Eu assumo que a maioria dos clientes do Caixa Económica e os associados da Associação Mutualista serão das pessoas com menor grau de literacia financeira de entre os "investidores" que confiam as suas poupanças a uma instituição em Portugal.
Para além disso os produtos comercializados pela Associação Mutualista assumem características de planos complementares de reforma. Por isso mesmo, deveriam ter da parte da gestão do banco, dos gestores de clientes, do departamento de compliance, do Banco de Portugal e do Ministério da Solidariedade, do Emprego e Segurança Social (de facto a entidade menos adequada que se possa imaginar, mas é a realidade) uma atenção/responsabilidade especial.
Não quero com isto dizer que os clientes deixam de ter responsabilidade. Antes pelo contrário. Deveriam perguntar como é/está investido o seu dinheiro. E fazer também a pergunta, que é desagradável, mas essencial: que factos ou circunstâncias podem correr mal e o dinheiro pode ser perdido? Em que condições a Associação "garante" o capital? Tem dinheiro para o fazer no caso de as perdas continuarem no banco Montepio?
Nos planos mutualistas comercializados agora indicam que: "75% do seu valor líquido global investido, direta ou indiretamente, em títulos de dívida ou depósitos" e "garantidos pelo Ativo do Montepio Geral - Associação Mutualista". Mas como é isto possível se, dos pouco mais de 4 mil milhões investidos pelos associados, 1.5 mil milhões estão investidos em "ações" do Montepio (dentro em breve serão 1.7 mil milhões) e 400 milhões estão investidos em imobiliário. Ou seja, quase 50% do capital está investido em "ações" e imobiliário, logo apenas os pouco mais de 50% estará investido em "obrigações ou depósitos". Afinal não deveria ser 75%?
É um facto que não menciona em que "depósitos" ou "títulos de dívida" vai investir. Mas não será informação essencial transmitir a todos os subscritores que a quase totalidade dos depósitos e obrigações são de uma única entidade: o banco Montepio.