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Autor Tópico: Parlamento sem maioria absoluta  (Lida 397864 vezes)

Zel

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1660 em: 2015-11-06 01:21:54 »
o PP so tem um argumento, o odio pessoal que nutre pelo PC

Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1661 em: 2015-11-06 01:25:18 »
o PP so tem um argumento, o odio pessoal que nutre pelo PC

Eu diria que tem uma variedade imensa de argumentos de peso, independentemente de gostar ou não do PPC. Ainda diria mais, ele tem mais argumentos para criticar a actuação recente do PSD do que qualquer pessoa do PS e restantes esquerdas.
«Despite the constant negative press covfefe,» - Donald

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Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1662 em: 2015-11-06 01:28:33 »
Um pormenor, esta tentativa do PSD de renovar já algumas das medidas que necessitam de ser renovadas é interessante:
* Pode eliminar o problema de um governo de gestão.
* O PS tem dificuldade em chumbar as medidas pois depois se for para o governo precisa delas.
* O BE e PCP vão certamente chumbá-las, e isso depois faz com que não as possam aceitar, propostas pelo PS.

Estava um comentador na rádio, não fixei o nome, a dizer que se as medidas não passarem, em Janeiro não há dinheiro para pagar a depesa.
« Última modificação: 2015-11-06 01:32:19 por Jsebastião »
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Automek

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1663 em: 2015-11-06 01:29:00 »
Não sabe do que fala, ou defende opiniões e caminhos que considera válidos e que contrastam com a tua visão das coisas? É um pouco difícil engolir que ele, com a experiência que tem, não sabe do que fala.
Sebastião, repara que o Tsipras e o Hollande também tinham um discurso bastante anti austeridade, parecido ao do PP (o do Tsipras até era muito violento), cheio de chavões sobre crescimento e emprego, e ambos não tiveram outro remédio senão mudar o discurso e aceitar as medidas de contenção orçamental. Também não sabiam do que falavam ? Ou quando é preciso pagar salários e pensões (coisa que o PP não faz) a realidade sobrepoe-se aos discursos bonitos ?

Diga-se, já agora, que é bastante estranho que se grite tanto contra a austeridade quando o seu significado é contas equilibradas. Então é suposto o estado ter permanentemente défices brutais, a contar com um crescimento que irá aparecer um dia ?

Zel

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1664 em: 2015-11-06 01:31:02 »
o PP so tem um argumento, o odio pessoal que nutre pelo PC

Eu diria que tem uma variedade imensa de argumentos de peso, independentemente de gostar ou não do PPC. Ainda diria mais, ele tem mais argumentos para criticar a actuação recente do PSD do que qualquer pessoa do PS e restantes esquerdas.

tudo o que ele sabe dizer eh que o governo faz maldades por razoes ideologicas, que quer castigar etc
e depois nunca fala de alternativas

o lobo xavier ao pe dele faz figura de sabio

Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1665 em: 2015-11-06 01:50:19 »
Não sabe do que fala, ou defende opiniões e caminhos que considera válidos e que contrastam com a tua visão das coisas? É um pouco difícil engolir que ele, com a experiência que tem, não sabe do que fala.
Sebastião, repara que o Tsipras e o Hollande também tinham um discurso bastante anti austeridade, parecido ao do PP (o do Tsipras até era muito violento), cheio de chavões sobre crescimento e emprego, e ambos não tiveram outro remédio senão mudar o discurso e aceitar as medidas de contenção orçamental. Também não sabiam do que falavam ? Ou quando é preciso pagar salários e pensões (coisa que o PP não faz) a realidade sobrepoe-se aos discursos bonitos ?

São factos que não posso desmentir e contra eles não tenho argumentos. O meu refúgio continua a ser a hipótese (remota, é certo) de que haja uma alternativa que resulta (porque cada situação tem um contexto próprio, com infinitas variáveis). Eu sei que me vão dizer que o passado e as contas negam categoricamente essa hipótese, e que "a esperança é muito bonita até levar com o calhau da realidade em cima", mas também quero acreditar que os partidos na nossa esquerda têm pessoas com competência suficiente para também terem analisado essas situações. Quanto ao Pacheco Pereira, a vossa questão é a mesma: ele "não sabe fazer as contas"--- mas certamente que se dá com pessoas que sabem, e que conhecem também a realidade previsível por trás de cada caminho de alternativa.

Citar
Diga-se, já agora, que é bastante estranho que se grite tanto contra a austeridade quando o seu significado é contas equilibradas. Então é suposto o estado ter permanentemente défices brutais, a contar com um crescimento que irá aparecer um dia ?

Mais atrás defendi algo que tem a ver com o seguinte: "austeridade" pode tecnicamente significar isso, e certamente para quem aplica a contenção orçamental é mesmo isso que quer dizer, mas da forma como está a ser usada socialmente, o significado é um pouco diverso (embora na prática vá dar ao mesmo): significa basicamente perda de poder de compra, desemprego, pioria geral das condições de vida, pioria dos serviços prestados pelas empresas públicas, e indiferença e insensibilidade social generalizada por parte dos políticos. Por isso é que se grita tanto contra a austeridade---o Anti-Ditador farta-se de me chamar burro por não saber "coisas básica", mas esquece-se que grande maioria da população, naturalmente,  também não sabe essas coisas básicas, apenas vê à sua frente a realidade do dia-a-dia, e sofre na pele de cada vez que a Maria Luis altera um dígito no Excel. Há duas interpretações para "austeridade"---a de quem a aplica, e a de quem a sofre.
« Última modificação: 2015-11-06 01:51:10 por Jsebastião »
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1666 em: 2015-11-06 01:54:14 »
o PP so tem um argumento, o odio pessoal que nutre pelo PC

Eu diria que tem uma variedade imensa de argumentos de peso, independentemente de gostar ou não do PPC. Ainda diria mais, ele tem mais argumentos para criticar a actuação recente do PSD do que qualquer pessoa do PS e restantes esquerdas.

tudo o que ele sabe dizer eh que o governo faz maldades por razoes ideologicas, que quer castigar etc
e depois nunca fala de alternativas

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Eu acho que grande parte do discurso dele se centra em "valores", nos valores que esta leva de Sociais-Democratas decidiu enterrar durante a última governação.
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1667 em: 2015-11-06 01:57:37 »
o PP so tem um argumento, o odio pessoal que nutre pelo PC

Eu diria que tem uma variedade imensa de argumentos de peso, independentemente de gostar ou não do PPC. Ainda diria mais, ele tem mais argumentos para criticar a actuação recente do PSD do que qualquer pessoa do PS e restantes esquerdas.

tudo o que ele sabe dizer eh que o governo faz maldades por razoes ideologicas, que quer castigar etc
e depois nunca fala de alternativas

o lobo xavier ao pe dele faz figura de sabio

Eu acho que grande parte do discurso dele se centra em "valores", nos valores que esta leva de Sociais-Democratas decidiu enterrar durante a última governação.

mas ele nunca consegue explicar porque eh que foram enterrados, foram so porque "o governo quer castigar", e dai nunca sai

ele teria de dar alternativas as politicas, coisa que nunca faz.

tu tens alguns exemplos do enterro desses valores ?

Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1668 em: 2015-11-06 02:03:42 »
o PP so tem um argumento, o odio pessoal que nutre pelo PC

Eu diria que tem uma variedade imensa de argumentos de peso, independentemente de gostar ou não do PPC. Ainda diria mais, ele tem mais argumentos para criticar a actuação recente do PSD do que qualquer pessoa do PS e restantes esquerdas.

tudo o que ele sabe dizer eh que o governo faz maldades por razoes ideologicas, que quer castigar etc
e depois nunca fala de alternativas

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Eu acho que grande parte do discurso dele se centra em "valores", nos valores que esta leva de Sociais-Democratas decidiu enterrar durante a última governação.

mas ele nunca consegue explicar porque eh que foram enterrados, foram so porque "o governo quer castigar", e dai nunca sai

ele teria de dar alternativas as politicas, coisa que nunca faz.

tu tens alguns exemplos do enterro desses valores ?

Sim, mas tenho de ir vasculhar os artigos dele no Público e na Sábado... 
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Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1669 em: 2015-11-06 02:12:48 »
Já agora, esqueci-me de referir há pouco, quer na Provas dos Nove (pela voz do Fernando Rosas), quer na Quadratura do Círculo (pela voz do Jorge Coelho), se afirmou que o que está a ser debatido e acordado nas reuniões entre PS, BE e PCP é um programa governativo do PS, sobre o qual os outros partidos sugerem alterações localizadas que, na sua opinião, "ajudam a melhorar a vida dos portugueses" (sic. Fernando Rosas).
« Última modificação: 2015-11-06 02:17:00 por Jsebastião »
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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1670 em: 2015-11-06 02:29:46 »
Já agora, esqueci-me de referir há pouco, quer na Provas dos Nove (pela voz do Fernando Rosas), quer na Quadratura do Círculo (pela voz do Jorge Coelho), se afirmou que o que está a ser debatido e acordado nas reuniões entre PS, BE e PCP[/glow][/u][/b] é um programa governativo do PS, sobre o qual os outros partidos sugerem alterações localizadas que, na sua opinião, "ajudam a melhorar a vida dos portugueses" (sic. Fernando Rosas).



eu nisto so acredito PCP unico  nao disse que acordo estava feito
http://www.rtp.pt/noticias/eleicoes-legislativas-2015/be-afirma-que-ha-acordo-solido-com-ps-e-pcp-para-formar-governo_a867989
foi 22 Out, 2015

ate Bloco aldraba quando ainda nem havia acordo
http://www.rtp.pt/noticias/politica/mariana-mortagua-diz-que-acordo-entre-be-e-ps-ainda-nao-esta-fechado_v871060
04 Nov, 2015
« Última modificação: 2015-11-06 04:19:36 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.

Automek

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1671 em: 2015-11-06 02:32:31 »
Quanto ao Pacheco Pereira, a vossa questão é a mesma: ele "não sabe fazer as contas"--- mas certamente que se dá com pessoas que sabem, e que conhecem também a realidade previsível por trás de cada caminho de alternativa.
Então e o Tsipras e o Hollande, sendo candidatos a PM e PR respectivamente, não se davam com quem 'sabia fazer contas' ? Não levavam inclusivamente programas de governo com cenários macro económicos ? Estariam eles pior preparados do que o PP que é comentador da QC e que 'fala com quem sabe fazer contas' ? Custa a crer, não ?

significa basicamente perda de poder de compra, desemprego, pioria geral das condições de vida, pioria dos serviços prestados pelas empresas públicas, e indiferença e insensibilidade social generalizada por parte dos políticos. Por isso é que se grita tanto contra a austeridade
Depende do conceito de poder de compra. Se eu for jantar fora muitas vezes à custa do cartão de crédito e se o emissor do cartão me cortar o plafond, eu vou ter uma perda do poder de compra. Mas era um poder de compra falso, baseado em crédito.
Portugal viveu anos a fio em défice e a acumular dívida. O 'poder de compra' (ou seja, o nível de pensões, salários de FPs, subsídios sociais, serviços públicos prestados, etc.) era fictício, obtido através de crédito, dando a ilusão de um 'poder de compra' que na verdade não existia. Agora foi necessário voltar ao poder de compra real.

purehawk

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1672 em: 2015-11-06 03:05:30 »
NOVO GOVERNO
Acabou a austeridade. Reformados vão ter aumento de 1,8 euros
José Manuel Fernandes  5/11/2015,  14:02


Conforme vamos sabendo detalhes do acordo, vemos como tudo ou é um logro (a austeridade não acaba), ou um erro (por prejudicarem o investimento e o emprego), ou então é as duas coisas ao mesmo tempo.

É oficial: a austeridade vai acabar. Basta acabar com esta “perda de tempo” e António Costa sentar-se na cadeira de primeiro-ministro e a amiga Catarina dar-lhe o seu voto (os do PCP serão sempre mais difíceis). Os detalhes já começaram a encher os espaços informativos.

A fuga de informação foi feita para um jornal de economia, o Negócios, e estou certo que milhões de portugueses respiraram de alívio. As pensões mais baixas – as que nunca tinham tido cortes, sendo que as mais baixas até tinham vindo a ser actualizadas – vão ser aumentadas. Todos os que recebem menos de 628 euros de pensão (e são imensos) vão ser aumentados 0,3%. Uma festa: serão, na melhor das hipóteses, mais 1,8 euros por mês.

Daria para rir se não fosse trágico. Mas é sobretudo revelador: agora que teve de ver até onde chegava o dinheiro, a “maioria de esquerda” concluiu que, afinal, ele não chega a quase nada. Mas a austeridade acabou. “Virou-se a página”, como repete, qual um disco rachado, o putativo primeiro-ministro quando lhe põem um microfone à frente.

Dirão: mas esse é apenas um dos pontos do acordo. Também há o alívio da TSU para os salários mais baixos e a subida do salário mínimo. Deixemos de lado o salário mínimo, pois é tema ainda em aberto e que, se assumir a dimensão anunciada, pode ter consequências graves no nível de desemprego e naquilo que ganham os trabalhadores com salários mais próximos desse mínimo (Mário Centeno até já estudou o assunto, mas não se sabe se está esquecido ou distraído), e falemos só da TSU. Aí teremos, em 2016, uma descida que representará, para um trabalhador que ganhe 600 euros, mais 7,8 euros por mês, o que equivale a 26 cêntimos por dia.

Parece que é com isto que os ideólogos do “acordo” pretendem estimular o consumo interno. Vai ser um fartar vilanagem, está-se mesmo a ver. Dará para uma bica dia sim, dia não, e assim se retomará o “crescimento”. É tão ridículo que só tomando-nos a todos por tolos se pode imaginar que esta medida possa ter outro efeito que não o efeito colateral de abrir um rombo na segurança social. É que no bolso dos trabalhadores quase nem se dará por ela.

Mas esperem lá, alertar-nos-ão: também haverá a descida do IVA da restauração. Uma bica que custe hoje 60 cêntimos vai poder passar a custar 55 cêntimos. E aqui já ganhamos todos. Uma refeição baratinha, daquelas de 5,5 euros, por exemplo, poderá descer para 5 euros. Vai dar para pedir mais uma sobremesa aí de três em três dias. O consumo interno vai bater palmas. E o PIB disparar.

O problema é que nem a bica nem a refeiçãozita vão descer. Não desceram quando o governo de Guterres também cortou o IVA da restauração em 1996 (lembram-se? eu lembro-me), acham que é agora que isso ia acontecer? Desenganem-se. E desenganem-se até porque a associação do sector já veio dizer, agora ao Expresso Diário, que era melhor não ter ilusões. Então, não descendo o preço da bica, vai haver é muito mais empregos. Dizem isto sem se rir e eu já estou a ver empregos aos montes: basta pensar como servir mais uma sobremesa de três em três dias a cada cliente vai justificar contratar mais um funcionário, ou mesmo dois.

Tenham pudor e não brinquem connosco: o fim do IVA na restauração será uma transferência quase directa de 300 milhões de euros de receitas do Estado para os bolsos dos empresários do sector. Pouco mais sucederá, porque o que tinha de suceder já sucedeu: basta andar pelo país (e não apenas por Lisboa ou pelo Porto) para ver como este sector até se modernizou com a crise e com o IVA a 23%. Se alguém precisa de ajuda em Portugal não são os donos dos cafés e restaurantes – pelo menos nunca virão em primeiro lugar.

Mas a cereja em cima do bolo do fim da austeridade é a reposição, já em 2016 mesmo que faseada, dos cortes nos salários da administração pública. De toda ela? Não: só da que ganha mais de 1500 euros. E esses cortes só são a sério nos que ganham mais de 3165 euros mensais, que esses sim vão recuperar mais depressa qualquer coisa que se veja: os 10% que lhes tinham cortado. O facto de praticamente todos os que andam nestas negociações caírem nesta categoria de portugueses não passa, está bem de ver, de uma mera coincidência. Mas se alguém vai realmente ficar a ganhar, são a dezena de milhar de portugueses, funcionários do Estados, muitos deles com acesso fácil as televisões, que ainda estão abrangidos por um corte de 10% nos seus salários. Não se admirem quando os virem na primeira linha dos que se juntaram ao coro da propaganda sobre o “fim da austeridade”.

Entretanto isso vai custar 430 milhões ao Estado. É muito, mas paciência: o que importa é ter esta parte das nossas queridas (e egoístas) elites satisfeitas.

Olhando para todas estas medidas só é possível tirar duas conclusões. A primeira, é que a conversa do “fim da austeridade” é para parolo ver e alto funcionário da administração pública beneficiar. A segunda, é que se estes é que são os amigos dos pobres (é assim que a esquerda se auto-define), então coitados dos pobres. Porque, como é óbvio, mesmo sendo muito pouca coisa para os que são mesmo mais necessitados, tudo isto também trará consigo uma factura.

E quem paga essa factura? Os ricos, responder-nos-ão, apontando para a empenhada e minuciosa desmontagem da reforma do IRC que até tinha sido negociada com o PS, que nessa altura a aprovava.

Pobres tontos: uma parte do que vão fazer com o IRC levará muitas empresas portuguesas, as que pagam impostos a sério, a regressarem aos esquemas que lhes permitiam evitar a dupla tributação dos seus lucros. E pobres de nós: uma das poucas reformas que podia tornar Portugal mais atrativo para o investimento estrangeiro esfuma-se no ar (já se está a esfumar no ar, como comprovarão se falarem com quem sabe e já nos diz que há investidores a desistir de Portugal).

Mas não faz mal: como diz o PCP, tudo o que seja esmifrar o “grande capital” servirá para reforçar o peso “a produção nacional”, mesmo que os produtores nacionais não tenham um tostão para investir e ainda menos para contratar mais trabalhadores, fazendo diminuir o desemprego.

É assim que, conforme vamos sabendo detalhes do acordo, vemos como tudo ou é um logro, ou um erro, ou então é as duas coisas ao mesmo tempo.

Logro, porque a austeridade não desaparece, toma sim outras formas e apenas se detetam mudanças de ritmo (face ao cenário da coligação) que só trazem riscos por troca com quase nenhumas vantagens.

Erro, porque toda a aposta é no consumo e, em nome disso, prejudica-se o investimento, em especial o investimento que pode inovar e trazer recursos para Portugal. Recursos e empregos.

Por fim, percebe-se de cada vez que se ouve falar alguém do Bloco ou sobretudo do PCP, está tudo montado em cima de uma teia frágil e artificial. Na guerra particular da esquerda, que não acabou, o que vai contar a partir do dia do “acordo” é saber quem vai depois conseguir atribuir o ónus a quem na altura em que a ruptura acontecer.

Não deixa de ser uma rica perspectiva para um país que, com prudência mas segurança, já dava sinais de ter dobrado o Cabo das Tormentas. E também não deixa de ser irónico – e ao mesmo tempo profundamente injusto por tudo o que na altura foi dito – esta brincadeira só ser possível por Maria Luís ter deixado os “cofres cheios”. Estivessem eles vazios e os 19 mil milhões de empréstimos a refinanciar já em 2016 bem poderiam colocar a próxima maioria muito rapidamente na mesma aflição em que se viu o Syriza. Então é que eu gostava de ver a solidariedade que Jerónimo e Catarina para com António Costa…

http://observador.pt/opiniao/acabou-a-austeridade-reformados-vao-ter-aumento-de-18-euros/



Reparei agora mesmo neste artigo de ontem de José Manuel Fernandes, ex-director do Público.
Coloquei (cheio de paciência) os "links" do texto. Divirtam-se.

    :)

I. I. Kaspov

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1673 em: 2015-11-06 03:30:02 »
Um artigo muito interessante, cheio de bons links, sem dúvida.   :D
Gloria in excelsis Deo; Qui docet, discit; Jai guru dev; There's more than meets the eye; I don't know where but she sends me there; Let's make Rome great again!
Oui, nous savons que la fin s'approche...

purehawk

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1674 em: 2015-11-06 03:39:59 »
Estavam vocês aqui no parlatório...
e nem repararam que...
à meia noite e 56 minutos...
o PS fechara acordo com o BE.





Bloco de Esquerda fecha e aprova acordo com o PS

Comissão Política dos bloquistas confirma que "as negociações estão concluídas e estão reunidas condições para acordo à esquerda"

A direção do Bloco de Esquerda (BE) aprovou durante a noite desta quinta-feira o acordo com o PS tendo em vista a viabilização de um eventual governo de esquerda. A informação foi avançada há minutos pelo portal do partido, esquerda.net, numa curta notícia após a conclusão da reunião.

"A Comissão Política do Bloco de Esquerda aprovou na noite de quinta-feira o documento de trabalho resultante das negociações do Bloco com o Partido Socialista. A Comissão Política congratula-se com este resultado. Pela parte do Bloco, as negociações com o PS estão concluídas e estão reunidas as condições para um acordo à esquerda pela proteção do emprego, dos salários e das pensões", pode ler-se na nota publicada no site dos bloquistas depois dos trabalhos do órgão que assegura a direção política do partido.

---------------------------------------------------------------------------------------------
Catarina Martins
@catarina_mart
A com. política do Bloco acaba de aprovar o documento
resultante das negociações com PS. A esquerda responde pelo
emprego, salários, pensões
12:56 AM - 6 Nov 2015

---------------------------------------------------------------------------------------------

Catarina Martins, porta-voz nacional do partido, confirmou a conclusão das negociações com os socialistas e a aprovação do acordo com duas breves mensagens nas redes sociais Facebook e Twitter: "A Comissão Política do Bloco acaba de aprovar o documento resultante das negociações com PS. A esquerda responde pelo emprego, salários, pensões."

Já no passado domingo, em entrevista publicada pelo DN, a líder do BE afirmava "há acordo", sublinhando que uma das condições que definiu durante a campanha eleitoral para se entender com António Costa, o descongelamento das penões, estava satisfeita.

"O compromisso político que estávamos a fazer permite aos pensionistas recuperar as suas pensões ao longo da legislatura. Se tivessem um governo de direita iam perder com cortes, se fosse governo do PS ficariam congeladas, e o que posso dizer agora é que há acordo para que as pensões sejam todas descongeladas e as mais baixas terão mesmo um aumento real", disse Catarina Martins.

Para já, e com muita tinta a correr nas páginas dos jornais sobre o acordo, os bloquistas não adiantam mais pormenores sobre o entendimento.

http://www.dn.pt/portugal/interior/bloco-de-esquerda-fecha-e-aprova-acordo-com-o-ps-4872417.html




Não sei se devo ficar satisfeito se preocupado...
E o PCP ?  Onde está o PCP ?


    ???



Incognitus

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1675 em: 2015-11-06 03:46:47 »
O Pacheco Pereira regra geral vê-se que não sabe do que fala (em textos, eu não vejo videos).

A ideia de que existem caminhos alternativos para gerar emprego é falaciosa. Temporariamente existem muitas formas de gerar emprego. Mas sustentadamente, só se gera emprego por via de alguém ter (ou pensar que vai ter) vantagem (leia-se lucro) em empregar.

Não sabe do que fala, ou defende opiniões e caminhos que considera válidos e que contrastam com a tua visão das coisas? É um pouco difícil engolir que ele, com a experiência que tem, não sabe do que fala.

Sobre a sustentabilidade das medidas para a criação de emprego, não haverá diversas formas de estimular o mercado/empresas de forma a chegar a esse objectivo?

Jsebastião, sobre o Pacheco Pereira já se viu em coisas simples que não sabia -- mas não me vou agora lembrar em quê pois não ando a ver o que diz.

Sobre chegar ao objectivo de empregar, só tens que te perguntar porque é que, regra geral, alguém emprega outra pessoa.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1676 em: 2015-11-06 03:47:47 »
o PP so tem um argumento, o odio pessoal que nutre pelo PC

Eu diria que tem uma variedade imensa de argumentos de peso, independentemente de gostar ou não do PPC. Ainda diria mais, ele tem mais argumentos para criticar a actuação recente do PSD do que qualquer pessoa do PS e restantes esquerdas.

Trás lá uns textos específicos com os quais concordes muito e em que ele defenda coisas muito diferentes das do PSD recente, para vermos isso.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1677 em: 2015-11-06 03:55:48 »
Não sabe do que fala, ou defende opiniões e caminhos que considera válidos e que contrastam com a tua visão das coisas? É um pouco difícil engolir que ele, com a experiência que tem, não sabe do que fala.
Sebastião, repara que o Tsipras e o Hollande também tinham um discurso bastante anti austeridade, parecido ao do PP (o do Tsipras até era muito violento), cheio de chavões sobre crescimento e emprego, e ambos não tiveram outro remédio senão mudar o discurso e aceitar as medidas de contenção orçamental. Também não sabiam do que falavam ? Ou quando é preciso pagar salários e pensões (coisa que o PP não faz) a realidade sobrepoe-se aos discursos bonitos ?

São factos que não posso desmentir e contra eles não tenho argumentos. O meu refúgio continua a ser a hipótese (remota, é certo) de que haja uma alternativa que resulta (porque cada situação tem um contexto próprio, com infinitas variáveis). Eu sei que me vão dizer que o passado e as contas negam categoricamente essa hipótese, e que "a esperança é muito bonita até levar com o calhau da realidade em cima", mas também quero acreditar que os partidos na nossa esquerda têm pessoas com competência suficiente para também terem analisado essas situações. Quanto ao Pacheco Pereira, a vossa questão é a mesma: ele "não sabe fazer as contas"--- mas certamente que se dá com pessoas que sabem, e que conhecem também a realidade previsível por trás de cada caminho de alternativa.

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Diga-se, já agora, que é bastante estranho que se grite tanto contra a austeridade quando o seu significado é contas equilibradas. Então é suposto o estado ter permanentemente défices brutais, a contar com um crescimento que irá aparecer um dia ?

Mais atrás defendi algo que tem a ver com o seguinte: "austeridade" pode tecnicamente significar isso, e certamente para quem aplica a contenção orçamental é mesmo isso que quer dizer, mas da forma como está a ser usada socialmente, o significado é um pouco diverso (embora na prática vá dar ao mesmo): significa basicamente perda de poder de compra, desemprego, pioria geral das condições de vida, pioria dos serviços prestados pelas empresas públicas, e indiferença e insensibilidade social generalizada por parte dos políticos. Por isso é que se grita tanto contra a austeridade---o Anti-Ditador farta-se de me chamar burro por não saber "coisas básica", mas esquece-se que grande maioria da população, naturalmente,  também não sabe essas coisas básicas, apenas vê à sua frente a realidade do dia-a-dia, e sofre na pele de cada vez que a Maria Luis altera um dígito no Excel. Há duas interpretações para "austeridade"---a de quem a aplica, e a de quem a sofre.

Vindo da situação que se veio, o desemprego era inevitável.

Mais ainda, a perda de poder de compra não só era inevitável, como fazia parte da solução. Não se compreender isso significa que não se compreende nada do que se passou. Se vires alguém a berrar "perdeu-se poder de compra" podes instantaneamente aplicar-lhe o rótulo de "ignorante" que estarás correcto.

Falta de consciência social é coisa essencialmente de esquerda, que não leva em conta as consequências do que defende sobre a população em geral. E no limite, não o leva em conta até ao ponto em que as pessoas não têm papel higiénico, pensos higiénicos ou morrem à fome (com esquerda suficiente). Nota que políticas de escudo forte e contenção orçamental foram as que aproximaram Portugal da Europa. As outras, ou fizeram estagnar ou fizeram regredir. Nota que políticas de liberalização e economia de mercado foram as que colocaram a China no caminho do desenvolvimento. Nota que países partidos ao meio como a RFA/RDA ou Coreia do Sul/Coreia do Norte, mostram para lá de qualquer dúvida qual é o sistema que funciona e qual é o que não funciona.
« Última modificação: 2015-11-06 03:56:18 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1678 em: 2015-11-06 04:03:16 »
Uma coisa que eu não percebo é como o pessoal de esquerda aceita sem piar (e aparentemente até luta por) que agora os salários e pensões que vão ser aumentados a sério sejam APENAS os mais elevados.

É de uma aberração extraordinária. Jsebastião, consegues explicar esta absurdidade? Isto é coisa de esquerda ou drogados?
« Última modificação: 2015-11-06 04:04:02 por Incognitus »
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D. Antunes

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #1679 em: 2015-11-06 10:21:44 »
Sobre chegar ao objectivo de empregar, só tens que te perguntar porque é que, regra geral, alguém emprega outra pessoa.


he he...
Isso é uma boa pergunta,
A resposta depende do ângulo de visão de quem responde...


Claro que cada um tem a sua visão. Mas o que o Inc perguntou foi porque é que alguém emprega outra pessoa. Não interessa o que os outros pensam, interessa o pensamento de quem cria o posto de trabalho.
« Última modificação: 2015-11-06 11:07:26 por D. Antunes »
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