Pode viver-se dignamente com pouco dinheiro, desde que não tenha de contar os tostões todos os meses e não fique renegado num patamar mais baixo da escala social. O mal-estar social está na definição de saúde da OMS.
Na minha perspectiva é aqui que reside a grande diferença de opinião entre nós os dois.
Dando primeiro um exemplo absurdo, aposto que todos os jogadores da nossa selecção, que ganham principescamente quando consideramos o ordenado de um cidadão normal, sentem-se uns pobres quando olham para o Ronaldo, os seus carros, o seu avião, as suas casas, os seus patrocínios, etc. Um tipo como o Adrien, que ganha aprox 1.5M por ano mais patrocínios, facilmente acha que é um pé rapado ao pé do CR7.
Transpondo isto para um nível mais normal, porque é que se focas apenas nas pessoas à tua volta ? Essa pessoa que conta os tostões, com tu dizes, é milionária ao pé de um desgraçado em Africa que nem uma palhota tem. Ou de uma pessoa no Bangladesh que nem 1 euro ganha por dia.
A pobreza (ou dignidade, como lhe queiramos chamar) não existe em termos absolutos. É um conceito relativo. É o Adrien vs o CR7, é o africano vs a empregada doméstica europeia.
Eu já disse aqui várias vezes que o conceito oficial de privação, hoje em dia, inclui coisas que nenhum rei alguma vez teve (TV, carro, máquina de lavar, telemóvel, etc.). Ou seja, pobreza é um conceito que, por ser dinâmico, existirá sempre.
Porquê ? Porque há uma indústria da pobreza alimentada e perpetuada por todos os parasitas estudiosos, a quem interessa que o conceito vá sendo actualizado, de forma a terem sempre o seu trabalho académico, social e político assegurado.
Além disso dizer que existe um aumento da pobreza no mundo é uma completa fraude como mostram os números.