Essa interpretação de Ferreira Leite também é válida, ao lado da interpretação que a esquerda faz dos resultados eleitorais.
Essas interpretações politicas a Constituição parece permitir.
Depois, cada eleitor, de acordo com as suas convicções tem mais facilidade ou dificuldade em aceitar as duas interpretações com peso igual e normalmente pende mais para uma e menos para outra.
No confronto entre essas duas interpretações, há uma condicionante decisiva, que vem de um "arbitro" que decide e tem legitimidade constitucional para decidir em última instância, independentemente das críticas que lhe possam ser dirigidas quando decidir. Esse "arbitro" é o Presidente da Republica que já marcou a sua condição:
Os compromissos internacionais têm de ser respeitados.
Caso "os compromissos internacionais" não sejam respeitados por esta nova coligação de esquerda, com tudo o que isso implica de mais ou menos austeridade, o Presidente da Republica não aceitará esse governo de coligação de esquerda pós-eleitoral, mesmo que tenha maioria absoluta no Parlamento. Preto no branco.
Portanto... o BE e o PCP é que têm de se adaptar às condições impostas pelo Presidente (e pelos vistos também pelo PS que concorda com o Presidente) e ceder na parte em que os "compromissos internacionais" sejam respeitados mesmo que isso signifique a manutenção de um grau de austeridade ainda elevado, na perspectiva do BE e do PCP.
No fundo, o que o PS quer é que seja corrigido (reduzido) aquela margem do ter "ido mais além da Troika" no grau de austeridade levado a cabo pelo governo PSD-CDS.
Eu apenas me pergunto se o impacto nos números, na economia e nas pessoas, será melhor, pior, igual... a médio, a longo prazo... mas para isso é que existem economistas e financeiros qualificados...