As visão do Vitor Cunha no Blasfémias sobre a decisão do Cavaco (as duas primeiras não são descabidas)
O Presidente da República tem em mãos uma moção de censura ao programa governativo, moção esta que derruba o governo. Tem várias opções que deve usar pela ordem apresentada, passando ao número seguinte após verificação de impossibilidade do número que o antecede.
1. Após consideração dos acordos que PS firmou com PCP, PEV e BE, exigir estabilidade através da inclusão dos 4 partidos no governo.
2. Exigência de acordo de incidência parlamentar entre PCP e BE, PCP e PEV e PEV e BE (recordem que o muro caiu, etc) ou substituição dos 3 acordos por acordo único assinado pelos 4 partidos.
3. Empossar governo minoritário de António Costa, realçando a impossibilidade de manutenção de relações institucionais com quem não respeita instituições e demitir-se da presidência por incompatibilidade do regime semi-presidencial com a maioria parlamentar abençoada nas ruas pela CGTP.
Nenhum desses três cenários vai suceder. Ou melhor, se o PR decidir seguir esses passos, os dois primeiros vão falhar, e no terceiro ele não se demite. Just my two cents.
Eu continuo a apostar no empossamento do Costa.
Quanto aos acordos, junto-me às criticas. 3 acordos em vez e 1 são uma vergonha, e não estarem todos na mesma sala outra vergonha.
Critico ainda o acordo como PCP, onde o "estável e duradouro" não se vislumbra (condições determinantes, segundo o Costa, para deitar abaixo o governo da coligação).
Não quer dizer que a governação não possa vir a ser estável e duradoura, mas neste momento não existem essas condições e não existem garantias nenhumas de que isso se venha a passar. O Costa pode ter jogado "politicamente" bem, e ter alcançado objectivos históricos, mas deixou a honra e a palavra pelo caminho. Nada que me surpreenda particularmente---parece-me infelizmente que a mentira é uma "normalidade institucionalizada" na política, mas é algo que me afasta por demais dos partidos e das pessoas que os compõem...