Ouvi há pouco um pouco do discurso do Passos, ele lembrou, quando em 87, depois de uma moção de censura, o presidente Mário Soares recusou o governo PS, PRD e PCP.
Eu já escrevi sobre isso no tópico, mas desconhecia os pormenores.
Este artigo da Sabado fala sobre isso e está bem feito.
http://www.sabado.pt/portugal/detalhe/como_soares_e_sampaio_chumbaram_governos_maioritarias_sem_o_partido_mais_votado.htmlDestaco o que Mário Soares disse na altura: ‘Eu não aceito uma moção de censura. Não quero que o governo caia agora [1987, tinha o executivo de Cavaco dois anos], porque está recentemente eleito. Numa altura em que vamos entrar numa nova fase, meter um governo desse género é uma coisa horrível e eu, como Presidente de todos os portugueses, não aceito.’"
Uns anos mais tarde, Mário Soares voltou a falar disso e disse: "Fui colocado diante de uma hipotética coligação que sempre considerei contranatura, puramente artificial, e, por isso mesmo, repetidamente avisei que jamais favoreceria um acordo político desse tipo, que, na minha opinião, seria nefasto para o País."
Isto é importante, porque Cavaco pode agora usar argumentos similares para não dar posse a PS, com apoio do PCP e BE. A situação não é bem igual porque PCP e BE não vão para o governo, mas é similar.
Ontem tb soube-se que BE e CDU queriam ir para o governo e que foi o Costa é que não quis. A Catarina Martins disse isso numa entrevista à RTP. Provavelmente, o Costa achou que Cavaco não daria posse a um governo PS, BE e CDU.
Mas o PS ao querer ir para o governo sozinho cria um outro problema que tb já tinha sido falado no fórum e que o Passos tb lembrou hoje, que é o PS querer ir para o governo sozinho quando teve menos votos e menos deputados do que a coligação PAF. Isso é injusto. E o Cavaco pode alegar que o acordo de incidência parlamentar não é suficiente para garantir a estabilidade.
Mas a novidade (que eu não conhecia) foi que pediu à esquerda para aceitar uma revisão constitucional extraordinária de modo a permitir novas eleições em breve.
Perante isto e por parecer que a PAF anda em campanha eleitoral, começo a achar que o Cavaco pode não dar posse ao Costa e que a esquerda pode não ter outra hipótese, senão concordar com uma revisão constitucional extraordinária de modo a termos novas eleições em breve.
Esta era uma hipótese que acho que nenhum comentador tinha colocado.