No IVA podia reservar-se a bens essenciais mais fáceis de controlar, tipo luz, água canalizada, gás.
Sim, isso já seria controlável. Ainda assim era preferível que os apoios (apoios directos ou perdas de impostos) fossem canalizados de forma directa à manutenção do emprego o mais possível.
No teu caso, por exemplo, em que estás a trabalhar de casa e, em principio, a receber a totalidade do ordenado, não fará sentido darem-te um bonus na poupança na luz ou na água. Não é contra ti Robaz. Estou só a disputar a proposta.
Sim, tens razão, mas não sei se seria fácil fazer isso. E sim, no meu caso, para já, as coisas mantêm-se a rolar relativamente bem porque os trabalhos são de meses, mas já se antecipam problemas de futuro, pois os próprios clientes já começam a adiar entregas, o que significa adiar pagamentos, certamente haverá adiamento de concursos, etc. Também levarei a minha rebocada, certamente. Por exemplo, acho que este foco excessivo no turismo e restauração não está a ser justo para com muitas outras industrias que vão sofrer com isto de forma mais indirecta, e que a comunicação social tem dado a perceber relativamente bem, como as pescas (vendem o seu melhor peixe normalmente a restaurantes ou exportam), os cabeleireiros, esteticistas, e o comércio local que também é obrigado a fechar, os lacticínios (cujo gado é preciso continuar a alimentar e que não conseguem escoar o que produzem), os têxteis que exportam e cujos clientes cancelaram as encomendas, e mesmo que produzam, não vendem, e por aí fora.
No fundo, eu acho que sendo este um problema global, tal como nos EUA oferecem dinheiro às pessoas, impresso pela FED, aqui o BCE devia imprimir euros, transformar em fundos comunitários e simplesmente usar para tapar estes buracos de tesouraria pelos países todos da UE. Basicamente, despejar dinheiro sobre o problema, visto que o valor das moedas é relativo entre si, se em todo o mundo se fizer isto, nenhuma moeda perde credibilidade, e todos sabemos que seria uma estratégia de curto prazo para manter a economia em suspensão enquanto se combate o vírus. Agora, vir a UE dizer que os Estados podem criar défice à bruta, que emprestam o que for preciso, é a mesma armadilha que apanhou o Sócrates em 2009, e vimos bem o resultado que isso deu. Isto, a meu ver, devia ser dinheiro impresso à bruta, numa acção concertada entre FED, BOE, BCE e BOJ, tudo a imprimir dinheiro à bruta para tapar os efeitos destas medidas que falámos acima, sem criar dívida. Eu sei que é radical, que pode ser injusto para quem tem pés de meia poupados para estas ocasiões, etc, mas estamos em tempos radicais. E prefiro que sejam injustos, mas mantenham isto vivo, do que ser justos e correctos, mas isto ir tudo ao charco por problemas de tesouraria. Se não forem a este limite de "oferecer dinheiro", ao menos que a UE crie as Euro Bonds, sempre cria menos riscos aos países que ainda têm uma dívida bastante alta, como o nosso. E sempre dava um sinal de que a UE ainda faz algum sentido.