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Autor Tópico: Parlamento sem maioria absoluta  (Lida 392738 vezes)

Incognitus

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #300 em: 2015-10-14 00:48:37 »
Boas,

Não sou propriamente novo por aqui---há uns anos atrás cheguei a participar assiduamente com outro username (e dessa altura retenho essencialmente três nomes---Incognitus e Lark, sempre à "batatada" eheh, mas sempre com argumentação consistente, e o James Dean com umas historietas de vida bem divertidas e sapientes), mas desde então, meio por falta de tempo, meio por esgotamento "netiano", deixei de frequentar uma série de pousos. Creio que a sal(ganh)ada política em que o país ficou depois destas eleições me tornou curioso para vir ler o que por aqui se escrevia e defendia---e que os conteúdos que encontrei, por seu turno, me impeliram a tornar a inscrever.

Em relação ao Costa, e considerando que a decisão final não é dele (vai haver um referendo dentro do partido para legitimar uma qualquer decisão, certo? E é dessa votação que sairá apurado o rumo de eventuais futuras coligações, certo?), penso que neste momento está a fazer um excelente trabalho de "auscultação" de vontades, e de exercício sereno de poder (não de governação, mas preparação para governação). O PSD ganhou as eleições---é um facto---mas é o PS que tem neste momento a chave para desbloquear o impasse (ou seja, uma boa parte do PODER---ficando o PR com o restante). A grande incógnita é então saber como vai reagir o partido, sabendo-se unicamente que há vontades a pender para os dois lados...

Bem-vindo de volta.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Joao-D

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #301 em: 2015-10-14 00:59:57 »
Dei uma volta pelas noticias e não vi nada de interessante em relação à reunião entre Costa e Passos.
O Passos falar ou não falar com o Costa acho que é a mesma coisa, pq ele ainda não se vai comprometer com nada. A ideia dele é arrastar a situação. Quanto mais tempo passar melhor é para ele e para a esquerda.
O Santana Lopes tem razão no que disse. O Cavaco devia decidir-se e dar posse à coligação que ganhou as eleições, e depois logo se vê.
Eu acho que o PS se acobarda e não vota a favor da moção de rejeição, nem contra o OE.
« Última modificação: 2015-10-14 01:02:56 por João-D »

Joao-D

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #302 em: 2015-10-14 01:12:55 »
Depois destas declarações não vale a pena o Passos andar a falar com o Costa. Isso fica-lhe mal.

Citar
António Costa diz que PS está "melhor posicionado" para formar executivo

"O que é claro neste momento, é que o Partido Socialista está numa posição melhor do que a direita para formar um Governo que será estável nos próximos quatro anos", declarou o líder socialista, acrescentando que "pela primeira vez pode haver um Governo que reflita a maioria de esquerda no parlamento sem constituir um risco para as regras europeias".

http://visao.sapo.pt/governo-antonio-costa-diz-que-ps-esta-melhor-posicionado-para-formar-executivo=f833379


JoaoAP

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #303 em: 2015-10-14 01:15:37 »
Depois destas declarações não vale a pena o Passos andar a falar com o Costa. Isso fica-lhe mal.

Citar
António Costa diz que PS está "melhor posicionado" para formar executivo

"O que é claro neste momento, é que o Partido Socialista está numa posição melhor do que a direita para formar um Governo que será estável nos próximos quatro anos", declarou o líder socialista, acrescentando que "pela primeira vez pode haver um Governo que reflita a maioria de esquerda no parlamento sem constituir um risco para as regras europeias".

http://visao.sapo.pt/governo-antonio-costa-diz-que-ps-esta-melhor-posicionado-para-formar-executivo=f833379


Eu ouvi isso, na TV, e por isso disse que o governo será de esquerda. A não ser que o Costa considere algumas vozes internas... mas duvido.

Mas amanhã, hoje, com os resultados oficiais, já se saberá se ele precisará somente do BE ou de mais alguém.

Joao-D

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #304 em: 2015-10-14 01:24:18 »
Por enquanto, atribuo uma maior probabilidade do Cavaco aceitar um governo minoritário de direita do que aceitar um governo maioritário de esquerda, com BE e CDU, e se por acaso o Cavaco der posse ao governo minoritário de direita, acho que o Costa deixa a liderança do PS. Parece-me que o Costa está a arriscar tudo em ir para o governo, e se falhar acho que não deve continuar.
« Última modificação: 2015-10-14 01:30:13 por João-D »

Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #305 em: 2015-10-14 01:34:04 »
Bem-vindo de volta.

Obrigado, Incognitus.
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Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #306 em: 2015-10-14 01:38:24 »
Por enquanto, atribuo uma maior probabilidade do Cavaco aceitar um governo minoritário de direita do que aceitar um governo maioritário de esquerda, com BE e CDU, e se por acaso o Cavaco der posse ao governo minoritário de direita, acho que o Costa deixa a liderança do PS. Parece-me que o Costa está a arriscar tudo em ir para o governo, e se falhar acho que não deve continuar.

O Cavaco não pretende dar posse a uma solução que não ofereça condições de estabilidade nem governabilidade, que seria o caso se optasse qualquer solução de minoria.

Quanto ao Costa, é verdade que a jogada é de alto risco--- e se não resultar, vai ser uma queda estrondosa. Mas nesta altura ele ainda tem muitas redes de suporte...
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Joao-D

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #307 em: 2015-10-14 11:00:49 »
Por enquanto, atribuo uma maior probabilidade do Cavaco aceitar um governo minoritário de direita do que aceitar um governo maioritário de esquerda, com BE e CDU, e se por acaso o Cavaco der posse ao governo minoritário de direita, acho que o Costa deixa a liderança do PS. Parece-me que o Costa está a arriscar tudo em ir para o governo, e se falhar acho que não deve continuar.

O Cavaco não pretende dar posse a uma solução que não ofereça condições de estabilidade nem governabilidade, que seria o caso se optasse qualquer solução de minoria.

Quanto ao Costa, é verdade que a jogada é de alto risco--- e se não resultar, vai ser uma queda estrondosa. Mas nesta altura ele ainda tem muitas redes de suporte...

Para o Cavaco pode ser mais instável um governo de maioria de esquerda com partidos que são contra o Tratado Orçamental do que um governo minoritário de direita que não é contra isso.
Quando o Cavaco disse "encarreguei Pedro Passos Coelho de desenvolver diligências com vista a avaliar as possibilidades de constituir uma solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país", foi com a intenção do Passos se entender com Costa, e não com a intenção do Costa se entender com a esquerda.
Cavaco ainda não pediu nada ao Costa. Tudo o que o Costa fez foi por sua iniciativa. Se for bem sucedido, foi uma boa jogada politica, sem duvida, mas se for mal sucedido, será apenas alguém que tentou entrar numa festa sem ser convidado e que foi barrado à entrada.
« Última modificação: 2015-10-14 13:17:31 por João-D »

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #308 em: 2015-10-14 11:38:45 »
Citar
Pergunta do dia - O que prefere ?

Sapo.pt

Um governo PSD-CDS:6380 votos 54%

Um governo PS apoiado por BE e CDU:3213 votos 27%

Um governo PS-BE-CDU:2304 votos 19%

Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #309 em: 2015-10-14 13:29:16 »
Pergunta do dia - O que prefere ?

Sapo.pt

Um governo PSD-CDS:6380 votos 54%

Um governo PS apoiado por BE e CDU:3213 votos 27%

Um governo PS-BE-CDU:2304 votos 19%

Batman, no site do Público tens um inquérito muito semelhante, mas com resultados completamente diferentes...  :-\
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Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #310 em: 2015-10-14 13:33:52 »
Para o Cavaco pode ser mais instável um governo de maioria de esquerda com partidos que são contra o Tratado Orçamental do que um governo minoritário de direita que não é contra isso.
Quando o Cavaco disse "encarreguei Pedro Passos Coelho de desenvolver diligências com vista a avaliar as possibilidades de constituir uma solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país", foi com a intenção do Passos se entender com Costa, e não com a intenção do Costa se entender com a esquerda.
Cavaco ainda não pediu nada ao Costa. Tudo o que o Costa fez foi por sua iniciativa. Se for bem sucedido, foi uma boa jogada politica, sem duvida, mas se for mal sucedido, será apenas alguém que tentou entrar numa festa sem ser convidado e que foi barrado à entrada.

Isto muda de figura no momento em que houver um acordo (de coligação ou de entendimento) à esquerda---em papel, e com os compromissos dos envolvidos preto-no-branco.

Por enquanto, é certo, não há.

A minha curiosidade continua a prender-se com o referendo dentro do PS. Seria um erro grave o Costa não o efectuar quando (e se) obtiver o entendimento com o BE e PCP.
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Automek

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #311 em: 2015-10-14 13:39:34 »
era interessante saber se todos os deputados do PS estão de acordo com isto.

Jsebastião

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #312 em: 2015-10-14 13:42:38 »
era interessante saber se todos os deputados do PS estão de acordo com isto.

Sabemos que todos não estão. Interessante era saber quantidades. Não só nos deputados, mas junto de todos os sócios do partido. E até que ponto não estará uma maioria dentro do partido contra uma coligação à esquerda.  :D



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Automek

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #313 em: 2015-10-14 13:45:05 »
isso então era anedótico. um governo do PS/PCP/BE ser rejeitado pelo PSD/CDS e alguns do PS  ;D

o que vale é que o tacho fala sempre mais alto

tommy

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #314 em: 2015-10-14 13:48:39 »
isso então era anedótico. um governo do PS/PCP/BE ser rejeitado pelo PSD/CDS e alguns do PS  ;D

o que vale é que o tacho fala sempre mais alto

O ditador costa não é parvo. Já limpou o partido e as listas dos seguristas mais convictos. Só sobra os socráticos e os yes man. Daí não virá perigo para essa escumalha.

Automek

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #315 em: 2015-10-14 13:51:21 »
O Lello é um dos indefectíveis do Sócrates e estas declarações têm estado a ser interpretadas como o Sócrates ser contra a aliança à esquerda.
http://www.ionline.pt/artigo/416709/jose-lello-esses-individuos-do-be-e-do-pcp-nao-estao-a-ser-serios-?seccao=Portugal_i

Joao-D

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #316 em: 2015-10-14 14:29:00 »
Para o Cavaco pode ser mais instável um governo de maioria de esquerda com partidos que são contra o Tratado Orçamental do que um governo minoritário de direita que não é contra isso.
Quando o Cavaco disse "encarreguei Pedro Passos Coelho de desenvolver diligências com vista a avaliar as possibilidades de constituir uma solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país", foi com a intenção do Passos se entender com Costa, e não com a intenção do Costa se entender com a esquerda.
Cavaco ainda não pediu nada ao Costa. Tudo o que o Costa fez foi por sua iniciativa. Se for bem sucedido, foi uma boa jogada politica, sem duvida, mas se for mal sucedido, será apenas alguém que tentou entrar numa festa sem ser convidado e que foi barrado à entrada.

Isto muda de figura no momento em que houver um acordo (de coligação ou de entendimento) à esquerda---em papel, e com os compromissos dos envolvidos preto-no-branco.

Por enquanto, é certo, não há.

A minha curiosidade continua a prender-se com o referendo dentro do PS. Seria um erro grave o Costa não o efectuar quando (e se) obtiver o entendimento com o BE e PCP.

Pode haver um acordo (de coligação ou de entendimento) à esquerda---em papel, e com os compromissos dos envolvidos preto-no-branco e mesmo assim o Cavaco achar que essa solução não lhe serve.
Foi isso que o Morais Sarmento disse há dias e que me faz sentido: "Pode haver uma maioria no parlamento e PR achar que não lhe serve. Foi o que aconteceu com Santana Lopes". Em 2005, o PR Jorge Sampaio demitiu o governo liderado por Santana Lopes, quando havia uma maioria absoluta no parlamento (PSD+CDS).
E pode justificá-lo falando das politicas que CDU e BE defenderam recentemente até à falta de legitimidade, por causa do PS nunca ter equacionado a hipótese de uma coligação à esquerda na campanha eleitoral, que é uma coisa que algumas pessoas ligadas ao PS até têm dito, mas a justificação pode até parecer sectária, o que importará será a decisão.
« Última modificação: 2015-10-14 14:31:26 por João-D »

Pip-Boy

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #317 em: 2015-10-14 14:37:39 »
O Presidente não demite governos, pode é dissolver o parlamento e daí o governo cai por falta de apoio parlamentar.
É importante este pormenor porque neste caso o parlamento não pode ser dissolvido pela questão dos prazos de 6 meses.

Portanto qualquer governo que se apresente com maioria parlamentar na situação actual teria que ser empossado, pois tem apoio do parlamento.
The ultimate result of shielding men from the effects of folly, is to fill the world with fools.

Automek

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #318 em: 2015-10-14 14:42:00 »

McKricas

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Re: Parlamento sem maioria absoluta
« Responder #319 em: 2015-10-14 14:44:47 »
Boa tarde,

Tal como o utilizador "Jsebastião" também já leio este fórum há bastante tempo.

Achei que, pelo tema em si, que era hora de me registar e deixar a minha opinião (e também porque sou um investidor e defensor da Tesla e já leio o Paulo Santos no Seeking Alpha há bastante tempo. Curiosamente parece-me que a thread da Tesla aqui é "poucochinha" ) ;)

Em primeiro lugar quero desde já dizer que não pertenço a nenhum partido e não tenho nada contra nenhum partido, excepto talvez contra o MRPP, PPM, PDA, PNR, PTP, PPV, PDR, PURP....mas é porque não faço ideia de quem são nem o que querem mesmo fazer (para além de serem do "contra" qualquer coisa).

Em relação ao assunto desta thread, a minha opinião é a seguinte do que se poderá passar nos próximos tempos:

Da forma como os acontecimentos se precipitam penso que já é evidente que o António Costa não está a fazer "bluff" no seu encosto à esquerda e que um acordo do PS com a PaF tem muito poucas hipóteses de sucesso neste momento. Ontem nos discursos a seguir à reunião entre o PS e a PaF isso foi evidente.

Penso que o que poderá acontecer é já na próxima semana, a PaF confirmar ao Presidente da República que pretende ser governo e o PS afirmar também que quer formar governo (minoritário) próprio, levando um conjunto de acordos de incidência parlamentar (num conjunto de matérias) com o BE e PCP. Também me parece claro que nem o BE nem o PCP estão interessados em formar uma coligação de governo com um Programa de Governo do PS (ambos já disseram que há pontos "impossíveis" de concordância e que o foco das discussões têm sido noutros pontos). Para além disso "amarrar" o BE e o PCP a uma coligação de governo seria a "morte" ou da coligação ou desses partidos muito rapidamente.

Acho que o PCP e o BE querem um PS (minoritário) no governo para serem eles a "cozer em lume brando" o seu "parceiro" e até acharem que está na altura de se ir a votos.

Há neste momento a dúvida, portanto, em que matérias poderá haver esses acordos. E é aqui que, quanto a mim, está o cerne da questão. Sabemos que, no mínimo, terão que ser potencialmente suficientes para permitir passar o "Programa de Governo" na Assembleia.

Perante este cenário, tenho poucas dúvidas que o Presidente da República (sendo a figura tão institucional que é) irá optar por chamar primeiro a PaF a formar governo, pela simples razão de ter sido a força política mais votada nas eleições (do ponto de vista institucional, não o fazer, seria visto como um desrespeito às próprias eleições e aos seus resultados).

É claro que o problema vem a seguir para a PaF.

Já se sabe que o BE e o PCP irão votar contra qualquer "Programa de Governo" da PaF, mas esta votação irá obrigar o PS a mostrar as suas verdadeiras cores e a dizer na Assembleia se efectivamente rejeita ou se se abstém (pelo meio irão discutir cada ponto do Programa e o PS também terá que dizer onde não concorda etc. etc.). Há a hipótese também de cerca de 10 deputados "faltarem" nessa sessão e mesmo querendo...o PS não conseguir rejeitar...da forma que o PS internamente pode estar, não é um cenário despropositado ;)

Portanto, se se abstiver, o Programa passa e termina o caso. Abre-se outro para o OE-2016, mas isso é outro assunto e isto tem que ser pensado passo-a-passo.

Se a decisão for uma efectiva rejeição, o caso "volta" ao Presidente da República e este avalia se a hipótese do PS (com os acordos com o BE e PCP) é válida para formar governo ou não.

É aqui que irá depender muito do que o PS tiver para mostrar, sendo que irá partir de uma posição onde rejeitou um anterior Programa de Governo (e compromisso) e que portanto terá que apresentar algo "melhor" do que aquilo que rejeitou em relação aos "pilares" que o Presidente da República enumerou previamente (garantias de estabilidade para 4 anos, manter os compromissos internacionais, cumprimento do tratado orçamental, etc.).

A "bitola" estará por isso, mais alta para o PS.

Portanto, se os acordos de incidência parlamentar com o PCP e o BE não forem suficientemente abrangentes, há motivo para o Presidente da República não aceitar essa solução de governo minoritário do PS por achar que não cumpre com os critérios que ele próprio enumerou (mesmo que até permitam aprovar um Programa de Governo).

Ou seja, se esses acordos forem apenas uma "base" minima possível para aprovar apenas o "Programa de Governo", poderá não dar garantias e confiança ao Presidente para que exista uma base consensual suficiente que permita aprovar as diversas leis na assembleia durante os 4 anos da legislatura (isto é, existência de estabilidade governativa).

(Já agora, uma situação irónica possível é que se o Programa de Governo do PS passar e for aprovado, no passo seguinte de aprovação do OE para 2016 e se os temas dos acordos de incidência parlamentar não forem suficientes para aprovar todas as matérias do OE, é o PS que terá que procurar "entender-se" com a PaF para conseguir aprovar essas matérias) ;)

Se essa situação de "base" mínima ocorrer, penso que a hipótese mais provável nesse cenário, e porque não é possível marcar novas eleições, é o actual governo manter-se em gestão e passar a decisão para o próximo Presidente da República.

Por isso, tudo depende não só da existência desses Acordos com o BE e o PCP, mas também do que eles abrangem.

Se os acordos forem realmente válidos e abrangentes e convencerem o Presidente da República então este não terá outra possibilidade do que dar posse ao António Costa e ao governo minoritário do PS. Sendo certo, que o PS ficará sempre numa posição complicada e refém do PCP e do BE (e da PaF) e que qualquer problema que surja fora do âmbito dos acordos poderá originar uma crise e o PS ficar sem condições para governar.

Penso que ainda muita coisa se irá passar, mas não será um "passeio no parque" esta vontade do António Costa de ser 1º-ministro.

Ate é paradoxal, mas a PaF até pode ter mais a ganhar com esta atitude do PS, ficando na oposição, do que se formasse governo agora. Pois como oposição poderá ficar mais resguardada e a aguardar que surja a primeira crise que mostre ao (novo) Presidente da República que a situação governativa não é estável.
« Última modificação: 2015-10-14 14:54:17 por McKricas »