Essa retórica é muito interessante e concordo com ela a 100%. Diria que a sua implementação é que tem sido complicada, até porque muito do que está aí escrito é o que tem sido defendido pelos partidos da governação desde o 25 de Abril.
Parece que as políticas são sempre mal aplicadas ou mal interpretadas. Porquê é que achas que é desta vez que a união de esquerda, com o António Costa a PM, vão fazê-las funcionar?
Não sei se vão ou não---mas quero que tenham a possibilidade de tentar. Mesmo que falhem os objectivos na maior parte das áreas (como é provável, não tenho grande ilusões), tenho a esperança que façam muito melhor do que eventualmente faria a Paf, que essa, sim, para mim falhou à grande nos últimos 4 anos.
Sinceramente, o programa eleitoral que mais me transmitiu esperança , e consequentemente o governo que mais expectativas positivas me criou, foi sem dúvida, o do Eng. José Sócrates.
A flexi-segurança, o combate ao trabalho precário, a sociedade da informação (simplex e pc magalhães), energias renováveis, com os parques eólicos, plano nacional de barragens e carro eléctrico, plano rodoviária nacional concluído com autoestradas sem custos, o parque escolar, o complemento solidário para idosos, etc. e ainda faltou um novo aeroporto e a ligação do país à rede transeuropeia de alta velocidade. O que não há para gostar destas ideias?
Fiquei convencido que o país ia realmente ficar melhor, mais moderno e olhar de igual para os países do norte da europa.
Por outro lado, íamos ter um governo que respeitava os mais fracos, os idosos, as pessoas de baixos recursos, os funcionários públicos e que não nos metiam em guerras como o do Durão ou em trapalhadas de estado, como o Santana tornar-se PM por co-adopção e sem ir a votos.
Uma maioria de centro-esquerda para devolver esperança aos portugueses. Estava cheio de esperança.
Só que a esperança é uma coisa engraçada, como nos enchemos dela, também, nos esvaímos. Principalmente, quando as palavras de quem as transmite são diferentes daquilo que praticam. E por isso deixei de ter esperança nas palavras.
Agora sou mais prático, aprendi à minha conta, e agora só volto a ter esperança quando a puder utilizar para pagar a conta da EDP, do IMI, do Pingo Doce, etc.
Se calhar é por ser mais velho e estar desiludido, mas a minha filha continua a ter muita esperança. Quando estamos a fazer os TPC de matemática, ela responde resultados ao calhas na esperança de estarem certos. Mas infelizmente, para ela, não chega esperança, é preciso assimilarmos a realidade e aceitá-la, sem lutas, sem confrontos.
E não é pelo partido A,B ou C ter o político mais brilhante da sua geração ou existirem grandes consensos que a realidade vai mudar. Não vai ser agora com o país e a europa em situação delicada, que as políticas de esperança vão funcionar. Porque senão o governo de José Sócrates tinha sido bestial.
E todos nós sabemos que não foi assim...