1 - Continuamos na mesma. Percebo que continues a assobiar para o ar e queiras associar à força (com se os maus modos fossem argumento firmado para alguma coisa) a ignorância sobre assuntos macroeconómicos a uma certa ideia de esquerda e "a uma boa parte do eleitorado" (deixa-me adivinhar: a 62% do votantes nas últimas eleições), mas depois não respondes ao óbvio (porque da verdade a pergunta não necessita de resposta). Não foi só a "esquerdalha" que faltou a essa aula na 4ª classe. Quanto ao "provavelmente" que insinuas, foi completamente ao lado. Sector público, sem qualquer ligação ao estado.
2 - Por acaso terei dito algo contrário a isso? A crítica que tenho mantido sempre é em relação ao modo como o governo decidiu, nestes últimos quatro anos, aplicar a austeridade. E pelo caminho sugerir publicamente aos desempregados que emigrassem, como se não tivesse nada a ver com o assunto ou responsabilidades mandatadas para o resolver. Falta de respeito maior pela dignidade das pessoas nessas condições não consigo imaginar. Nada que sobressaia particularmente numa forma de fazer política de onde parecem ter desapareceram os valores humanos mais elementares.
Sector público tem por definição ligação ao Estado. 1 - Querias dizer sector privado?
2 - Bem, nem o governo tem responsabilidades no desemprego (cuja onda já era inevitável ANOS antes do governo o ser), nem tem grande forma de o resolver directamente -- só o pode resolver indirectamente, com as tais medidas neoliberais que ninguém quer. Pensar o contrário é não entender o que é que leva à geração de emprego (numa palavra, pode resumir-se a "lucro" em duas a "potencial lucro"). O governo não pode ditar lucros, e aliás tentar facilitá-lo é também mal visto e ninguém o quer.
1 - Sim, privado. Evidentemente, foi uma gralha.
2 - Certo em relação às responsabilidades (não contesto, nem pretendo escamutear responsabilidades ou re-interpretar a historia), quanto às formas de o resolver, pode haver caminhos alternativos que não passem por "medidas que ninguém quer", e estou com exectativa para ver como corre essa aplicação se por acaso o Centeno chegar a "vias de facto".
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Não sei se os frequentadores e comentadores habituais deste espaço têm por hábito ver o programa A Quadratura do Círculo (que será porventura o espaço mais interessante e inteligente de debate político que passa hoje em dia na televisão), mas o modo como esse programa hoje abriu, com debate sobre um comentário que surgiu no blog Insurgente, nem a propósito, traça um paralelo de proximidade extrema como os episódios que se têm vindo a verificar aqui em relação à postura do Anti-Ditador e ao modo de "tratamento preferencial" que adopta em relação a tudo o que eu possa escrever, opinar... e eventualmente pensar. Não pretendo com isto comprar nenhuma guerra (até porque me recuso a participar nela), não me entendam mal, mas gostaria apenas que comparassem, em estilo e em conteúdo, a citação lida pelo Pacheco Pereira e os posts habituais do Anti-Ditador.
Tornando ao programa em causa e ao Pacheco Pereira, continuo a identificar-me quase na totalidade com o que ele diz e escreve (dos artigos que tem escrito para o Público, e não só)---e desta feita ficou-me "na retina" a questão da escolha do PS em chegar-se à esquerda, em vez de ter optado pelo abraço à coligação, e ao facto de ele achar que a fractura interna dentro do partido seria muito maior se tivesse ocorrido ao contrário. Também achei interessante a questão colocada pelo Lobo Xavier, contrapondo, a propósito das "linhas vermelhas" que os partidos de centro, quer à esquerda, quer à direita, não devem transpor quando se trata de coligações para governar. Foi (mais) um programa recheado de riqueza intelectual.
Faço ainda uma nota a propósito de um outro programa, o A Prova dos Nove, que passou uma hora antes noutro canal, e a um ponto que também esteve aqui no tópico ontem e hoje em debate: a questão do neoliberalismo enquanto ideologia vs enquanto peso na despesa do estado (ou seja, a negação do neoliberalismo através das contas públicas), sendo que de um lado estava o Francisco Assis, a expor exactmente aquilo que a maioria de opiniões manifestou aqui no fórum, e do outro o Fernando Rosas a falar em termos de ideologia e de políticas concretas, a tomar uma posição que vai ao encontro da ideia do Zenith sobre o assunto (de haver uma separação entre contas e ideologia).