O homem escreve bem, mas usa argumentos "fabricados", que aparentemente derivam apenas do seu desprezo por um governo de acordo entre as esquerdas. Muito em concreto, quando fala em "regra"---essa regra de que fala não existe (existe antes um hábito), tal como não existem os alicerces democráticos para a sustentar.
Por acaso hoje no Público saíram dois ou três artigos de opinião que seria interessante partilhar para contrapor a esse. Não só do ponto de vista argumentatitvo, mas do ponto de vista do olhar de esperança que oferecem sobre os novos horizontes que se aproximam.
Jsebastião, eu considero-me uma pessoa ponderada, sou muito curioso e gosto de ouvir a opinião de todos. Por isso, se me permites a liberdade, gostaria de saber a tua opinião do que poderia ser um bom governo de esquerda? Ou indo mesmo mais longe, um que superasse as expectativas.
Estou sem tempo agora para uma resposta mais longa, e responderei com gosto mais tarde.
Um primeiro ponto que me parece essencial para um bom governos de esquerda: entendimento, abertura, confiança e respeito entre todas as parte envolvidas, de modo a poder haver condições para criar compromissos duradouros. Sem estas bases, não pode haver um "bom governo de esquerda".
Uma coisa que poderão fazer diferente (e também o atual governo de direita) é serem um pouco menos arrogantes. Não falo dos Ministros e secretários de Estado, mas sim dos tachos de nomeação política (dirigentes de topo e intermédios). Os tipos que foram para lá eram extremamente arrogantes, e aparentemente achavam que os funcionários públicos que tutelavam eram todos um bando de preguiçosos inúteis. E isto foi-me relatado por vários amigos que são técnicos na função pública, em diversos serviços. Até podem achar que um Estado mais pequeno é mais vantajosos (concordo), e que há excesso de FP em algumas áreas (tb concordo),. não podem é chegar aos serviços e humilhar todos os subalternos, tratando-os como madraços incompetentes. Não há ambiente de trabalho e produtividade que resistam...
O próximo governo, seja ele qual for, terá de ter mais cuidado nas nomeações.
A má educação, a arrogância, a falta de humildade é transversal à direita e à esquerda. A título de exemplo, o anterior presidente da CML "convidou" funcionário da autarquia a irem para as juntas. E não ouve grande hipótese de negociação, explicando-lhes que podiam acabar na mobilidade.
Outro exemplo, é que os primeiros cortes efectuados nos salários foi feito pelo governo PS.
E há mais casos, como os cartazes na campanha do PS, que utilizaram empregados em situação precária.
Por isso, esse argumento para mim não pega.
Prefiro uma besta que diga ao que venha, do que um dissimulado que nos lixa nas costas.
Concordo, contudo, que todas as lideranças devem ser um exemplo. Mas isso não chega para ser um bom governo.