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Autor Tópico: Parlamento sem maioria absoluta  (Lida 392765 vezes)

Zel

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1520 em: 2015-11-04 12:27:59 »
a unica alternativa a troika era sair do euro, isso que fique claro

depois ja podiam imprimir com uma moeda desvalorizada

Incognitus

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1521 em: 2015-11-04 12:28:31 »
Há dois tipos de pessoas que defende a troika de esquerda, as vigaristas e as burras.

tens a certeza de que é isto que queres dizer?
já se está a discutir política a nível futebolístico?

L

já reparaste que isso que disseste vale tanto como 'quem apoia a troika europeia é vigarista ou burro!'.
o que quer dizer que não vale nada?

não seria melhor amenizares as tuas intervenções? isto não é exactamente uma taberna.

L

Lark, há pessoas que não entendem que os insultos não só não levam a nada, como demonstram, da maneira mais rápida, a falta de argumentos de quem os usa. Deste ponto de vista, acabam por não significar uma perda de tempo por completo.

Aquilo não é uma falta de argumento nem um insulto. Se não sabes que déficits levam inevitavelmente a mais dívida, é algo que tens que colmatar para compreender o que aconteceu -- em vez de criticares como fizeste a existência de mais dívida ao mesmo tempo que criticaste a existência de medidas para diminuir os déficits!

Compreendes que essa tua opinião basicamente foi similar às pessoas que criticam as agências de rating por baixarem o rating a Portugal e que logo depois dizem que a dívida é impagável?
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Lark

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1522 em: 2015-11-04 12:31:50 »
a unica alternativa a troika era sair do euro, isso que fique claro

depois ja podiam imprimir com uma moeda desvalorizada

esse é um facto.
que torna praticamente tudo o resto irrelevante.

L
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1523 em: 2015-11-04 12:33:09 »
a unica alternativa a troika era sair do euro, isso que fique claro

depois ja podiam imprimir com uma moeda desvalorizada

Porém a prazo o uso de políticas de moeda fraca leva a que Portugal não se aproxime, ou leva mesmo a que se afaste, do nível de vida da Europa.

E não é credível pensar que se iria para a moeda fraca como uma medida de excepção.
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Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1524 em: 2015-11-04 12:36:52 »
Local, não sou assim tão "experiente"... em 85 tinha 6 anos---e fui felizmente poupado aos efeitos mais nefastos dessa crise. Mais logo vou ler com atenção o documento que o Lark partilhou.

Queria salientar uma coisa: eu sou, ou tento ser, de uma maneira geral, apartidário. Embora me identifique mais com ideais de esquerda, mais para o lado moderado do que para o lado radical, não há um partido com o qual me identifique por completo---pelo contrário, acho que são mais os pormenores que me afastam dos partidos (de todos os partidos em geral) do que me aproximam, pelo que a minha escolha no momento em que vou votar não segue qualquer sentido de militância, mas antes o princípio do "mal menor", em conformidade com os contextos e cenários do momento. Dito isto, e penso que já o referi mais para trás, não tenho qualquer simpatia pelas ideologias de extrema esquerda baseadas em princípios comunistas, mas isso não significa que pretenda erradicar à força (quando o sentido de voto geral da população não o permite) tais ideias do debate político e da opinião pública. Considero um erro, bem como um mau aproveitamento de recursos, não ouvir todas forças políticas escolhidas pelo povo. Prefiro, por princípio, integrar e ouvir do que afastar e marginalizar.

Concluindo, e pegando na tua questão da desvalorização da moeda---concordo com o que dizes. Levar as coisas para esse lado de uma forma extrema (como no exemplo do regresso ao escudo) seria uma outra forma de austeridade, porventura muito mais danosa para o tecido social em geral. Eu defendo poderação e moderação. E defendo uma conjugação de ideias que venham de todos os pólos da vida política. Parece utópico, e em muitos aspectos é mesmo impraticável por força idiossincrática das pessoas que ocupam os cargos políticos, mas é a minha forma de racionalização lógica de uma política mais "correcta".
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Tridion

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1525 em: 2015-11-04 12:42:05 »
Essa retórica é muito interessante e concordo com ela a 100%. Diria que a sua implementação é que tem sido complicada, até porque muito do que está aí escrito é o que tem sido defendido pelos partidos da governação desde o 25 de Abril.

Parece que as políticas são sempre mal aplicadas ou mal interpretadas. Porquê é que achas que é desta vez que a união de esquerda, com o António Costa a PM, vão fazê-las funcionar?

Não sei se vão ou não---mas quero que tenham a possibilidade de tentar. Mesmo que falhem os objectivos na maior parte das áreas (como é provável, não tenho grande ilusões), tenho a esperança que façam muito melhor do que eventualmente faria a Paf, que essa, sim, para mim falhou à grande nos últimos 4 anos.

Sinceramente, o programa eleitoral que mais me transmitiu esperança , e consequentemente o governo que mais expectativas positivas me criou, foi sem dúvida, o do Eng. José Sócrates.

A flexi-segurança, o combate ao trabalho precário, a sociedade da informação (simplex e pc magalhães), energias renováveis, com os parques eólicos, plano nacional de barragens e carro eléctrico, plano rodoviária nacional concluído com autoestradas sem custos, o parque escolar, o complemento solidário para idosos, etc. e ainda faltou um novo aeroporto e a ligação do país à rede transeuropeia de alta velocidade. O que não há para gostar destas ideias?

Fiquei convencido que o país ia realmente ficar melhor, mais moderno e olhar de igual para os países do norte da europa.

Por outro lado, íamos ter um governo que respeitava os mais fracos, os idosos, as pessoas de baixos recursos, os funcionários públicos e que não nos metiam em guerras como o do Durão ou em trapalhadas de estado, como o Santana tornar-se PM por co-adopção e sem ir a votos.

Uma maioria de centro-esquerda para devolver esperança aos portugueses. Estava cheio de esperança.

Só que a esperança é uma coisa engraçada, como nos enchemos dela, também, nos esvaímos. Principalmente, quando as palavras de quem as transmite são diferentes daquilo que praticam. E por isso deixei de ter esperança nas palavras.

Agora sou mais prático, aprendi à minha conta, e agora só volto a ter esperança quando a puder utilizar para pagar a conta da EDP, do IMI, do Pingo Doce, etc.

Se calhar é por ser mais velho e estar desiludido, mas a minha filha continua a ter muita esperança. Quando estamos a fazer os TPC de matemática, ela responde resultados ao calhas na esperança de estarem certos. Mas infelizmente, para ela, não chega esperança, é preciso assimilarmos a realidade e aceitá-la, sem lutas, sem confrontos.

E não é pelo partido A,B ou C ter o político mais brilhante da sua geração ou existirem grandes consensos que a realidade vai mudar. Não vai ser agora com o país e a europa em situação delicada, que as políticas de esperança vão funcionar. Porque senão o governo de José Sócrates tinha sido bestial.

E todos nós sabemos que não foi assim...
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1526 em: 2015-11-04 12:43:57 »
JSebastião, o problema não são as ideias de esquerda ou direita. O problema são noções básicas do que é déficit, de onde vem a dívida, etc.

E também de como funciona a economia. O que leva alguém a contratar. O que é que acontece se aumentares o risco de contratar ou o diminuires. Etc, etc.
« Última modificação: 2015-11-04 12:45:45 por Incognitus »
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1527 em: 2015-11-04 12:44:01 »
Há dois tipos de pessoas que defende a troika de esquerda, as vigaristas e as burras.

tens a certeza de que é isto que queres dizer?
já se está a discutir política a nível futebolístico?

L

já reparaste que isso que disseste vale tanto como 'quem apoia a troika europeia é vigarista ou burro!'.
o que quer dizer que não vale nada?

não seria melhor amenizares as tuas intervenções? isto não é exactamente uma taberna.

L

Lark, há pessoas que não entendem que os insultos não só não levam a nada, como demonstram, da maneira mais rápida, a falta de argumentos de quem os usa. Deste ponto de vista, acabam por não significar uma perda de tempo por completo.

Aquilo não é uma falta de argumento nem um insulto. Se não sabes que déficits levam inevitavelmente a mais dívida, é algo que tens que colmatar para compreender o que aconteceu -- em vez de criticares como fizeste a existência de mais dívida ao mesmo tempo que criticaste a existência de medidas para diminuir os déficits!

Compreendes que essa tua opinião basicamente foi similar às pessoas que criticam as agências de rating por baixarem o rating a Portugal e que logo depois dizem que a dívida é impagável?

Não foi bem isso que critiquei, Inc, foi antes o falhanço dessas medidas para diminuir os déficits.

E não, não sou assim tão ignorante. Eu compreendo a relação entre défice e dívida.
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1528 em: 2015-11-04 12:50:55 »
As medidas não falharam necessariamente em diminuir o déficit. Para isso terias que olhar para o déficit em termos "ceteris paribus", ou seja, o que teria ocorrido ao déficit SEM as medidas.

A implosão económica deu-se devido ao terminar do aumento rápido de dívida (pública e privada) -- terminar esse que era inevitável e teria sido ainda mais brutal sem as medidas. Isto porque a dívida adicional que nos foi concedida só ocorreria no contexto das medidas tomadas.

Além disso, a expansão rápida de déficits e dívidas anteriores SUBREPRESENTAVA o que estava realmente a ocorrer, porque o próprio aumento da dívida aumentava a dimensão da economia e portanto dos impostos que eram colectados. Assim que essa dinâmica fosse interrompida (como foi), rapidamente se revelaria a extensão real do problema criado -- com déficits de 10% e maiores ainda, se toda a dinâmica fosse interrompida instantaneamente.

Daí que a "destruição" da economia não tenha resultado das medidas tomadas após o estoiro. Resultou sim das medidas tomadas antes, que tornaram a implosão inevitável. Daí que em 2007/2009 fosse possível prever o aumento brutal do desemprego, a falência dos bancos, etc (como foi aqui previsto). Ou seja, ANOS antes do PSD "neoliberal" ascender ao governo, já o resultado seguinte era inevitável.

-----------

Por fim, historicamente Portugal aproxima-se da Europa quanto toma medidas de moeda forte (contenção de déficits, liberalização da economia) e afasta-se desta quando toma "medidas bem intencionadas de esquerda".
« Última modificação: 2015-11-04 12:51:52 por Incognitus »
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1529 em: 2015-11-04 12:55:41 »
Sinceramente, o programa eleitoral que mais me transmitiu esperança , e consequentemente o governo que mais expectativas positivas me criou, foi sem dúvida, o do Eng. José Sócrates.

A flexi-segurança, o combate ao trabalho precário, a sociedade da informação (simplex e pc magalhães), energias renováveis, com os parques eólicos, plano nacional de barragens e carro eléctrico, plano rodoviária nacional concluído com autoestradas sem custos, o parque escolar, o complemento solidário para idosos, etc. e ainda faltou um novo aeroporto e a ligação do país à rede transeuropeia de alta velocidade. O que não há para gostar destas ideias?

Fiquei convencido que o país ia realmente ficar melhor, mais moderno e olhar de igual para os países do norte da europa.

Por outro lado, íamos ter um governo que respeitava os mais fracos, os idosos, as pessoas de baixos recursos, os funcionários públicos e que não nos metiam em guerras como o do Durão ou em trapalhadas de estado, como o Santana tornar-se PM por co-adopção e sem ir a votos.

Uma maioria de centro-esquerda para devolver esperança aos portugueses. Estava cheio de esperança.

Só que a esperança é uma coisa engraçada, como nos enchemos dela, também, nos esvaímos. Principalmente, quando as palavras de quem as transmite são diferentes daquilo que praticam. E por isso deixei de ter esperança nas palavras.

Agora sou mais prático, aprendi à minha conta, e agora só volto a ter esperança quando a puder utilizar para pagar a conta da EDP, do IMI, do Pingo Doce, etc.

Se calhar é por ser mais velho e estar desiludido, mas a minha filha continua a ter muita esperança. Quando estamos a fazer os TPC de matemática, ela responde resultados ao calhas na esperança de estarem certos. Mas infelizmente, para ela, não chega esperança, é preciso assimilarmos a realidade e aceitá-la, sem lutas, sem confrontos.

E não é pelo partido A,B ou C ter o político mais brilhante da sua geração ou existirem grandes consensos que a realidade vai mudar. Não vai ser agora com o país e a europa em situação delicada, que as políticas de esperança vão funcionar. Porque senão o governo de José Sócrates tinha sido bestial.

E todos nós sabemos que não foi assim...

Tridion, estou consensual em relação a tudo o que dizes, excepto numa situação: todos sabemos que não foi assim---e todos sabemos que não só não foi assim como o resultado final deixou uma factura pesada para os que vieram a seguir---contudo, não posso servir-me desse caso para fazer uma generalização pessimista (e determinista) em relação a todas as novas situações que aparecerem no caminho. No nosso contexto, a escolha para mim fiou delimitada dentro dos parâmetros que enunciei mais atrás: escolher os mesmos para governar, seguindo as mesmas políticas, ou escolher outros, na esperança de fazerem melhor.
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1530 em: 2015-11-04 12:57:45 »
se tudo fosse igual menos o euro a recessao teria sido mais suave e com menos desemprego

o problema eh fazer desvalorizacao interna, alem de ser super complicado de aplicar nao ajuda a reduzir a divida
eh como se nos tivessemos endividado numa moeda estrangeira
« Última modificação: 2015-11-04 12:58:24 por Neo-Liberal »

Incognitus

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1531 em: 2015-11-04 13:01:27 »
Sinceramente, o programa eleitoral que mais me transmitiu esperança , e consequentemente o governo que mais expectativas positivas me criou, foi sem dúvida, o do Eng. José Sócrates.

A flexi-segurança, o combate ao trabalho precário, a sociedade da informação (simplex e pc magalhães), energias renováveis, com os parques eólicos, plano nacional de barragens e carro eléctrico, plano rodoviária nacional concluído com autoestradas sem custos, o parque escolar, o complemento solidário para idosos, etc. e ainda faltou um novo aeroporto e a ligação do país à rede transeuropeia de alta velocidade. O que não há para gostar destas ideias?

Fiquei convencido que o país ia realmente ficar melhor, mais moderno e olhar de igual para os países do norte da europa.

Por outro lado, íamos ter um governo que respeitava os mais fracos, os idosos, as pessoas de baixos recursos, os funcionários públicos e que não nos metiam em guerras como o do Durão ou em trapalhadas de estado, como o Santana tornar-se PM por co-adopção e sem ir a votos.

Uma maioria de centro-esquerda para devolver esperança aos portugueses. Estava cheio de esperança.

Só que a esperança é uma coisa engraçada, como nos enchemos dela, também, nos esvaímos. Principalmente, quando as palavras de quem as transmite são diferentes daquilo que praticam. E por isso deixei de ter esperança nas palavras.

Agora sou mais prático, aprendi à minha conta, e agora só volto a ter esperança quando a puder utilizar para pagar a conta da EDP, do IMI, do Pingo Doce, etc.

Se calhar é por ser mais velho e estar desiludido, mas a minha filha continua a ter muita esperança. Quando estamos a fazer os TPC de matemática, ela responde resultados ao calhas na esperança de estarem certos. Mas infelizmente, para ela, não chega esperança, é preciso assimilarmos a realidade e aceitá-la, sem lutas, sem confrontos.

E não é pelo partido A,B ou C ter o político mais brilhante da sua geração ou existirem grandes consensos que a realidade vai mudar. Não vai ser agora com o país e a europa em situação delicada, que as políticas de esperança vão funcionar. Porque senão o governo de José Sócrates tinha sido bestial.

E todos nós sabemos que não foi assim...

Tridion, estou consensual em relação a tudo o que dizes, excepto numa situação: todos sabemos que não foi assim---e todos sabemos que não só não foi assim como o resultado final deixou uma factura pesada para os que vieram a seguir---contudo, não posso servir-me desse caso para fazer uma generalização pessimista (e determinista) em relação a todas as novas situações que aparecerem no caminho. No nosso contexto, a escolha para mim fiou delimitada dentro dos parâmetros que enunciei mais atrás: escolher os mesmos para governar, seguindo as mesmas políticas, ou escolher outros, na esperança de fazerem melhor.

O que não compreendes é que genericamente "as mesmas políticas" da PaF levam a prazo a melhores resultados do que "os outros na esperança de fazer melhor" ao voltarem ás políticas anteriores que causaram o problema e que genericamente nos estagnam ou fazem regredir versus a Europa.

Porém nota, essas políticas são no curto prazo bastante mais agradáveis.
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Lark

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1532 em: 2015-11-04 13:01:39 »
se tudo fosse igual menos o euro a recessao teria sido mais suave e com menos desemprego

o problema eh fazer desvalorizacao interna, alem de ser super complicado de aplicar nao ajuda a reduzir a divida
eh como se nos tivessemos endividado numa moeda estrangeira

ajuda a reduzir a dívida e muito. a inflação provocada pela desvalorização inflaciona away a dívida.
desde que esteja denominada na própria moeda claro.
quem tem moeda própria endivida-se nessa moeda. quem não o faz, arrisca-se, como os polacos com o franco suíço.

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1533 em: 2015-11-04 13:09:53 »
1- As medidas não falharam necessariamente em diminuir o déficit. Para isso terias que olhar para o déficit em termos "ceteris paribus", ou seja, o que teria ocorrido ao déficit SEM as medidas.

2 - A implosão económica deu-se devido ao terminar do aumento rápido de dívida (pública e privada) -- terminar esse que era inevitável e teria sido ainda mais brutal sem as medidas. Isto porque a dívida adicional que nos foi concedida só ocorreria no contexto das medidas tomadas.

Além disso, a expansão rápida de déficits e dívidas anteriores SUBREPRESENTAVA o que estava realmente a ocorrer, porque o próprio aumento da dívida aumentava a dimensão da economia e portanto dos impostos que eram colectados. Assim que essa dinâmica fosse interrompida (como foi), rapidamente se revelaria a extensão real do problema criado -- com déficits de 10% e maiores ainda, se toda a dinâmica fosse interrompida instantaneamente.

Daí que a "destruição" da economia não tenha resultado das medidas tomadas após o estoiro. Resultou sim das medidas tomadas antes, que tornaram a implosão inevitável. Daí que em 2007/2009 fosse possível prever o aumento brutal do desemprego, a falência dos bancos, etc (como foi aqui previsto). Ou seja, ANOS antes do PSD "neoliberal" ascender ao governo, já o resultado seguinte era inevitável.

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Por fim, historicamente Portugal aproxima-se da Europa quanto toma medidas de moeda forte (contenção de déficits, liberalização da economia) e afasta-se desta quando toma "medidas bem intencionadas de esquerda".

1- Compreendo e concordo. Mas a comparação, para ser "justa", teria então de ser feita tendo em conta não só a não aplicação das medidas, como a aplicação hipotética de outras medidas. Mas isso parece-em virtualmente impossível de conseguir avaliar na prática.

2 - Sim, tenho visto estes pontos abordados e debatidos, volta e meia, quer aqui no fórum, quer nos OCS em artigos de opinião que focam o assunto. Não contesto que os factos tenham sido esses (e que a culpa da situação em que nos encontrávamos em 2011 vinha já de trás), o que contesto é forma como o governo de Passos Coelho aplicou a austeridade--- foi a "régua e esquadro", sem o menor sentido de sensibilidade social e capacidade de diálogo.

Agora, temos uma equipa de economistas dentro do PS que propõe uma situação alternativa daqui para a frente, mesmo que balizada pelos compromissos europeus, e que contrasta (ou contrastava, até há poucas semanas) com o programa da Paf. Será que eles também são ignorantes ou aldrabões? (enquanto que os da Paf são donos da razão e da honestidade? eheh). Para mim, nem se coloca qualquer dúvida qual dos caminhos vou escolher.
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1534 em: 2015-11-04 13:11:09 »
sao aldraboes  tambem porque dizem economia vai crescer 3% ao ano  :P
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1535 em: 2015-11-04 13:12:21 »
Lark, agora não consigo tirar o pdf, mas irei fazê-lo mais logo.

Do ponto de vista pessoal, posso-te dizer que lembro-me, em 85, da falta de produtos básicos, como o leite. Era racionado era entregue uma quantidade por pessoa. Isso implicava que toda a gente tinha que ir para a fila, fossem velhos ou crianças. Também me lembro, que um ordenado de professora, não dava para as despesas. Por exemplo, não tinha possibilidades de ter um automóvel.

Compara essa realidade com a actual, parece-me que as diferenças são monstruosas.

são. sendo que esta crise é muito pior.
há aí qualquer coisa que te está a distorcer a visão das gravidades relativas das duas crises.

a de 83 estava acabada em 85.
a de 2009, estará acabada... quem sabe?

L
Para um indivíduo que não perdeu o emprego, a outra foi muito pior. O poder de compra real diminuiu muito mais com a desvalorização da moeda que com os cortes "ligeiros" efectuados aos ordenados actuais. E a acção social está mais implantada agora que antigamente.

Parece-me que é um caso de escolha, entre um corte drástico e rápido ou um corte mais lento e mais controlado.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1536 em: 2015-11-04 13:17:36 »
isso ja foi discutido no topico grecia

quem tem emprego/pensao/rendimento  fica bem no euro


quem esta desempregado esta lixado
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1537 em: 2015-11-04 13:21:54 »
sao aldraboes  tambem porque dizem economia vai crescer 3% ao ano  :P

Teremos de nos contentar com essa realidade (a de haver aldrabões "eleitoralistas" dos dois lados---e ao centro também  :-[).
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1538 em: 2015-11-04 13:23:42 »
sao aldraboes  tambem porque dizem economia vai crescer 3% ao ano  :P

Teremos de nos contentar com essa realidade (a de haver aldrabões "eleitoralistas" dos dois lados---e ao centro também  :-[).

mas eh mais irritante quando os aldraboes juram que os outros mentem mas eles nunca o fazem

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1539 em: 2015-11-04 13:28:43 »
Lark, agora não consigo tirar o pdf, mas irei fazê-lo mais logo.

Do ponto de vista pessoal, posso-te dizer que lembro-me, em 85, da falta de produtos básicos, como o leite. Era racionado era entregue uma quantidade por pessoa. Isso implicava que toda a gente tinha que ir para a fila, fossem velhos ou crianças. Também me lembro, que um ordenado de professora, não dava para as despesas. Por exemplo, não tinha possibilidades de ter um automóvel.

Compara essa realidade com a actual, parece-me que as diferenças são monstruosas.

são. sendo que esta crise é muito pior.
há aí qualquer coisa que te está a distorcer a visão das gravidades relativas das duas crises.

a de 83 estava acabada em 85.
a de 2009, estará acabada... quem sabe?

L
Para um indivíduo que não perdeu o emprego, a outra foi muito pior. O poder de compra real diminuiu muito mais com a desvalorização da moeda que com os cortes "ligeiros" efectuados aos ordenados actuais. E a acção social está mais implantada agora que antigamente.

Parece-me que é um caso de escolha, entre um corte drástico e rápido ou um corte mais lento e mais controlado.

o problema é exactamente esse. num regime de fixed rate (dentro do euro ou pegged), o desemprego dispara e dada a deflação os empregados até podem ver o seu poder de compra subir - se não lhes forem ao bolso de outras formas.
num regime de floating rate, são todos penalizados pela mesma medida. o desemprego não dispara, a procura mantém-se, as importações ficam mais caras, a exportações são estimuladas, a substituição de importações é estimulada aumentando o output económico, o investimento estrangeiro aumenta. É uma forma muito mais benigna de ajustamento económico do que a desvalorização interna. que é feita à custa de desemprego; o que é muito mais duro. e muito mais prolongado.
basicamente não há nenhuma vantagem na desvalorização interna, vulgo austeridade. só há desvantagens.

isso já foi dito pelo FMI e por todos os economistas de boa fé. e até para nós, leigos é mais que evidente.

não diria que quem diz o contrário é vigarista ou burro, como fez o heras, mas é concerteza o pior tipo de cego; aquele que não quer ver.

L
Be Kind; Everyone You Meet is Fighting a Battle.
Ian Mclaren
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If you have more than you need, build a longer table rather than a taller fence.
l6l803399
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So, first of all, let me assert my firm belief that the only thing we have to fear is...fear itself — nameless, unreasoning, unjustified terror which paralyzes needed efforts to convert retreat into advance.
Franklin D. Roosevelt