Eu concordo que a génese e o desenvolver de uma cultura,
de uma explicação do mundo, modo de viver, habitando-o,
decorre sim de um punhado de princípios germinais
do desenrolar consequente dos acontecimentos
e hábitos, depois narrado na história.
E sim, esse primórdios – e o que
chamas de fé –, élan de querer
e viver, comanda,
molda a acção
e o carácter.
Mas, na verdade, socio lógica mente
articulado há muitas variáveis intermédias
que são os elos da continuidade do passado
para o presente e o futuro perspectivável.
Não é religião nenhuma que faz ver
tais elos de causalidade teleológica.
É a ciência, não apenas física
mas a de todo o saber
de experiência feito.
Para lá dessa inteligência
e vontade de viver há
escassez de recursos
e a conflitualidade
que provoca.
Assim nascem as sociedades
na necessidade de se defenderem
dos ataques que sofram e só possíveis
de manter unidade entre os seus membros
com um mínimo de ordem e justiça
de quem os governe.
No curso de água dos rios surgiram
as mais antigas civilizações humanas
no Tigre e Eufrates na Suméria, Mesopotâmia
e Babilónia, no Nilo, no Indo, no Ganges
e no rio Amarelo da China na Ásia.
Religação nossa com a dos que a nós
se assemelham, comércio ou guerra
com os que connosco contrastam
é uma constante da existência,
assim como o é a versátil
adversidade ou ameno
apoio dos deuses
ou natureza.