Qualquer coisa absurda que tivesse visto nos últimos tempos, hoje foi ultrapassada.
Tinha ficado com livros requisitados na biblioteca antes de fecharem. Reabriram na semana passada (portanto já levam uma semana de operação), por isso hoje fui lá devolve-los. É todo um filme de terror.
Balcão com vidros ou acrílicos, tipo guichet. O melhor é que o guichet é baixo, porque elas estão sentadas, mas o utente está de pé. Resultado, aquilo pouco faz porque o vidro dá-nos pelo pescoço (e estando todos de máscara não sei para que é o acrílico, mas pronto).
A devolução costumava ser rápida. Scanavam o código de barras do livro e já estava. Agora não tocam no scaner por questão de segurança (perguntei e foi essa a resposta).
Apesar de usarem luvas, também não tocam nos livros, o que torna a coisa num sketch dos Monty Python. É o utente que pega no livro voltado para elas, com o braço esticado para não se aproximar muito do guichet, e elas tomam nota do código à mão, em papel. Ainda por cima, como alguns livros têm números pequenos, esticam-se todas em direcção ao vidro e não os conseguem ver. Nesses casos tem de ser o utente a ditar o número (o senhor à minha frente também via mal os números, coitado - às tantas foi a segurança que veio, o senhor esticava o braço o máximo possível e a segurança ditava; cena hilariante).
Depois de tomarem nota dos números dos livros, introduzem aquilo, um a um, no sistema (não têm outro remédio senão mexer no teclado, mas no rato é com a ponta dos dedos).
No final do processo o utente pega no material radioativo nos livros e deixa-os num carrinho para os livros irem para quarentena (alguém vai ter de mexer naquilo, presumo que venha de fato protector da cabeça aos pés).
Por palavras é difícil de descrever a cena bizarra, tenho pena de não ter um vídeo. É uma coisa surreal, mesmo.
Aquela malta a trabalhar, já não digo num hospital, mas numa simples caixa de supermercado, tinha um colapso nervoso ao fim de 3 clientes.
A do scanner é brutal. É individual e é a mesma pessoa que ali está durante várias horas a atender. Então não é possível limpar o scanner com gel no início do turno e pedir aos utentes que mostrem os código de barras, já que não querem pegar nos livros ? Não pegar no scanner não lembra ao diabo. Todo o exercício faz lembrar aquela cena ridícula da Graça Freitas a abrir uma garrafa de água.
Que sociedade de anormais que se está a criar. Se os gajos nas finanças e conservatórios tiverem assim tanto nojo de mexer em papéis, ninguém vai conseguir tratar de nada.