Então, se percebi bem o raciocinio do Robaz, Portugal é um país com racismo estrutural ("e comparando com outros países da Europa, é um país racista"). Sendo estrutural, significa que há muita gente racista. Está enraizado culturalmente em muita gente.
Nesse caso, temos questionar onde andam esses racistas porque, pela narrativa vigente, o Chega é onde aterra toda essa gente.
Ora, se o Chega só teve 1.5% e, mesmo agora, não passa de 6% (e segundo o Robaz não irão muito além disso), onde votam então massivamente os racistas ? No PSD ? No PS ? Só pode ser aí, uma vez que, pelos vistos, são muitos.
Quer isto dizer que, afinal, o problema não é o Chega.
Ou há racismo estrutural e, nesse caso, o Chega não é o problema que querem fazer crer. Ou então o Chega é mesmo um problema por agregar os racistas, mas isso significa que o resto da população não é racista, logo não há racismo estrutural.
As duas narrativas são, por isso, incompatíveis. Não se pode andar a usar aquela que dá mais jeito a cada momento.
Não me parece incompatível. Quanto aos portugueses, em comparação com outros europeus, serem ou não racistas, remeto para a tua interpretação da imagem que anexo. Obviamente que o Chega não veio criar racismo. Veio foi dar-lhe voz pública e institucional. Quando antes as pessoas se sentiam relativamente envergonhadas em relação ao racismo que sentiam, manifestando-o apenas com amigos, familiares, etc, quase como um segredo, as pessoas não encontravam motivo para acharem aquilo normal na política e nas instituições. Ficava mal ser racista, pelo que as pessoas, publicamente e salvo raras excepções, continham-se. Com as redes sociais, deixou de haver "vergonha na cara", as pessoas falam com um computador e esse condicionamento reduziu-se progressivamente, e foi-se criando efeito de grupo que cresceu e os oportunistas, onde se inclui o Ventura, começaram a dar voz pública a esses nichos. E neste momento, mais que voz pública, o Ventura está a dar-lhes voz institucional.
Portanto, sim, houve e há muitas pessoas racistas a votar em PS, PSD, CDS, PCP, BE, etc. E o Chega tem crescido com a "saída do armário" de muitos destes racistas que finalmente encontram um partido que vai de encontro ao que sentem, tal como com outros que ou votavam PNR ou nem votavam porque "os políticos são todos uma merda".
Basicamente o Chega é um partido que representa as pessoas que acham o que aconteceu com o Marega, mais que normal, saudável. Que acham normal mandar uma deputada negra para a terra dela. Que acham normal intervenções policiais com violência desproporcional, principalmente com minorias raciais e étnicas. Que acham normal estar-se nas tintas para a Constituição e para a decência institucional.
Se isso é bom ou mau para o país, deixo ao critério de cada um.