Esclarecimento e correcção sobre os ganhos da banca "à tripa forra": — O Incognitus tem razão na sua objecção; os bancos já andam a registar prejuízos há dois anos; "à tripa forra", registavam os lucros (nominais) antes da crise; presentemente, estão super-condicionados porque têm de provisionar inúmeras dívidas incobráveis e imparidades; é o que os preocupa na aproximação da União Bancária, pois terão de cessar actividade se não tiverem um mínimo de solvabilidade.
O que me deixa mais perplexo na crítica néscia, e plebeia, à pretensa ganância dos bancos, é o vulgo não perceber e não distinguir que a actidade bancária é a da própria dinâmica da economia, do trabalho, das famílias, da produção e transacção dos bens. É tão vesga a opinião míope do 'povoleu' que cobardemente, a meu sentir, só se rebelam contra os "bancos", coisa abstracta, mas contra os banqueiros, contra a distribuição (pretérita) de lucros e bónus dos bancos aos seus accionistas e gestores, "não abrem a boca", nem estranham que "um Ronaldo ou um Mourinho" ganhem milhões e milhões, é "mérito" deles, dizem, assunto privado, merece "respeito"; sem verem que a imoralidade está na desigualdade gritante do rendimento dos particulares, sejam banqueiros, gestores, accionistas, jogadores de futebol, vigaristas ou correctores de armas, droga, ou favores em negócios de capital.
A banca em si, o crédito bancário, o dinheiro, a propriedade de recursos sem desigualdade de classes — salvo as derivadas do mérito, competência e valor moral, nos limites de uma saudável coesão social —, são o próprio sangue e energia da população que trabalha e requer estar integrada numa sociedade justa.