrou habilidade para derrubar o seu adversário, mas tal não chegou a acontecer. A partir do primeiro debate foi sempre a cair. No segundo confronto com Passos Coelho, Costa foi derrotado não por mérito do adversário mas pela sua falta de preparação e de domínio dos temas que compunham o seu programa eleitoral. O golpe que derrubou Costa foi a precisamente a Segurança Social. Durante a campanha sucederam-se os casos de amadorismo (a tia postiça que foi chorar pelo filho sair de casa, os comícios com pouca gente, a falta de entusiasmo das arruadas, and so on, and so on). As sondagens começaram a tirar o tapete às ambições de Costa e apercebendo-se de que estava a perder o eleitorado indeciso que normalmente vota no centro, resolveu erradamente radicalizar o seu discurso para captar eleitores da esquerda, afastando desta forma o eleitorado do centro. Já se ouvem os amoladores lá para os lados do largo do Rato.
PCP:
Esta campanha do PCP feita para as legislativas de 2015 poderia ter sido feita num qualquer período eleitoral dos anos 70 ou 80. O PCP é um clássico da nossa política. Não faltaram os apelos ao estrangulamento da classe capitalista (pelo menos não quiseram matar os capitalistas como o seu primo radical inconsequente PCTP/MRPP) o apelo ao fortalecimento da classe trabalhadora, o ódio destilado à finança e aos interesses económicos, etc. Neste PCP salva-se o Jerónimo de Sousa. O tipo é mesmo genuíno, acredita mesmo no que diz, na ideologia bafienta que defende, mas era o único candidato presente a estas eleições com o qual não me importava de partilhar um almoço bem regado, desde que o tema de política não fosse abordado. O tipo deve ter histórias do arco da velha para contar.
BE:
Este BE faz-me lembrar aquela tia rebelde que temos na família. Uma tia enxuta, “bué da fixe”, que fala de “cenas” mesmo “bacanas”, “cenas” que interessam à juventude com angústias de crescimento, ou a franjas sociais algo marginalizadas. É a tia que fala mal da família mas sem saber bem o porquê. É também aquela tia que vive à conta dos nossos avós e que ainda por cima os critica. Quanto à campanha em si, foi o que se esperava, um BE igual a si próprio apoiado pela boa graça que gozam na comunicação social. A Catarina Martins surpreendeu-me, pelo seu à vontade na defesa da sua dama e pela forma natural como se movia nas ações de rua e comícios. Já as suas propostas para o país podem ser encontradas numa Grécia perto de si.
Outros partidos:
Gostei da campanha do AGIR nas revistas sociais, no entanto ficou aquém das minhas masculinas expectativas. Marinho e Pinto (PDR), é um gajo de borracha que nunca se sabe se está inclinado para a esquerda ou para a direita, demagogo, populista e perigoso QB. Mas há que acredite. O PNR continua a querer despejar pretos, chamussas, ciganos etc do condomínio Portugal. PAN: coitadinhos dos animais, coitadinho do planeta, vamos tomar menos banho para poupar água e vamos deixar de comer animais… Finalmente o LIVRE passou a campanha toda a flirtar o PS para uma eventual coligação de partilha de poder… são uns verdadeiros empreendedores políticos, fundaram um partido às três pancadas e agora estão prestes a arranjarem emprego na Assembleia da República.