Quando comparamos o PIB com os níveis de 2006/2007 penso que devemos pensar sempre numa questão.
Os níveis de endividamento público, privado e empresarial é que permitiram aquele pico de valor no PIB.
Não é que a economia ou o paradigma do momento fossem algo de excepcional.
A entrada de capital (via crédito), permitia continuar com o motor a carburar em alta rotação.
O problema é que há limite para o montante de crédito que qualquer dos elementos citados consegue contrair.
E, até mais que o Governo (que parece ser o único elemento que interessa nestes debates, mas não é) as empresas e os privados estavam atolados em dívida. O ritmo de expansão de dívida não poderia continuar para sempre.
E na falta deste rocket fuel o PIB não tinha outra hipótese senão descer.
mr T, desculpe mas vou ter demonstrar a falácia que está aí embebida.
se nós já tivemos um determinado output económico, não há nenhuma razão para não o voltarmos a ter.
a capacidade produtiva está cá.
a mão de obra está cá.
as duas à capacidade máxima geram um GDP idêntico ao que já geraram.
só não o farão se a capacidade produtiva se tivesse reduzido - fábricas desmanteladas, espaço comercial dedicado a outra coisa qualquer etc.
destruição física mesmo. do tipo de uma catástrofe natural.
não aconteceu. a capacidade produtiva está aí.
a mão de obra está aí. se existe capacidade produtiva, então existe capacidade de empregar a mão de obra.
aqui só se poderia considerar uma quebra, se a quantidade de pessoas disponíveis para trabalhar se tivesse reduzido. o que até pode ter acontecido devido à emigração.
mas é a única razão para não podermos atingir o mesmo output económico que já tivemos.
a procura interna, se em pleno emprego, equivaleria à que já existiu.
a diferença é a dívida que poderá reduzir a procura. em pleno emprego é difícil que isso aconteça. e é mais uma razão para termos moeda própria. poder estimular a procura.
o output alcançado antes, como uma marca de água, pode ser alcançado outra vez. não depende da dívida.
depende de utilizar a capacidade produtiva e a mão de obra de forma maximizada.
isso é uma falácia muito utilizada, mas já desmontada há muito tempo. por vários economistas.
L
Vamos pegar num exemplo muito concreto e real.
De 2000 até 2006/2007 houve um boom enorme de compras de apartamentos, moradias, etc. Foi pelo menos o que eu vi ao meu redor.
E os preços escalaram de acordo com isso. Na minha zona a especulação era visível.
Como os preços eram altos, os créditos adaptaram-se para cativar os clientes. Créditos à 30 ou mais anos.
As pessoas que optaram por essa aquisição, e dados os preços envolvidos, fizeram a compra de uma vida. Optaram por consumir naquele momento algo de grande valor em detrimento de outros consumos nos anos seguintes.
E sabendo nós que várias pessoas fizeram simultaneamente a mesma opção, não me parece absurdo pensar que há inúmeros núcleos familiares que não poderão fazer uma compra do mesmo tipo nos próximos anos.
As empresas de construção para responderem a esse pico, compraram betoneiras, camiões, carrinhas, pás, picaretas, níveis, berbequins.
De que adianta eles terem esses instrumentos todos, se não há a mínima hipótese nos próximos tempos de haver um pico como o de 2000-2006?
E como sabemos a construção arrasta muita coisa. São arquitetos, decoradores, venda de tapetes, electrodomésticos, móveis. Quem trabalha nesses ramos associados também se equipou para responder ao pico. E quem trabalha nesses ramos compra Lcds, compra carros, gasta no cabeleireiro. E toda essa gente se equipou para responder ao pico.
Mas como o pico esteve intimamente ligado ao crédito auto, crédito pessoal, crédito à habitação e as pessoas atingiram o seu limite de crédito (optaram por consumir num determinado momento em detrimento de outro), não havia forma (do meu ponto de vista) de evitar a queda ocorrida no PIB. Era inevitável.
E tudo isto não aconteceu por acaso, sem que se desse por ela. Houve conivência política. Para que iriam andar a tentar abrandar o momento favorável?
E sempre fixe ficar no CV dum político ou presidente dum BC que durante o seu mandato as coisas bombaram.
O problema é o que vêm a seguir. É o tal "quem vier à seguir que feche a porta".