Deixo uma actualização da minha opinião com base nas noticias dos últimos dias:
1) As negociações entre o PS e o PCP e BE não estão a funcionar como o PS esperaria. Há, como se esperava, vários problemas em várias matérias e nem um Acordo de incidência parlamentar será possivelmente alcançado. No máximo, o PCP e o BE irão apoiam o Programa de Governo do PS e deixam para a discussão no parlamento cada medida do OE do eventual governo PS.
Penso que com o apuramento dos deputados dos círculos eleitorais internacionais as coisas ficaram mais complicadas, pois o PS tinha a secreta esperança que o número total dos seus deputados com os do BE permitiriam ficar à frente dos da PaF (e assim evitariam a necessidade do PCP). Caso que acabou por não acontecer com o reforço dos deputados na PaF.
2) O PS conta com um trunfo importante e penso que está a desenhar toda a sua estratégia à volta disso. O facto de que mesmo sem Acordos com o BE e o PCP, de conseguir formar governo rapidamente com o seu Programa de Governo (com o tal apoio mínimo do PCP e do BE). E com isso chegar à discussão do OE para permitir recolocar as medidas extraordinárias para cumprimento do Tratado orçamental para 2016.
Ironicamente isso até poderá depois ser feito com o apoio da PaF no Parlamento. Seria muito complicado e difícil de explicar estes não aprovarem estas medidas....
Mais, esta situação poderá completamente invalidar a hipótese de um Governo de Gestão, pois é necessário recolocar as medidas extraordinárias para cumprir o Tratado Orçamental. Este facto tem, por isso, muita força.
Portanto, e tendo por base estes factos e dependendo também das conversas que haverá na 3a e 4a-feira entre o Presidente da República e os partidos (principalmente o PS), penso que o Presidente da República poderá fazer o seguinte :
1) Se o PS disser ao PR que rejeita o Programa da PaF por ter uma "melhor" alternativa - mas o PR não concordar, penso que veremos o Presidente da República a chamar a PaF e o PS e sentarem-se os 3 à mesa para tentar promover um acordo comum.
2) Mesmo que o PS continue a rejeitar o acordo, penso que o Presidente da República irá dar sempre primeiro a possibilidade à PaF de formar governo no parlamento por ser a força política mais votada e porque institucionalmente é "o mais correcto a fazer". Isso levará o PS a ter que dizer explicitamente no Parlamento o que fará e esse facto é bastante importante por vários motivos.
O PS, com base na informação que teve das conversas anteriores com o PR, terá mesmo que decidir o que irá fazer e se a sua "melhor" alternativa mais as medidas que eventualmente o PR lhe irá dizer para concordar esta hipótese, vale o risco.
3) Se o PS realmente vier a rejeitar o Programa da PaF no Parlamento, penso que o Presidente da República não terá outra hipótese do que permitir o PS de formar governo, mas não é linear se o fará sem colocar um conjunto de imposições ao PS.
Vamos vendo como as coisas se irão desenrolar estes próximos dias.