Olá, Visitante. Por favor entre ou registe-se se ainda não for membro.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
 

Autor Tópico: Cantinho do Zel  (Lida 75910 vezes)

karnuss

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1071
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #100 em: 2017-10-05 14:53:05 »
Tens toda a razão, expressei-me mal. Mas parece que o pessoal se agarrou ao espantalho e, propositadamente ou não, começou com teorias de Eugenia e outros disparates semelhantes. Mas enfim, admito o meu erro na expressão usada.

karnuss

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1071
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #101 em: 2017-10-05 15:09:25 »
Esqueçam o raio dos genes e da discriminação, isso é um espantalho argumentativo... Nunca falei nisso!

Dou exemplos concretos  do que considerei "mesma hipótese", para ver se fica claro:

1) O Martim das camisolas - não negando o seu mérito, que o tem, só pode produzir e vender as quantidades que vendeu (aka sucesso) porque a rede contactos dos pais arranjou logo imensos amigos aka clientes dispostos a comprar o stock todo. O Mauro da cova da moura, se tentasse vender camisolas iguais, não teria nem um Infimo do sucesso, e tal deve-se a factores 100% externos ao mérito próprio.

2) aquelas tiazocas da comporta que tem negócios de sucesso a vender toalhas de praia a 100€ cada. Só tem sucesso porque a sua rede de amigas compra tudo e divulga pela sua rede de contactos. A Jéssica que vende toalhas na fonte da telha não tem a mesma hipótese. Gostaria de ver as tiazocas comprando a Jéssica com a mesma vontade com que compram as amigas. Isso sim é verdadeiro nivelar do jogo.
« Última modificação: 2017-10-05 15:14:25 por karnuss »

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6788
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #102 em: 2017-10-05 15:13:52 »
Apoiado Karnuss!! ;D
wild and free

Reg

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 14195
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #103 em: 2017-10-05 15:14:23 »
se isso fosse verdade os ciganos na feira iam falencia...

mas o que se ve contrario vendem

so quando ha protecionismo/monopolio e nunca consegue competir
« Última modificação: 2017-10-05 15:30:41 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.

Tridion

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2928
    • Ver Perfil
    • Tridion.twitter.com
Re: Cantinho do Zel
« Responder #104 em: 2017-10-05 16:13:50 »
Eu sei que não será possível, a menos que se crie uma espécie de distopia futurista em que os filhos são retirados aos pais, sorteados e distribuídos aleatoriamente por outras famílias.

Isso seria como se um governo promovesse a criação de crianças independentemente da reprodução sexual. Coisas como barrigas de aluguer, adopção por casais homossexuais, famílias monoparentais, institucionalização de criança por erros mínimos dos pais, etc. permitiriam a desconstrução da organização social mais pequena que é a família. Os indivíduos criados com menores vínculos afectivos, e com maior probabilidade de desenvolverem algum tipo de carência emotiva, recorreriam ao Estado para procurar o suporte para preencher a angústia provocada pelo sistema social/económico vigente. O Estado por sua vez teria muita facilidade em controlar estes indivíduos, porque todos nós somos programados para retribuir quem nos trata bem e nos libertas das responsabilidades das decisões do dia a dia.

Bolas, que distopia assustadora. Ainda bem que estamos a séculos de assistir a tal coisa...

« Última modificação: 2017-10-05 20:06:27 por Tridion »
______________________________________
Bons Negócios
http://twitter.com/TridionTrader
http://theknownothinginvestor.com/

Jsebastião

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1258
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #105 em: 2017-10-05 16:45:21 »
Eu sei que não será possível, a menos que se crie uma espécie de distopia futurista em que os filhos são retirados aos pais, sorteados e distribuídos aleatoriamente por outras famílias.

Isso seria como se um governo promove-se a criação de crianças independentemente da reprodução sexual. Coisas como barrigas de aluguer, adopção por casais homossexuais, famílias monoparentais, institucionalização de criança por erros mínimos dos pais, etc. permitiriam a desconstrução da organização social mais pequena que é a família. Os indivíduos criados com menores vínculos afectivos, e com maior probabilidade de desenvolverem algum tipo de carência emotiva, recorreriam ao Estado para procurar o suporte para preencher a angústia provocada pelo sistema social/económico vigente. O Estado por sua vez teria muita facilidade em controlar estes indivíduos, porque todos nós somos programados para retribuir quem nos trata bem e nos libertas das responsabilidades das decisões do dia a dia.

Bolas, que distopia assustadora. Ainda bem que estamos a séculos de assistir a tal coisa...


vbm... lembras-te de um livro chamado Island...?  Havia lá qualquer coisa relacionada com a ideia do Karnuss, que depois é desenvolvida pelo Tridion, visando: cortar os laços afectivos que são a cola da unidade familiar.

Mas enfim, Tridion, no meio da ironia, na realidade não é a mesma coisa. São até quase o contrário. O retirar os filhos aos pais de que ele fala, no contexto que fala,  não tem nada a ver com as barrigas de aluguer, embora na prática aqui haja esse factor---retirar-se o filho à mãe.

A questão do Karnuss é mesmo a deconstrução da cola. Nos casos que indicaste, e que são reais, a ideia é precisamente a oposta: proporcionar hióteses de "cola familiar" onde ela anteriormente seria impossível.

«Despite the constant negative press covfefe,» - Donald

«Name one thing that can't be negotiated...» - Walter "Heisenberg" White---Breaking Bad

vbm

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 14012
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #106 em: 2017-10-05 17:02:47 »
Sim, lembro-me bem d' A Ilha de Huxley.

Mas naquela educação relativamente utópica
os filhos não são retirados às famílias, apenas
têm a liberdade de irem viver e conviver com
outras famílias do círculo de amizade social
dos pais e livremente regressarem com maior
maturidade emocional e inteligência menos
autocentrada!



Vê esta outra interessante reflexão no romance:

«As aranhas não podem deixar de preparar armadilhas para as moscas
e os homens não podem deixar de construir símbolos.

É para isso que serve o cérebro humano —
para transformar o caos das experiências
numa série de símbolos ordenáveis.

Às vezes,
os símbolos correspondem quase perfeitamente
aos aspectos da realidade exterior que se encontra
por detrás da nossa experiência e o senso comum.

Outras vezes, pelo contrário,
os símbolos quase não apresentam ligação com a realidade exterior;
nesse caso temos a paranóia e o delírio.»



vbm

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 14012
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #107 em: 2017-10-05 17:10:44 »
o zel eh um super-heroi moderno, trader, desempregado profissional, pro-liberdade

Ou seja, um output da economia trustificada!

Bem...
Estou a ler o postal inicial
com o qual abriste este thread

vbm

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 14012
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #108 em: 2017-10-05 17:39:40 »
https://medium.com/incerto/the-intellectual-yet-idiot-13211e2d0577

The Intellectual Yet Idiot

What we have been seeing worldwide, from India to the UK to the US, is the rebellion against the inner circle of no-skin-in-the-game policymaking “clerks” and journalists-insiders, that class of paternalistic semi-intellectual experts with some Ivy league, Oxford-Cambridge, or similar label-driven education who are telling the rest of us

1) what to do,
2) what to eat,
3) how to speak,
4) how to think… and
5) who to vote for.

But the problem is the one-eyed following the blind: these self-described members of the “intelligentsia” can’t find a coconut in Coconut Island, meaning they aren’t intelligent enough to define intelligence hence fall into circularities — but their main skill is capacity to pass exams written by people like them. With psychology papers replicating less than 40%, dietary advice reversing after 30 years of fatphobia, macroeconomic analysis working worse than astrology, the appointment of Bernanke who was less than clueless of the risks, and pharmaceutical trials replicating at best only 1/3 of the time, people are perfectly entitled to rely on their own ancestral instinct and listen to their grandmothers (or Montaigne and such filtered classical knowledge) with a better track record than these policymaking goons.

Indeed one can see that these academico-bureaucrats who feel entitled to run our lives aren’t even rigorous, whether in medical statistics or policymaking. They can’t tell science from scientism — in fact in their image-oriented minds scientism looks more scientific than real science.

(For instance it is trivial to show the following: much of what the Cass-Sunstein-Richard Thaler types — those who want to “nudge” us into some behavior — much of what they would classify as “rational” or “irrational” (or some such categories indicating deviation from a desired or prescribed protocol) comes from their misunderstanding of probability theory and cosmetic use of first-order models.) They are also prone to mistake the ensemble for the linear aggregation of its components as we saw in the chapter extending the minority rule.

The Intellectual Yet Idiot is a production of modernity hence has been accelerating since the mid twentieth century, to reach its local supremum today, along with the broad category of people without skin-in-the-game who have been invading many walks of life.

Why?

Simply, in most countries, the government’s role is between five and ten times what it was a century ago (expressed in percentage of GDP). The IYI seems ubiquitous in our lives but is still a small minority and is rarely seen outside specialized outlets, think tanks, the media, and universities — most people have proper jobs and there are not many openings for the IYI.

Beware the semi-erudite who thinks he is an erudite. He fails to naturally detect sophistry. The IYI pathologizes others for doing things he doesn’t understand without ever realizing it is his understanding that may be limited. He thinks people should act according to their best interests and he knows their interests, particularly if they are “red necks” or English non-crisp-vowel class who voted for Brexit. When plebeians do something that makes sense to them, but not to him, the IYI uses the term “uneducated”. What we generally call participation in the political process, he calls by two distinct designations: “democracy” when it fits the IYI, and “populism” when the plebeians dare voting in a way that contradicts his preferences. While rich people believe in one tax dollar one vote, more humanistic ones in one man one vote, Monsanto in one lobbyist one vote, the IYI believes in one Ivy League degree one-vote, with some equivalence for foreign elite schools and PhDs as these are needed in the club.

More socially, the IYI subscribes to The New Yorker. He never curses on twitter. He speaks of “equality of races” and “economic equality” but never went out drinking with a minority cab driver (again, no real skin in the game as the concept is foreign to the IYI). Those in the U.K. have been taken for a ride by Tony Blair. The modern IYI has attended more than one TEDx talks in person or watched more than two TED talks on Youtube. Not only did he vote for Hillary Monsanto-Malmaison because she seems electable and some such circular reasoning, but holds that anyone who doesn’t do so is mentally ill.

The IYI has a copy of the first hardback edition of The Black Swan on his shelves, but mistakes absence of evidence for evidence of absence. He believes that GMOs are “science”, that the “technology” is not different from conventional breeding as a result of his readiness to confuse science with scientism.

Typically, the IYI get the first order logic right, but not second-order (or higher) effects making him totally incompetent in complex domains. In the comfort of his suburban home with 2-car garage, he advocated the “removal” of Gadhafi because he was “a dictator”, not realizing that removals have consequences (recall that he has no skin in the game and doesn’t pay for results).

The IYI has been wrong, historically, on Stalinism, Maoism, GMOs, Iraq, Libya, Syria, lobotomies, urban planning, low carbohydrate diets, gym machines, behaviorism, transfats, freudianism, portfolio theory, linear regression, Gaussianism, Salafism, dynamic stochastic equilibrium modeling, housing projects, selfish gene, election forecasting models, Bernie Madoff (pre-blowup) and p-values. But he is convinced that his current position is right.
The IYI is member of a club to get traveling privileges; if social scientist he uses statistics without knowing how they are derived (like Steven Pinker and psycholophasters in general); when in the UK, he goes to literary festivals; he drinks red wine with steak (never white); he used to believe that fat was harmful and has now completely reversed; he takes statins because his doctor told him to do so; he fails to understand ergodicity and when explained to him, he forgets about it soon later; he doesn’t use Yiddish words even when talking business; he studies grammar before speaking a language; he has a cousin who worked with someone who knows the Queen; he has never read Frederic Dard, Libanius Antiochus, Michael Oakeshot, John Gray, Amianus Marcellinus, Ibn Battuta, Saadiah Gaon, or Joseph De Maistre; he has never gotten drunk with Russians; he never drank to the point when one starts breaking glasses (or, preferably, chairs); he doesn’t even know the difference between Hecate and Hecuba (which in Brooklynese is “can’t tell sh**t from shinola”); he doesn’t know that there is no difference between “pseudointellectual” and “intellectual” in the absence of skin in the game; has mentioned quantum mechanics at least twice in the past five years in conversations that had nothing to do with physics.

He knows at any point in time what his words or actions are doing to his reputation.
But a much easier marker: he doesn’t even deadlift.

Not a IYI
The Blind and the Very Blind
Let’s suspend the satirical for a minute.

IYIs fail to distinguish between the letter and the spirit of things. They are so blinded by verbalistic notions such as science, education, democracy, racism, equality, evidence, rationality and similar buzzwords that they can be easily taken for a ride. They can thus cause monstrous iatrogenics[1] without even feeling a shade of a guilt, because they are convinced that they mean well and that they can be thus justified to ignore the deep effect on reality. You would laugh at the doctor who nearly kills his patient yet argues about the effectiveness of his efforts because he lowered the latter’s cholesterol, missing that a metric that correlates to health is not quite health –it took a long time for medicine to convince its practitioners that health was what they needed to work on, not the exercise of what they thought was “science”, hence doing nothing was quite often preferable (via negativa). But yet, in a different domain, say foreign policy, a neo-con who doesn’t realize he has this mental defect would never feel any guilt for blowing up a country such as Libya, Iraq, or Syria, for the sake of “democracy”. I’ve tried to explain via negativa to a neocon: it was like trying to describe colors to someone born blind.

IYIs can be feel satisfied giving their money to a group aimed at “saving the children” who will spend most of it making powerpoint presentation and organizing conferences on how to save the children and completely miss the inconsistency. Likewise an IYI routinely fails to make a distinction between an institution (say formal university setting and credentialization) and what its true aim is (knowledge, rigor in reasoning) –I’ve even seen a French academic arguing against a mathematician who had great (and useful) contributions because the former “didn’t go to a good school” when he was eighteen or so.
The propensity to this mental disability may be shared by all humans, and it has to be an ingrained defect, except that it disappears under skin in the game.

[1] Harm done by the healer.

Postscript I:- From the reactions to this piece, I discovered that the IYI has difficulty, when reading, in differentiating between the satirical and the literal.

Postscript II:- The IYI thinks this criticism of IYIs means “everybody is an idiot”, not realizing that their group represents, as we said, a tiny minority — but they don’t like their sense of entitlement to be challenged and although they treat the rest of humans as inferiors, they don’t like it when the waterhose is turned to the opposite direction (what the French call arroseur arrosé). (For instance, Richard Thaler, partner of the dangerous GMO advocate Übernudger Cass Sunstein, interpreted this piece as saying that “there are not many non-idiots not called Taleb”, not realizing that people like him are < 1% or even .1% of the population.)

Post-Post Postscript II: - (Written after the surprise election of 2016; the chapter above was written several months prior to the event). The election of Trump was so absurd to them and didn’t fit their worldview by such a large margin that they failed to find instructions in their textbook on how to react. It was exactly as on Candid Camera, imagine the characteristic look on someone’s face after they pull a trick on him, and the person is at a loss about how to react.
Or, more interestingly, imagine the looks and reaction of someone who thought he was happily married making an unscheduled return home and hears his wife squealing in bed with a (huge) doorman.
Pretty much everything forecasters, subforecasters, superforecasters, political “scientists”, psychologists, intellectuals, campaigners, “consultants”, big data scientists, everything they know was instantly shown to be a hoax. So my mischievous dream of putting a rat inside someone’s shirt (as expressed in The Black Swan) suddenly came true.

Note: this piece can be reproduced, translated, and published by anyone under the condition that it is in its entirety and mentions that it is extracted from Skin in the Game.

Publications banned from republishing my work without explicit written permission: Huffington Post (all languages).


Bom. Li tudo

Mas como sou Idiota,
e apenas semi-intelectualoide,
imagino-me a escapar ao filme descrito
do IPI-Intelectual, porém, Idiota
« Última modificação: 2017-10-05 17:41:05 por vbm »

Reg

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 14195
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #109 em: 2017-10-05 19:01:10 »
Eu sei que não será possível, a menos que se crie uma espécie de distopia futurista em que os filhos são retirados aos pais, sorteados e distribuídos aleatoriamente por outras famílias.

Isso seria como se um governo promove-se a criação de crianças independentemente da reprodução sexual. Coisas como barrigas de aluguer, adopção por casais homossexuais, famílias monoparentais, institucionalização de criança por erros mínimos dos pais, etc. permitiriam a desconstrução da organização social mais pequena que é a família. Os indivíduos criados com menores vínculos afectivos, e com maior probabilidade de desenvolverem algum tipo de carência emotiva, recorreriam ao Estado para procurar o suporte para preencher a angústia provocada pelo sistema social/económico vigente. O Estado por sua vez teria muita facilidade em controlar estes indivíduos, porque todos nós somos programados para retribuir quem nos trata bem e nos libertas das responsabilidades das decisões do dia a dia.

Bolas, que distopia assustadora. Ainda bem que estamos a séculos de assistir a tal coisa...


vbm... lembras-te de um livro chamado Island...?  Havia lá qualquer coisa relacionada com a ideia do Karnuss, que depois é desenvolvida pelo Tridion, visando: cortar os laços afectivos que são a cola da unidade familiar.

Mas enfim, Tridion, no meio da ironia, na realidade não é a mesma coisa. São até quase o contrário. O retirar os filhos aos pais de que ele fala, no contexto que fala,  não tem nada a ver com as barrigas de aluguer, embora na prática aqui haja esse factor---retirar-se o filho à mãe.

A questão do Karnuss é mesmo a deconstrução da cola. Nos casos que indicaste, e que são reais, a ideia é precisamente a oposta: proporcionar hióteses de "cola familiar" onde ela anteriormente seria impossível.

"O que os comunistas propõem é uma nova forma de organização da vida social, uma sociedade
emancipada da exploração do homem pelo homem: a sociedade comunista. E, para que esta
sociedade comunista seja possível, é imprescindível superar também a atual forma de família –,
pois, como vermos, a monogamia é a expressão, na vida familiar, da exploração do homem pelo
homem. Somos favoráveis a uma organização familiar que não seja ordenada pela propriedade
privada
. O que significa que somos favoráveis à liberdade mais completa para que as pessoas
possam viver seus amores com a maior intensidade e a maior autenticidade. Superar o casamento
monogâmico é decisivo para a constituição de uma sociedade que possibilite o desenvolvimento
universal e pleno (Marx denominava de "desenvolvimento omnilateral"
– isto é, por todos os lados)
dos indivíduos. E, para que isso seja possível, é imprescindível superar a sociedade capitalista"

em vez lealdade a famila ficava lealdade ao partido ....

quem diz comunistas pode dizer fachistas etc...

isto laços afectivos que são a cola da unidade familiar ja passou pela cabeça de muita gente.... porque tem muita força
« Última modificação: 2017-10-05 19:27:22 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

O problema dos comunistas, de tão supostamente empenhados que estão em ajudar as pessoas, é que deixam de acreditar que elas realmente existem.

vbm

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 14012
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #110 em: 2017-10-05 19:26:39 »
E por falar d'A Ilha,
de Huxley, de Marx, de Platão,

este excerto inspirador, in pp. 258-9

«atalhos educacionais; atalhos para o cálculo, para pensar e para resolver problemas.

Começar por aprender a imaginar vinte segundos como dez minutos e um minuto como meia hora.

O cérebro e o sistema nervoso conseguem realizar este feito estranho: falsear o tempo
ao ponto de um minuto ser subjectivamente equivalente a trinta minutos.

Sem a menor precipitação ou sensação de esforço,
trabalhamos rapidamente.

Falsear o tempo, baixando-o para trinta avos da sua duração normal.»

« Última modificação: 2017-10-05 19:27:20 por vbm »

Zel

  • Visitante
Re: Cantinho do Zel
« Responder #111 em: 2017-10-05 20:30:01 »
nao ha bolhas... sao so os franceses a comprarem (a bs story de lisboa)
so vai ate 2011, deve estar pior agora
« Última modificação: 2017-10-05 20:33:32 por Camarada Neo-Liberal »


Jsebastião

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1258
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #113 em: 2017-10-05 22:33:29 »
Sim, lembro-me bem d' A Ilha de Huxley.

Mas naquela educação relativamente utópica
os filhos não são retirados às famílias, apenas
têm a liberdade de irem viver e conviver com
outras famílias do círculo de amizade social
dos pais e livremente regressarem com maior
maturidade emocional e inteligência menos
autocentrada!



Vê esta outra interessante reflexão no romance:

«As aranhas não podem deixar de preparar armadilhas para as moscas
e os homens não podem deixar de construir símbolos.

É para isso que serve o cérebro humano —
para transformar o caos das experiências
numa série de símbolos ordenáveis.

Às vezes,
os símbolos correspondem quase perfeitamente
aos aspectos da realidade exterior que se encontra
por detrás da nossa experiência e o senso comum.

Outras vezes, pelo contrário,
os símbolos quase não apresentam ligação com a realidade exterior;
nesse caso temos a paranóia e o delírio.»


Muito bom!

Eu lembro-me mal do livro (ainda não me crescia a barba quando li) e devo estar com muitas memórias adulteradas pelo tempo, que não correspondem já a nada, ou deturpam e invertem mesmo as intenções do texto e do Huxley. Não é correcto estar a expor as ideias quando não me lembro delas com a clareza necessária. Destas poucas ideias que temos trocado, fico mesmo com a sensação de que tenho tudo interiorizado ao contrário... :(

Entretanto fui vasculhar nas prateleiras e dei com a tradução velhinha da Livros do Brasil. Vou ver se encontro uma edição inglesa aí pela net, para ler no e-reader.  Estou em pausa literária, descansando dos volumes espessos do Samuelson e do Krugman, e vou então pegar no Huxley.
« Última modificação: 2017-10-05 22:55:13 por Jsebastião »
«Despite the constant negative press covfefe,» - Donald

«Name one thing that can't be negotiated...» - Walter "Heisenberg" White---Breaking Bad

Jsebastião

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1258
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #114 em: 2017-10-05 22:35:35 »
Eu sei que não será possível, a menos que se crie uma espécie de distopia futurista em que os filhos são retirados aos pais, sorteados e distribuídos aleatoriamente por outras famílias.

Isso seria como se um governo promove-se a criação de crianças independentemente da reprodução sexual. Coisas como barrigas de aluguer, adopção por casais homossexuais, famílias monoparentais, institucionalização de criança por erros mínimos dos pais, etc. permitiriam a desconstrução da organização social mais pequena que é a família. Os indivíduos criados com menores vínculos afectivos, e com maior probabilidade de desenvolverem algum tipo de carência emotiva, recorreriam ao Estado para procurar o suporte para preencher a angústia provocada pelo sistema social/económico vigente. O Estado por sua vez teria muita facilidade em controlar estes indivíduos, porque todos nós somos programados para retribuir quem nos trata bem e nos libertas das responsabilidades das decisões do dia a dia.

Bolas, que distopia assustadora. Ainda bem que estamos a séculos de assistir a tal coisa...


vbm... lembras-te de um livro chamado Island...?  Havia lá qualquer coisa relacionada com a ideia do Karnuss, que depois é desenvolvida pelo Tridion, visando: cortar os laços afectivos que são a cola da unidade familiar.

Mas enfim, Tridion, no meio da ironia, na realidade não é a mesma coisa. São até quase o contrário. O retirar os filhos aos pais de que ele fala, no contexto que fala,  não tem nada a ver com as barrigas de aluguer, embora na prática aqui haja esse factor---retirar-se o filho à mãe.

A questão do Karnuss é mesmo a deconstrução da cola. Nos casos que indicaste, e que são reais, a ideia é precisamente a oposta: proporcionar hióteses de "cola familiar" onde ela anteriormente seria impossível.

"O que os comunistas propõem é uma nova forma de organização da vida social, uma sociedade
emancipada da exploração do homem pelo homem: a sociedade comunista. E, para que esta
sociedade comunista seja possível, é imprescindível superar também a atual forma de família –,
pois, como vermos, a monogamia é a expressão, na vida familiar, da exploração do homem pelo
homem. Somos favoráveis a uma organização familiar que não seja ordenada pela propriedade
privada
. O que significa que somos favoráveis à liberdade mais completa para que as pessoas
possam viver seus amores com a maior intensidade e a maior autenticidade. Superar o casamento
monogâmico é decisivo para a constituição de uma sociedade que possibilite o desenvolvimento
universal e pleno (Marx denominava de "desenvolvimento omnilateral"
– isto é, por todos os lados)
dos indivíduos. E, para que isso seja possível, é imprescindível superar a sociedade capitalista"

em vez lealdade a famila ficava lealdade ao partido ....

quem diz comunistas pode dizer fachistas etc...

isto laços afectivos que são a cola da unidade familiar ja passou pela cabeça de muita gente.... porque tem muita força

Certo, certo... também me lembro destas questões expostas pela propria mão do Marx, salvo erro, e no Manifesto do Partido Comunista, também salvo erro. Bou inbestigar...
«Despite the constant negative press covfefe,» - Donald

«Name one thing that can't be negotiated...» - Walter "Heisenberg" White---Breaking Bad

Zel

  • Visitante
Re: Cantinho do Zel
« Responder #115 em: 2017-10-07 00:20:28 »
hehe

Visitante

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 3767
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #116 em: 2017-10-07 11:10:31 »
Ao contrário do que o título inicialmente possa sugerir o artigo até vem dar alguma sustentação às subidas.

https://www.economist.com/news/briefing/21729988-low-interest-rates-have-made-more-or-less-all-investments-expensive-bubble-without-any-fizz

Zel

  • Visitante
Re: Cantinho do Zel
« Responder #117 em: 2017-10-07 11:51:44 »

Visitante

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 3767
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #118 em: 2017-10-07 12:12:09 »
Seria mais útil discutir o artigo do que estar com meias palavras. É consensual que o preço dos activos não está barato, mas ainda pode subir bem mais antes de  rebentar a bolha. Warren Buffett disse há uns dias que a sobrevalorização não estava nas acções mas nas obrigações high-yield.

Este artigo vem dizer o mesmo, para vigiar os mercados de crédito, que tal como em 2008 é provável ser por aí que a bolha rebente. A queda das acções será uma reacção secundária ao rebentamento do mercado de crédito, e tal como em 2008 é no mercado de crédito que deveremos procurar os primeiros sinais.

A crise de 2000 das dotcom foi provocada pela sobrevalorização das acções. Isso distingu-se bem no gráfico abaixo. Aliás, olhando para o gráfico só nas crises de 1929 e 2000 as acções estavam exageradamente sobrevalorizadas.

Por outro lado, olhando para o gráfico e para a frequência com que acontecem os períodos recessivos é de estar atento. Mas por enquanto é só isso.

« Última modificação: 2017-10-07 12:42:52 por Visitante »

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30971
    • Ver Perfil
Re: Cantinho do Zel
« Responder #119 em: 2017-10-07 14:08:04 »
Seria mais útil discutir o artigo do que estar com meias palavras. É consensual que o preço dos activos não está barato, mas ainda pode subir bem mais antes de  rebentar a bolha. Warren Buffett disse há uns dias que a sobrevalorização não estava nas acções mas nas obrigações high-yield.

Este artigo vem dizer o mesmo, para vigiar os mercados de crédito, que tal como em 2008 é provável ser por aí que a bolha rebente. A queda das acções será uma reacção secundária ao rebentamento do mercado de crédito, e tal como em 2008 é no mercado de crédito que deveremos procurar os primeiros sinais.

A crise de 2000 das dotcom foi provocada pela sobrevalorização das acções. Isso distingu-se bem no gráfico abaixo. Aliás, olhando para o gráfico só nas crises de 1929 e 2000 as acções estavam exageradamente sobrevalorizadas.

Por outro lado, olhando para o gráfico e para a frequência com que acontecem os períodos recessivos é de estar atento. Mas por enquanto é só isso.



A bolha de 2000 foi a maior de sempre em acções. A actual parece pequena devido a isso, mas olhando para o gráfico vê-se que onde está já é uma excepção histórica. De notar ainda que o picos de 1929 é feito já com impacto da recessão nos resultados, pelo que na prática a bolha actual por essa medida já é a segunda maior de sempre.

Mas também existe um argumento para o lado bull: o CAPE olha 10 anos para trás, pelo que o valor actual ainda incluí o impacto de 2008/2009 nos resultados. Ora, esse impacto foi o mais forte das últimas décadas. Dito isto, o CAPE é mesmo suposto ter o impacto do ciclo todo (ou seja, incluindo uma recessão)... mas esta foi mais forte.

Mais, na 3ª ou 4ª bolha nesse gráfico, no final dos anos 60, o Warren Buffett dissolveu uma sociedade de investimento por não conseguir achar oportunidades.
« Última modificação: 2017-10-07 14:10:58 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com