Ser-se pela liberdade também é pelo ser-se contra a possibilidade dos outros atentarem contra ela. Fascistas e comunistas defendem abertamente dar-se cabo da liberdade de terceiros. Defendem roubar-te a casa, o carro, a empresa, etc. Eventualmente se berrares muito defendem roubar-te a própria vida, como fizeram amiúde. Idem para fascistas por motivos diferentes.
Portanto é perfeitamente consistente ser-se pela liberdade e pela ilegalização de ambos.
Concordo inteiramente.
Em relação à consistência na contradição, há modos de conjugar esses dois contrários---sem sair da democracia. Afinal de contas, as leis também servem para prevenir e punir acções anti-democráticas.
concordas com a ilegalização?
Não. Não dessa maneira que estás a imaginar---a frase do Inc aponta para um estado de aceitação e negação simultâneo do comunismo e fascismo. Eu estou de acordo com essa ideia, já que tenho sentimentos contraditórios em relação ao modo de encarar essas ideologias. Eu disse lá para trás que era objectivamente contra a proibição de poderem existir enquanto associações dentro de uma democracia, mas sou também objectivamente contra a ideia de colocar essas ideologias em prática.
Um pouco como tu, defendo que devam ser combatidas pela persuassão e pelo discurso. Mas isto tem limites. Imagina o seguinte: a diplomacia foi usada para travar as ideias expansionistas do Hitler numa primeira fase, mas como não resultou, das palavras foi necessário passar ao actos, ou seja, a uma declaração de guerra.
mas olha lá, estamos todos numa de redução ao absurdo?
estamos no sec xxi, na união europeia.
é evidente que esta conversa toda de proibições não é inocente.
não é por acaso que aparece neste momento da vida política portuguesa.
é marginal e insignificante, mas não é inocente.
L
Percebo a tua questão e a ideia do oportunismo, mas não considero que seja nem marginal, nem insignificante---pelo contrário é das tais questões que deviam estar sempre presentes, em qualquer contexto de debate polítco---"lest we forget!!!".
Estamos no sec. XXI e na EU (e, certo, aqui aconchegadinhos neste paraíso português), mas move óculo um pouco mais para a direita no mapa, ou um pouco mais para baixo, e diz-me onde te encontras. E nem sequer estamos a meter a religião ao barulho... a intolerância impera, e o radicalismo, seja ele político ou religioso, é o seu principal municiador.