Parece que o Montepio está bem e recomenda-se já não precisa da ajuda de ninguém.
A entrada do grupo CEFC China Energy na Montepio Seguros, sociedade em que se encontra a Lusitania, está em risco. Segundo o jornal Público, as contas da "holding" que agrega os activos segurados do grupo mutualistas estão a dificultar a negociação. O jornal Eco diz que a prioridade da empresa chinesa é agora a compra da Partex. Notícias publicadas quando não há novidades por parte das autoridades que têm de aprovar a transacção.
A Montepio Seguros integra a Lusitania Seguros (ramo não vida), a Lusitania Vida (ramo vida), a N Seguros e a sociedade gestora de fundos de pensões Futuro. O Público diz que, pese embora as contas não estejam ainda fechadas, a "holding" deverá apresentar prejuízos consolidados em torno de 20 milhões de euros. No ano passado, as contas consolidadas contavam com prejuízos de 7,2 milhões de euros e de 9,2 milhões na análise individual.
As contas consolidadas de 2016 contavam com uma reserva por parte da KPMG, nomeadamente pelo facto de as alterações no sistema informático terem limitado o cálculo do "valor actual de negócios anteriormente adquiridos". No ano passado, a mutualista reforçou as imparidades constituídas para este activo. O valor de balanço na associação era, em 2016, de 256 milhões, com uma imparidade associada de 69 milhões. Estes números são da análise individual, porque a mutualista ainda não apresentou contas consolidadas de 2016.
É uma "cooperação estratégica" aquela que une, desde Setembro, a associação presidida por António Tomás Correia (na foto) e a chinesa CEFC. Quando foi anunciada, havia várias possibilidades de negócio, com o grupo sempre a ressalvar que nenhuma passava pela Caixa Económica Montepio Geral, o principal activo do grupo.
Foi depois em Novembro que veio a confirmação de que o investimento seria na área seguradora. A operação seria realizada na Montepio Seguros (mas sem envolver a Futuro) através de um aumento de capital, e não venda directa de participação, o que iria diluir a posição do grupo português, que ficaria minoritário. A dimensão dos prejuízos no exercício de 2017 não era, de acordo com a publicação, antecipada e poderá alterar o preço que os chineses estavam interessados em investir. O Eco diz que o aumento de capital seria de 150 milhões de euros, num negócio que avaliaria a área seguradora em 95 milhões de euros – o que obrigaria a imparidades adicionais na mutualista.
Troca de seguros pelo petróleo
Neste momento, não há ainda uma decisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) sobre a operação. A 4 de Dezembro, o presidente da ASF, José Almaça (na foto), frisou que a entidade tinha 90 dias para fazer a sua avaliação, mas não era habitual demorar esse tempo (que pode ser travado quando o dossiê não está completo). "Nós nunca demorámos 90 dias se vier tudo em condições", afirmou. No site da Autoridade da Concorrência não consta a notificação desta operação.
O Eco adianta mesmo que a entrada dos chineses da CEFC na Montepio Seguros está suspensa, até porque o grupo estará agora concentrado noutra aquisição em Portugal: a Partex. É este grupo que está a comprar a posição da Fundação Calouste Gulbenkian na participada que agrega os negócios na área do petróleo. A CEFC Energy é um grupo privado com presença no sector petrolífero e também na área financeira.Além da posição do regulador dos seguros, a transacção tinha de passar pelo crivo do conselho geral da mutualista. O Eco diz que a mudança de prioridades do grupo já foi discutida informalmente.
Este não é o único negócio em que o Montepio está envolvido em que não há ainda uma conclusão da transacção anunciada. A alienação de uma participação no capital da Caixa Económica Montepio Geral à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa deveria ter sido concretizada no ano passado, depois até ao final de Janeiro e, neste momento, ainda se aguarda uma decisão.
Segundo a mutualista descreve no plano de acção para o presente ano, "as medidas tomadas em 2017 criaram condições para a abertura do capital dessas entidades [Caixa Económica e Montepio Seguros] a outros investidores e proceder à racionalização das participações para recompor o balanço, mitigar riscos, optimizar recursos e possibilitar a geração de valor". Estão ambas por ocorrer.